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Diagnóstico do síndroma respiratório e reprodutivo suíno

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O síndrome respiratório e reprodutivo suíno (PRRSV) ou doença do aborto azul provoca uma ampla gama de sintomas clínicos sendo importante um diagnóstico exacto da doença quando os porcos os mostram aplicando assim medidas de controlo adequadas.


O síndrome respiratório e reprodutivo suíno (PRRSV) ou doença do aborto azul, é provocado por um vírus ARN com tendência a mutar rapidamente, o que permite o desenvolvimento de uma grande diversidade de estirpes que ajudam o vírus a iludir a imunidade da população suína face à vacina e aos vírus campo. Infecta as células imunitárias do porco e provoca imunosupressão, razão pela qual o PRRSV aparece com uma ampla gama de sintomas clínicos e, frequentemente, com infecções secundárias.

É importante um diagnóstico exacto da doença quando os porcos mostram sintomas clínicos que fazem suspeitar de PRRSV e aplicar medidas de controlo adequadas, tanto para o PRRSV como para outras doenças concomitantes. De seguida são explicadas as técnicas aplicadas.

Sintomas clínicos: no caso de suspeita firme de PRRSV, é essencial a realização de uma investigação mais a fundo para conseguir um diagnóstico inequívoco.

Porcos em produção:

· Sintomas muito variados e não específicos - nos envios realizados para exames de laboratório com PRRSV no período 2003-2009 à agência de laboratórios veterinários (Veterinary Laboratories Agency, VLA) do Reino Unido, os quatro sintomas mais frequentes foram respiratórios, de desmedro, mal estar e encontrados mortos.

· Sintomas que não se distinguem facilmente de os de outras doenças comuns aos porcos de engorda. O PRRSV contribui para o complexo respiratório suíno (CRP) e também aumenta a gravidade de outras doenças da exploração, como a meningite estreptocócica.

·Frequentemente pode suspeitar-se da presença de PRRSV quando se dá um agravamento da doença respiratória ou de outro tipo com uma gravidade não usual, ou que não responde ao tratamento com antibióticos tão bem como se esperava.

Doença reprodutiva:

· Caracteriza-se por abortos tardios, nados mortos, recém nascidos débeis, tamanhos variáveis dos leitões e das ninhadas, aumento da mortalidade pré-desmame e retornos irregulares.
· As ninhadas podem mostrar evidências de morte fetal sequencial com múmias, nados mortos, vivos débeis e leitões viáveis, nascidos da mesma porca.
· As porcas e as primíparas podem ter poucos sintomas ou inapetência passageira, mal estar e piréxia e, algumas vezes, mortes.
· Pode haver tosse, mais precisamente em porcos de cria mais jovens, como nas primíparas de substituição.
· Junto com a escassa viabilidade dos leitões ao nascimento e os efeitos da doença na produção láctea das porcas, a mortalidade anterior ao desmame pode aumentar, com causas de morte mistas e não usuais.
· A gravidade da doença é muito variável devido às diferenças entre as estirpes de víirus, os diferentes níveis de imunidade na exploração suína (por vacinação ou por exposição prévia) e factores específicos da exploração que afectam no momento em que os porcos são infectados ou o modo em que o vírus se propaga dentro da exploração.
· A doença pode ser suficientemente grave como para justificar a sua comunicação às autoridades responsáveis de saúde animal se os sintomas não podem ser distinguidos de os de outras doenças de declaração obrigatória, a peste suína clássica e a doença de Aujeszky.


Sintomas clínicos descritos em porcos de engorda com PRRSV apresentados à VLA em 2003-2009

Exame pós-morte (EPM): os porcos destinados a EPM devem ser casos típicos e precoces da doenças enviados para laboratório vivos (se o bem estar permitir), ou recém mortos e, no melhor dos casos, não tratados. Os casos crónicos da enfermaria são pouco prováveis que sejam úteis. O EPM por si só não permite diagnosticar o PRRSV, mas é um bom ponto de partida na investigação porque:

· permite avaliar a patologia (processos patológicos) em diferentes sistemas de órgãos dos porcos e proporciona um material excelente para as análises que diagnostiquem ou descartem o PRRS;

· o PRRSV apresenta-se habitualmente com outras doenças, o EPM permite a investigação completa das mesmas.

Na doença reprodutiva, aconselha-se o envio de várias ninhadas afectadas na sua totalidade para fornecer material para o diagnóstico de PRRSV e de outras doenças que produzem problemas reprodutores ou neonatais. Se se dispõe destes, os nascidos mortos, os recentemente mortos ou os recém débeis, são mais úteis que os fetos abortados em decomposição.


Na infecção por PRRSV, pode ser observada a morte fetal progressiva numa ninhada.

Reacção em cadeia da polimerase (PCR): um método muito útil para procurar directamente o PRRSV nos tecidos ou no sangue de um porco. A maioria dos métodos distinguem entre o Genótipo 1 (europeu) e o Genótipo 2 (norte americano) de PRRSV.

