28 de Setembro de 2018
Tal como já era esperado, a cotação dos porcos continuou a sua paulatina descida no mês de Setembro. Nesta segunda quinzena o total da descida, na Bolsa do Porco, foi de 0,07€/kg carcaça. Há dificuldades na venda da carne, mas a oferta de porcos não é demasiadamente abundante até porque o calor continua bastante intenso, o que não permite que os animais atinjam o seu potencial de crescimento.
Por outro lado, e após a confirmação de uma série de javalis infectados com o vírus da Peste Suína Africana na Bélgica, os alarmes começaram a soar na Europa Central e do Sul. Já há Países Terceiros que suspenderam/proibiram a entrada de carne de porco proveniente da Bélgica. Os porcos neste país baixaram fortemente e os países vizinhos tomaram medidas adicionais para tentar impedir a entrada do vírus nos seus países. Veremos até que ponto estas medidas surtem efeito.
Esta confirmação por parte dos belgas, para além da proibição imposta por alguns países terceiros, levou a que os matadouros alemães não comprassem porcos à Bélgica, que os produtores belgas pressionem para que os porcos sejam abatidos o quanto antes e que os matadouros belgas ponham mais carne à venda dentro do mercado da U.E.. Ora, este é um grande caldo de cultura para uma forte descida de coração naquele país. E foi isso que ocorreu.
Entretanto, e ainda dentro do aspecto sanitário com grande influência na evolução das cotações, continuam a aparecer inúmeros focos de Peste Suína Africana (PSA) na China. Se bem que o número de animais afectados seja muito baixo (perto de 15 mil animais abatido) em comparação com o efectivo total de porcos naquela país (cerca de 500 milhões de cabeças), havendo confirmados focos que distam entre si cerca de 2 mil kms, é natural que a “bomba” ainda esteja por rebentar e que continuem a aparecer muitos focos que afectem muitos animais. Neste caso, é esperar para ver que influência terá o desenrolar dos acontecimentos.
Em Espanha, a cotação desceu 0,055€/kg PV (-0,073€/kg carcaça) fixando-se a cotação em 1,170€/kg (1,560€/kg carcaça). Nas últimas semanas os pesos têm vindo a subir cerca de 300g por semana, mas apesar destas subidas de peso, os pesos pela primeira vez estão abaixo do peso do ano passado nesta mesma altura. Os produtores não querem abrandar o ritmo de fornecimento de porcos porque sabem que, nesta altura do ano, aparecerão cada vez mais porcos para abate e que os pesos terão tendência a subir e os matadouros não querem abater menos animais, apesar de terem alguma dificuldade na venda de carne, porque têm que cobrir custos fixos e só o conseguirão fazer mantendo o ritmo de abate.
Na Alemanha, a cotação desceu e com bastante significado. A descida na quinzena foi de 0,08€/kg carcaça, tendo-se ficado a cotação em 1,40€/kg carcaça. Aumentou a oferta de porcos por parte dos produtores enquanto que os matadouros mantiveram os abates, isto trouxe um desequilíbrio entre a oferta e a procura que implicou a descida. O peso subiu 100 gr. Há muita incerteza no mercado da carne devido à Peste na Bélgica. Os preços da carne tem estado a baixar para ter preço competitivo para o consumidor.
A Holanda desceu 0,05€/kg carcaça a sua cotação para 1,41€/kg carcaça. A situação do mercado holandês está sob a influência da evolução da peste na Bélgica.
A Bélgica desceu a sua cotação 0,14€/kg PV passando a cotação para 0,86€/kg PV. Como é natural, o mercado belga está sob a influência da incerteza da PSA. Há que esperar pelas próximas semanas para ver qual será a evolução da doença, da cotação belga e da sua influência nos restantes mercados europeus.
Na Dinamarca a cotação desceu 0,03€/kg carcaça para 1,14€/kg. O mercado está confuso com a peste na Bélgica e a proibição de envio de carne belga para fora da U.E. obriga a que esta seja consumida internamente. Este aumento da oferta interna fez baixar o preço da carne e trouxe dificuldades adicionais a todos os operadores.
Em França a cotação desceu 0,092€/kg carcaça nesta quinzena, fixando a cotação em 1,204€/kg carcaça. Os pesos subiram 200g para os 93,6Kg mas estão 1kg abaixo dos pesos do ano passado A descida insere-se num contexto de um mercado europeu com muita tensão devido ao problema da Bélgica e numa redução dos abates por parte dos matadouros.
Vamos entrar em Outubro com grande incerteza no mercado. Teremos que esperar os desenvolvimentos a nível sanitário, quer na Bélgica quer na China, para ver como o mercado se poderá comportar.