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Depois de muito andar, continuamos no ponto de partida

A Primavera continua a impor-se nos mercados ou, pelo menos, aparentemente..

A Primavera continua a impor-se nos mercados ou, pelo menos, aparentemente. No dia a dia tudo parece mudar e estar em constante movimento mas, se olharmos para o mercado numa certa perspectiva, estes movimentos são bem pequenos, ou pelo menos não são tão radicais, já que os preços continuam a estar em níveis similares. Desde o artigo do mês passado o milho subiu entre 20 e 25 €/ton, aproximadamente, mas esta subida viu-se compensada por um aumento de oferta de cebada no porto a níveis de 215-212 €/ton, também houve maior oferta de sorgo com preços a rondar o 225-230 €/ton, resumindo: o comido pelo servido, ou dito de outro modo, compensamos os preços em geral. O que se deve destacar é a escassa ou quase nula oferta de origem nacional.

O mercado em geral parece mais preocupado pela nova colheita que pelas últimas quantidades desta. Se não há um milagre entraremos na colheita a preços não baratos e, dada a pouca cobertura que há (uma fome imensa por parte do comprador), não parece haver remádio aparente até Agosto/Setembro, período a partir do qual se pode importar mercadoria de outros países tradicionalmente mais barata. Isso sim, a cada semana aparecem rumores sobre a abertura de exportações por parte da Rússia e Ucrânia, o que poderia mudar as expectativas.

No seu último relatório (de 20 de Abril) o Conselho Internacional de Cereais (IGC nas suas siglas em inglês) mostrou-se optimista, e prevê que a produção de cereais a nível mundial aumente 4,5% no que se refere à campanha 2011-2012, chegando assim a uns 1.808 milhões de toneladas de cereais. Além disso, prevê uma melhoria substancial de colheitas na Europa de Leste, basicamente Rússia e Ucrânia, e uma melhor colheitaa também para a Comunidade Europeia. Veremos, como diz o cego. O que é cierto é que, relativamente à campanha anterior, só pode melhorar; pior não pode ser, ou isso espero eu.

Para compensar estas boas previsões também aumenta o consumo em 1,5 % até atingir os 1.818 milhões de toneladas, o que leva a baixar, um ano mais os stocks finais de campanha, caldo de cultura para os especuladores. Segundo o IGC este aumento de consumo debe-se sobretudo ao aumento imparável de produção de etanol, sobretudo nos Estados Unidos. O preço actual do petróleo tampouco parece favorecer o aumento da produção de etanol, assim que teremos que estar muito atentos.

Independentemente destas previsões, o único que é certo é que a partir de Agosto/Setembro haverá uma boa oferta de cereal, sobretudo na Europa. Estes indícios fazem-nos pensar que se possa repetir a história da colheita 2008/2009, ano em que houve descidas importantíssimas de preços a partir de Setembro. Em geral parece o contrário da campanha que deixamos para trás, que contou com preços baratos até Julho/Agosto e, quando se confirmaram os maus rendimentos das colheitas na Europa de Leste e não muito boas na Europa, houve uma mudança brusca de mercado acompanhado de uma subida continuada dos preços, como todo o mundo terá bem presente.

Gostaria de salientar que entre a campanha 2008/2009 e a que se avizinha há uma diferença vital: as compras em futuro. Nesse ano, ante o medo de repetir os altos preços alcançados na colheita anterior todo o mundo optou por realizar coberturas, sobretudo até Dezembro, e nalguns casos até Março, totalmente ao contrário da presente. Posso assegurar com base na minha experiência que há muitos anos, ou talvez nunca, tinha visto um cenário como o actual, entrando na campanha com tão poucas compras de futuros. Também é certo que nunca existiram ofertas medianamente aceitáveis. Por parte dos vendedores vimos muita indecisão ante as consequências da campanha que fica para trás, na que o vendedor que se adiantou ao mercado, vendendo trigos até Dezembro a 138-140 €/ton, a partir do mês de Agosto (proibição Russa das exportações, incumprimentos) teve problemas sérios para cobrir as posições, evidentemente com perdas.

Agora é a vez para o complexo da proteína. Com os seus próprios protocolos. Aparentemente o momento de fazer bases já passou, pelo menos neste momento. Também é certo que o preço final da soja dia-a-dia continua a baixar (via futuros e sobretudo via divisas). Actualmente está em cerca de 290 €/ton e possivelmente irá continuar a baixar. No que se refere à farinha de colza, dizem que a colheita na Alemanha e na Europa não será tão boa como era expectável; no dia de hoje estamos à espera de o confirmar, ainda que o seu consumo se tenha visto reduzido pela descida de preços da farinha de soja.

Escrito em 04/05/2011

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