A Espanha é, por censo, o terceiro país do mundo em produção suína, atrás da China e E.U.A., e por produção de carne o quarto país, dado que a Alemanha engorda muitos leitões que importa da Holanda e Dinamarca e abate porcos gordos destes e outros países.
O facto de que a Espanha esteja entre os líderes mundiais em produção suína, é um orgulho e uma grande responsabilidade para os profissionais que trabalham no sector e deve fazer reflectir sobre os desafios, parte dos quais aumentarão no futuro.
Com foco exclusivamente na produção, sem ter em conta o sector das carnes, serão analisados alguns desafios futuros.
Um desenvolvimento harmónico do sector que permita um crescimento ordenado, favorecendo o desenvolvimento rural e o assentamento de populações em algumas das zonas geográficas com baixa densidade populacional, para não dizer desertificadas, do país.
O sector suíno deve desenvolver-se em zonas onde a actividade suína não provoque conflitos com outras actividades humanas, ou seja, em zonas pouco povoadas e não saturadas de produção suína.
Não se devem criar novas explorações em determinadas áreas geográficas já saturadas.
A sanidade animal é, e deve ser, um dos principais pontos fortes da suinicultura espanhola, sobretudo num sector que exporta 50% do que produz, para muitos países, alguns deles muito exigentes quanto a condições sanitárias.
A actuação conjunta do sector, coordenada pela Administração, tem sido muito importante para erradicar doenças endémicas em Espanha: PSA, PSC, Febre Aftosa. Nos últimos anos o Plano de Controlo da Doença de Aujezsky está a dar os seus frutos.
Deve-se continuar a trabalhar para controlar as doenças e, neste sentido, um plano nacional para o controlo do PRRS seria uma boa medida.
O sector suíno espanhol, que está muito mal pontuado em classificação sobre uso de antibióticos em pecuária, elaborado pela EMA (Agência Europeia do Medicamento) em 2015, devendo continuar o esforço iniciado em 2016 para produzir carne de porco com menos antibióticos e ser um exemplo de boas práticas.
A redução, nos últimos meses, do uso sistemático da colistina, devido ao Plano Voluntário de Redução da Colistina, iniciado em 2016, promovido pela AEMPS ("Agencia Española del Medicamento y Productos Sanitarios"), acarreta boas esperanças nesse sentido.
A produção suína deve ser totalmente compatível com o meio ambiente. Os produtores devem ser os primeiros interessados em que o nosso sector respeite o meio ambiente e que os chorumes sejam utilizados como fertilizantes agrícolas, não como resíduos pecuários, gerindo correctamente o seu uso e reduzindo assim o uso de adubos químicos.
A sociedade, e especialmente as novas gerações, são cada vez mais sensíveis ao bem-estar animal e, além de cumprir com os standarts da legislação europeia, a produção deve ser sensível ao exigido pela sociedade e estar preparada para satisfazer as suas necessidades. A mensagem chave a ser transmitida à sociedade é que os porcos nunca foram criados com tanto “conforto” e garantias sanitárias e alimentares como hoje.
O conceito de explorações pecuárias com carga pejorativa implícita deve ser erradicado do vocabulário e substituído por explorações suínas. Também a imagem transmitida à sociedade deve ser selectiva, não podendo ser apenas transmitidas as imagens negativas do sector.
Por vezes, o que para o gado suíno e para a produção suína é bom, como as explorações modernas, climatizadas e automatizadas, alguns sectores da sociedade vêm como uma produção ligada a multinacionais, grandes explorações, contaminação ambiental, exploração animal. Desta forma, os esforços feitos para produzir de maneira mais eficaz e sustentável devem ser melhor comunicados à sociedade.
O controlo sanitário da carne produzida é outro ponto alto da actuação profissional. Transmitir à sociedade, no seu conjunto, que se produz carne sã do ponto de vista sanitário e dietético é uma tarefa muito importante.
O controlo quase total de doenças como as triquinoses e outras parasitoses, que têm o porco como hospedeiro intermediário, deve focar certos desafios sanitários tais como programas de redução de salmonella, controlo de MRSA (Staphyloccocus aureus resistente a meticilina) e Campylobacter.
As novas tecnologias de informação, com a Internet entre elas, facilitam o acesso da população em geral a numerosos relatórios contra a exploração pecuária moderna e é nosso dever transmitir à sociedade que nunca se produziu carne de porco com tantas garantias sanitárias, meio-ambientais, eficiência de recursos naturais, nem com condições de bem-estar animal como hoje. Ou será que não se lembram de como se engordavam os porcos até há poucos anos: fechados em pequenos chiqueiros, que quase não eram limpos, onde os animais permaneciam às escuras, em espaços fechados, a ingerir rações, muitas vezes deficientes, sem absolutamente nenhum controlo sanitário? Do sector e das suas associações deve-se trabalhar para difundir uma imagem positiva do sector.
Não é casualidade que a Espanha lidere a produção suína mundial: o trabalho das empresas pecuárias, produtores, veterinários, técnicos e do sector no seu conjunto, estão a fazer por isso.
Mas não se deve morrer com o êxito, nem só olhar para o umbigo. Continuar a trabalhar, ser autocriticos, permitirá melhorar e dar uma imagem mais positiva do sector, solucionando os importantes desafios actuais e preparando a solução para desafios futuros.