26 de Setembro de 2024
Em Portugal a cotação dos porcos continuou a sua descida, na Bolsa do Porco, na segunda quinzena de Setembro, tendo baixado 0,06€/kg carcaça para os 2,417€/kg. Os porcos continuam sem peso a mais e a indústria queixa-se de vendas fracas e difíceis. Ou seja, num plano teórico a oferta de porcos ajusta-se à procura, mas o comportamento do mercado espanhol continua a influenciar a descida em Portugal.
Em Lérida, e apesar de ter havido manutenções das cotações na Alemanha, nos Países Baixos e na Dinamarca, os grandes países produtores e grandes competidores dos espanhóis na colocação de carne, quer no mercado interno (Alemanha e Países Baixos), quer no mercado de Países Terceiros (Dinamarca), porque o diferencial de cotação é muito grande com estes países, tem havido, semanalmente, um ajustamento das suas cotações para o porco de abate. Isto, apesar de não haver excesso de oferta em relação à procura – há até um grande equilíbrio nesta relação -, leva a descidas da cotação para tentar aumentar a competitividade da carne espanhola nos diferentes mercados.
É de assinalar que, segundo a informação do Mercolleida, o diferencial de cotação entre os porcos espanhóis e os porcos alemães e neerlandeses é de 15 cêntimos/kg PV e é de 30 cêntimos em relação aos dinamarqueses. Com as anteriores descidas de cotação, os porcos franceses também se situam num diferencial de 15 cêntimos abaixo da cotação dos porcos espanhóis pelo que, a França que é o maior cliente da carne de porco espanhola, passou a tentar ser fornecedor dos seus matadouros de porcos para abate.
Em França há que esperar para ver que mais impactos poderá ainda vir a ter uma reportagem que passou na televisão francesa sobre as condições de criação de porcos para abate para os matadouros do grupo de supermercados Leclerc. O impacto nas vendas de carne naquela cadeia de supermercados foi imediata. Só falta ver se haver outros impactos no consumo de carne de porco noutros fornecedores de carne.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação baixou 0,048€/kg PV (-0,064€/kg carcaça) na segunda metade de Setembro, para 1,704€/kg PV (2,272€/kg carcaça). Os pesos em carcaça subiram 600g nesta quinzena e encontram-se “apenas” 800g acima dos pesos do ano passado nesta mesma semana, quando têm estado, de uma maneira geral, cerca de 2kg acima desse peso durante todo o ano 2024.
Na Alemanha, a cotação manteve-se na segunda quinzena de Setembro em 2,00€/kg carcaça. Os pesos desceram 100g para os 97,4kg em carcaça. A oferta de porcos para abate vai aumentando semanalmente, mas é fácil aos matadouros absorverem este aumento. Assim, o mercado encontra-se equilibrado e sem razões, nem para melhorar nem para piorar.
Nos Países Baixos a cotação manteve-se em 1,86€/kg na segunda quinzena de Setembro. A oferta de porcos é ajustada às necessidades dos matadouros, mas estes não estão disponíveis para receber mais porcos do que aqueles que têm pedido. Não há, por isso, sinais de que a procura ou as cotações possam sofrer subir.
Na Bélgica a cotação manteve-se na segunda metade de Setembro em 1,42€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,42€/kg carcaça na segunda quinzena de Setembro. Há grande estabilidade no mercado europeu da carne, sem que haja grandes flutuações na oferta e na procura. As exportações dinamarquesas para os países europeus têm aumentado e isso tem contribuído para a estabilidade do mercado deste país. Também se nota um ligeiro aumento do poder de compra em função da redução da inflação nos mais diversos países europeus.
Em França, a cotação desceu 0,08€/kg carcaça na segunda metade de Setembro para 1,781€/kg carcaça. Os pesos subiram 200g tendo-se fixado em 96,3kg e estão 1kg acima dos pesos do ano passado nesta mesma quinzena. Apesar da oferta ser reduzida (menor do que a de 2023), ela é superior às necessidades dos matadouros. Tem havido redução nas vendas de carne em função de um menor poder aquisitivo das famílias. Com um novo Primeiro-Ministro, que já veio afirmar que a França se encontra numa profunda crise económica e financeira, pensa-se que a França deverá enfrentar dificuldades nos próximos meses (quiçá anos) e teremos que aguardar para ver que influencia terá no mercado do porco.