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Cotações mantêm-se em época de habituais descidas

Na segunda metade de Setembro voltou a não haver qualquer alteração na cotação dos porcos definida pela Bolsa do Porco, tendo ficado em 2,367€/kg carcaça.

30 de Setembro de 2022

Na segunda metade de Setembro voltou a não haver qualquer alteração na cotação dos porcos definida pela Bolsa do Porco, tendo ficado em 2,367€/kg carcaça. Portanto, a cotação manteve-se inalterada durante todo o mês. A oferta é de porcos para abate, apesar de ter crescido, é reduzida. Os pesos aumentaram, mas continuam mais baixos do que nos meses de Setembro dos anos anteriores. A amenização das temperaturas permite crescimentos melhores aos porcos, mas mesmo assim, a oferta enquadra-se bem na procura, não havendo qualquer pressão de baixa sobre a cotação.

Uma das questões que se coloca no mercado do porco nacional é a dificuldade que os matadouros têm em conseguir transferir, para o preço de venda da carne, os elevados preços a que os porcos estão a ser vendidos. Este é um problema não apenas de Portugal, mas da indústria europeia da carne de porco.

A oferta de porcos na Europa também é inferior ao normal principalmente devido às grandes reduções de efectivo reprodutor e efectivo total que vêm acontecendo um pouco por todos os países, tal como referi no meu comentário anterior. Os dados referentes a Maio-Junho deste ano, fornecidos pelo MPB francês, e referentes a 12 países europeus indicam que há menos 4,6 milhões de cabeças de suínos em relação ao mesmo período de 2021, sendo que deste total, 334 mil são porcas reprodutoras. Destes números não fazem parte os números da Polónia e do Reino Unido (em relação ao Reino Unido foi publicada uma notícia no Última Hora da 3tres3 que indica a redução de efectivo deste país). Considerando a Alemanha, a Dinamarca, os Países Baixos, a Bélgica e a Áutria, a redução média de efectivo é da ordem dos 7%. Em França o efectivo reduziu-se 2,5% (efectivo total e reprodutor). Somente a Espanha aumentou o seu efectivo reprodutor em 0,4% e total em 0,5%. Insuficiente, portanto, para colmatar tão grandes descidas nos restantes países Europeus. Portugal só faz a entrega das declarações de existências em Agosto e, portanto, só lá mais para final do ano é que saberemos os dados relativos à evolução do efectivo nacional.

Esta redução de efectivo, e consequente redução da oferta de porcos para abate e de carne a colocar no marcado, permitiu que os preços de mantivessem elevados e que se pudesse escoar, sem qualquer tipo de problemas, a carne que entrou na stockagem privada na Primavera e que teve apoio financeiro da U.E.

Sabendo que haveria menos porcos para abate, houve produtores de diversos países do Norte que retiveram porcos à espera que as cotações subissem, mas tal não aconteceu pelos motivos referidos acima – há grande dificuldade da indústria em conseguir subir os preços da carne, apesar de procurarem porcos para abate e de estes não existirem em quantidades suficientes para as necessidades dos matadouros – e agora estão a meter esses porcos nos matadouros o que causa alguma entropia. Em condições “normais” de mercado, quando há maior procura do que oferta, os preços têm tendência a subir, mas nós não estamos em condições “normais” de mercado e por vezes há estas excepções.

Em todo o caso, é natural que comece a haver algumas descidas no preço dos porcos em toda a Europa com a entrada no mês de Outubro. Veremos se acontecem e qual a sua dimensão pois a produção não conseguirá suportar grandes descidas nos seus preços de venda.

Também como referi no meu anterior comentário, a China tem procurado a possibilidade de fazer mais compras de carne de porco na Europa, mas quer comprar a preços mais “competitivos” e, por isso, apesar de haver sinais de procura de carne, não há concretização de negócios, o que deixa alguma incerteza no mercado europeu. Por outro lado, e na tentativa de conter os preços internos da carne de porco, o Governo chinês colocou no mercado, em Setembro cerca de 200 mil toneladas de carne do reserva governamental e indica que segue de perto a situação, pois dispõe de grande quantidade de carne que continuará a meter no mercado, caso seja necessário para conter preços e permitir que os chineses possam comprar carne de porco para o seu consumo habitual.

No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação manteve-se em 1,722€/kg PV (2,296€/kg carcaça). Segundo os dados da Mercolérida, os porcos tiveram um aumento de peso significativo (+900g em carcaça), mas mesmo assim continuam 2kg abaixo do peso de há 1 ano. A oferta vai aumentando, mas o mercado continua com condições para conseguir abater esse maior número de porcos que aparecem para serem abatidos. Em Setembro continua o tempo quente, pelo que a oferta de porcos para abate poderá ir aumentando, mas não significativamente. Espera-se que esse aumento mais significativo, quer em Espanha quer no resto da Europa, possa ocorrer dentro de 4 a 5 semanas. Nessa altura veremos se há muitos porcos ou não. Até lá espera-se que o mercado europeu se possa manter relativamente estável e sem grandes oscilações nas cotações.

Na Alemanha, a cotação manteve-se na segunda quinzena de Setembro em 2,10€/kg. O peso voltou a subir 100g para os 96,8kg carcaça nesta quinzena. A carne de porco está a ser comercializada com fluidez já que tem havido aumento da procura por parte dos consumidores.

Nos Países Baixos a cotação subiu 0,01€/kg carcaça para 2,07€/kg carcaça nesta quinzena. O porco está num preço muito elevado, mas os matadouros queixam-se que a carne não consegue estar ao nível dos porcos. Como os matadouros alemães estão a necessitar comprar porcos na Holanda para satisfazer as suas necessidades, enquanto os germânicos não desceram o preço de compra, a cotação dos porcos nos Países Baixos não descerá. Mas se os alemães derem indicação de descida da cotação dos porcos, os neerlandeses virão rapidamente atrás.

Na Bélgica a cotação baixou 0,02€/kg PV para 1,47€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,67€/kg carcaça nesta primeira metade de Setembro. O mercado da carne está muito tranquilo e há grande equilíbrio entre a oferta e a procura, quer de porcos quer de carne de porco, o que dificulta uma subida dos preços a curto prazo. Há procura de produto fresco e com a saída de produto congelado no verão, a grande incógnita é se houve “saída a mais” de congelados que venham a dar um impulso positivo ao produto fresco dentro de algumas semanas e que isso favoreça o preço. Há que esperar para ver.

Em França, a cotação subiu 0,017€/kg carcaça para 2,053€/kg. Os pesos subiram 100g para 94,1kg em duas semanas, e são mais baixos 700g do que na mesma semana do ano passado. O mercado francês continua no seu ritmo de subida de algumas milésimas de euro a cada sessão da bolsa. Actualmente, e com a bonificações de pagamento aos porcos abatidos existentes no mercado francês, a sua cotação é a mais elevada da Europa (dados do IFIP). Esta firmeza no preço é justificada pela fraca oferta de porcos e pela necessidade, actual e futura, de porcos para abate dos matadouros franceses. Apesar desta situação favorável para o lado dos produtores de suínos franceses, e pelas mesmas razões já indicadas acima, há grande dificuldade em vender a carne mais cara e isso impede que a subida da cotação dos porcos seja mais forte.

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