· Um resultado positivo indica que o porco estava activamente infectado com PRRSV no momento de ser recolhida a amostra. Supondo que o porco não tivesse sido vacinado recentemente com uma vacina viva, isto confirma que houve uma infecção com PRRSV de campo. Numa exploração que devesse estar isenta de PRRSV, isto fornece a confirmação do PRRSV. No entanto, e dado que o PRRSV encontra-se no soro e nos tecidos durante um período de tempo prolongado (semanas), realiza-se frequentemente uma maior investigação (IHC) para avaliar em que medida contribuiu o PRRSV para a doença, especialmente em explorações nas que se sabia estar presente o PRRSV.

· Em tecido fetal ou neo natal, um resultado positivo é a confirmação do PRRSV. Um resultado negativo de PCR não descarta o PRRSV, já que o vírus pode infectar o feto e provocar danos, mas pode ter desaparecido no momento em que se entrega o leitão. Pode ser de utilidade realizar a PCR em soro de porcas afectadas na doença reprodutiva, recolhendo sangue de porcas que mostram sintomas, não de casos históricos. Isto também pode permitir a detecção do vírus.


Imunohistoquímica (IHC): a histopatologia e a IHC do pulmão determinam se o vírus PRRS está a provocar dano pulmonar marcando o vírus dentro do tecido pulmonar. Pode ser utilizado junto com outros exames para investigar a contribuição do PRRSV para a pneumonia relativamente a bactérias (Pasteurella multocida, Actinobacillus pleuropneumoniae, Haemophilus parasuis, Streptococcus suis), Mycoplasma hyopneumoniae e outros vírus (PCV2, gripe suína). Esta análise é especialmente útil em porcos que estejam vacinados contra a PRRSV ou porcos de explorações onde haja uma exposição conhecida a PRRSV mas a infecção já tenha sido controlada. Para que seja útil, é essencial que os porcos sejam enviados nas primeiras etapas da doença e não sejam casos de longa duração. Quando os porcos forem positivos por PCR e negativos por ICH de pulmão, a presença de PRRSV é ainda de importância nos porcos doentes porque pode ser causa de imunossupressão. Não é usada, normalmente, para tecidos fetais.


Pneumonia num porco de 14 semanas de idade com virémia de PRRSV, PMWS e infecção por Pasteurella multocida; ainda que não tenha sido identificado o PRRSV no pulmão por IHC, é provável que a doença esteja intensificada por PCV2 neste porco.

Isolamento do vírus (AV): trata-se do cultivo do vírus PRRS a partir de soro ou de tecidos. Desde que se desenvolveu a PCR, não é usado de modo rotineiro devido ao seu elevado custo. O AV é ainda útil quando se requer a caracterização completa do vírus, por exemplo, em estudos de investigação e em investigações epidemiológicas minuciosas, como no possível fracasso de uma vacina, ou para identificar a origem de uma infecção.

Serología: detecta os anticorpos que combatem o vírus e é uma forma indirecta de comprovar se os porcos estiveram expostos ao vírus no passado. A análise principal utilizada é o teste de anticorpos ELISA de Idexx e os anticorpos aparecem aproximadamente a partir dos 7 dias depois da infecção. Não é possível distinguir anticorpos para vírus campo de anticorpos da vacina e a serología em porcos vacinados tem um valor escasso. Em explorações supostamente isentas de PRRSV e não vacinadas, a presença de anticorpos confirma que houve infecção activa com PRRSV nesses porcos mas, sem dúvida, isso não indica o momento da infecção. Para fazer isto, é utilizada a serologia em grupo ou emparelhada. Nesta serologia, é extraído simultaneamente o sangue de grupos de porcos de diferentes idades ou estados de produção, o que proporciona uma instantânea transversal da exposição da exploração ao PRRSV. Não obstante, é mais exacto fazer serologia emparelhada na qual os mesmos porcos são submetidos a extracção de sangue duas vezes; a primeira vez, a poucos dias da infecção e depois de novo 2-3 semanas mais tarde, durante a recuperação. Se os porcos tem uma mudança nos anticorpos de negativos para positivos, isto indica que a infecção por PRRSV se produziu durante o periodo de doença. Na doença reprodutiva, com frequência as porcas já desenvolveram anticorpos no momento em que mostram sintomas da doença. A serologia não é o método recomendado para diagnosticar o PRRSV mas é útil em explorações que anteriormente estavam isentas de PRRSV. A detecção de anticorpos em leitões jovens pode ter a sua origem no colostro e reflectir o estado das suas mães. O teste ELISA detecta anticorpos tanto do Genótipo 1 (europeu) como do Genótipo 2 (norte americano) do PRRSV, a IPMA (técnica de imunoperoxidase em monocamada) é a análise serológica que os pode distinguir.

Comentários ao artigo

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28-Mar-2013Adarildo M DamacenoAdarildo M DamacenoHá rumores de casos da doença PRRS, no Brasil, especialmente sul de Minas Gerais e região sul do país. Realmente já foi notificado algum caso?
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