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Diagnóstico laboratorial: Diarreia Epidémica Suína (DES)

Que métodos de diagnóstico laboratorial posso utilizar para diagnosticar a diarreia epidémica dos suínos? Qual deles devo escolher em função da situação? Como interpretar os resultados?

Testes disponíveis

Reacção em cadeia da polimerase (PCR)

  • Detecta a presença de uma sequência específica de ácido nucleico (ARN) viral.
  • Tipos de amostras: tecidos intestinais, fezes, esfregaços rectais, fluidos orais, etc.
  • Prós:
    • Sensibilidade muito elevada (pode detectar pequenas quantidades de vírus).
    • Detecção precoce: os casos agudos devem ser positivos.
    • Podem ser utilizados muitos tipos diferentes de amostras (tecidos intestinais, fezes, esfregaços rectais, fluidos orais, etc.).
    • Custo moderado:
      • Frequentemente, podem ser combinadas 10 amostras de fezes/esfregaços de fezes ou tecido intestinal para reduzir os custos e minimizar a perda de sensibilidade.
      • Normalmente, não se fazem agregações de amostras de fluidos orais porque o valor Ct (número de ciclos necessários para amplificar o ARN viral até um nível detectável) será mais elevado (porque as concentrações de vírus são mais baixas), o que pode resultar numa perda significativa de sensibilidade.
  • Contras:
    • É necessária a sequenciação para diferenciar o vírus da vacina da infecção por vírus de campo.
    • A contaminação ambiental pode gerar muitos resultados positivos: os suínos infectados libertam grandes quantidades de vírus.

Ensaio por imunoabsorção ligado a enzimas (ELISA)

  • Detecta a presença de anticorpos.
  • Tipos de amostras: soro, fluidos orais.
  • Prós:
    • Os animais permanecem positivos durante várias semanas, especialmente a IgA nos fluidos orais.
    • Pode ser utilizado em casos crónicos.
  • Contras:
    • Pode haver diferenças na detecção entre diferentes testes.
    • Demora 7-14 dias para os animais se tornarem seropositivos.
    • Não distingue entre anticorpos maternos e de exposição.
    • Não distingue entre vacinação e infecção por vírus de campo.
    • É melhor ter um ELISA que detecte os níveis de IgA, especialmente em fluidos orais.

Imunohistoquímica (IHC)

  • Detecta a presença de antigénio viral.
  • Tipos de amostras: tecidos intestinais.
  • Prós:
    • Detecta o vírus no local da lesão (boa prova de causalidade).
    • Permite a diferenciação entre quantidades baixas, moderadas e elevadas de vírus presentes.
Figura 1. Tinción IHC de DEP en intestino delgado infectado. Fuente: Iowa State University VDL.
Figura 1. Tinción IHC de DEP en intestino delgado infectado. Fuente: Iowa State University VDL.
  • Contras:
    • Tem de ser apresentada a amostra de tecido correcta.
    • Requer muito mais vírus do que a PCR.
    • Avalia apenas uma pequena quantidade de tecido.
    • Nos leitões, as vilosidades intestinais são rapidamente destruídas, resultando em alterações dramáticas na quantidade de vírus presente (coloração) em apenas 2 dias.

Anticorpos fluorescentes indirectos (IFA)

  • Detecta a presença de anticorpos.
  • Tipos de amostras: soro.
  • Vantagens:
    • Alta sensibilidade de detecção.
  • Contras:
    • Não é viável para um grande número de amostras.
    • Os resultados dependem do isolado viral utilizado no teste.
    • A fiabilidade depende muito da competência do técnico e varia significativamente entre laboratórios.

Interpretação de resultados

PCR

  • Positivo: O vírus está presente. A vacinação recente com um vírus vivo modificado pode dar resultados positivos na PCR. São libertadas grandes quantidades de vírus após a infecção (valores Ct muito baixos; um dígito), especialmente em suínos jovens. A eliminação e a contaminação ambiental podem ocorrer durante um longo período de tempo.

Tabela 1. Os porcos infectados eliminam grandes quantidades de vírus nas fezes (valores Ct de apenas um dígito na PCR) o que provoca uma grande contaminação ambiental.

Ct PCR de DEP versus número de cópias genómicas
42 1
39 10
36 100
32 1.000
29 10.000
26 100.000
22 1.000.000
19 10.000.000
16 100.000.000
12 1.000.000.000
9 10.000.000.000
6 100.000.000.000
  • Negativo: Negativo ou o vírus não é detectado se o teste for realizado muito tempo após a infecção.

ELISA

  • Positivo: Anticorpos maternos ou exposição prévia (normalmente > 7-14 dias) à vacina ou ao vírus selvagem.
  • Negativo: Negativo, infecção demasiado recente para ser detectada (normalmente deve ser pelo menos 7-14 dias após a exposição) ou decorreu demasiado tempo após a infecção (especialmente se for medida a IgG sérica).

IHC

  • Positivo: O vírus está presente no local da lesão.
  • Negativo: Negativo ou infecção demasiado antiga para detectar o vírus.

IFA

  • Positivo: Anticorpos maternos ou exposição prévia (normalmente > 7-14 dias) à vacina ou ao vírus selvagem.
  • Negativo: Negativo à vacina ou ao vírus selvagem ou infecção demasiado recente para ser detectada (normalmente deve ser pelo menos 7-14 dias após a exposição).

Cenários

Diarreia em leitões com mortalidade muito elevada na sala de maternidade

  • Recolha de intestinos de 2-5 leitões para testes histológicos e de IHC.
  • Recolha de intestinos ou conteúdo fecal/esfregaços de 5 leitões e analisar como um pool por PCR.

Marrãs com diarreia +/- vómitos

  • Recolha de fluidos orais de 2 a 4 parques diferentes e testá-los individualmente por PCR. Não criar grupos de amostras para teste.
  • Recolha de 10-15 esfregaços rectais de porcas com sinais clínicos ou recolher amostras aleatoriamente e testá-las por PCR. As amostras podem ser agrupadas em grupos de 5 para a PCR.

Testes em marrãs isoladas após exposição ao vírus vivo da DES antes da introdução na exploração como reprodutoras

  • Não se recomenda a realização de testes, uma vez que a contaminação ambiental será elevada e as marrãs apresentarão resultados positivos nas fezes ou nos fluidos orais durante várias semanas, mesmo depois de terem deixado de excretar o vírus e de ser seguro introduzi-las na exploração de reprodução.

Porcos de engorda com diarreia aguda pós-desmame

  • Recolha de fluidos orais de 2 a 4 parques diferentes e testá-los individualmente por PCR. Não criar grupos de amostras para teste.
  • Recolha de 10-15 esfregaços rectais de porcas com sinais clínicos ou recolha de amostras aleatoriamente e testá-las por PCR. As amostras podem ser agrupadas em grupos de 5 para a PCR.

Consulta o "guía de doenças" para mais informação

Diarreia epidémica suínaA Diarreia Epidémica Suíuna é causada por um coronavírus que provoca vómito e diarreia com mortalidades que chegam aos 100% em leitões susceptíveis menores de 2 semanas.

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