Testes disponíveis
Cultivo bacteriano
- Isolamento de organismos vivos.
- Tipo de amostra: fezes, conteúdo intestinal.
- Prós:
- As bactérias são fáceis de cultivar em 1 dia.
- Fácil de fazer em qualquer laboratório (mesmo interno).
- Custo relativamente baixo.
- Contras:
- Algumas E. coli são parte da flora intestinal normal.
- Os porcos têm múltiplas E. coli ao mesmo tempo.
- Se os porcos foram tratados previamente com antibióticos, isto pode impedir o crescimento bacteriano.
Susceptibilidade antimicrobiana (antibiograma)
- Teste in vitro: capacidade de um organismo vivo para crescer sob concentrações específicas de diferentes antimicrobianos.
- Tipo de amostras: fezes, conteúdo intestinal.
- Prós:
- Identificação de susceptibilidade ou resistência de estirpes específicas a antimicrobianos comuns.
- Identificação de tendências de resistência aos antimicrobianos.
- Contras:
- Requer um isolado bacteriano.
- Os testes in vitro podem diferir ligeiramente dos resultados in vivo.
- É possível que alguns antimicrobianos específicos não sejam incluídos ou requeiram testes especiais separados.
- Custo moderado.
Histopatologia
- Avalia a presença de lesões nos tecidos (dano) que possam confirmar a presença de doença. Algumas vezes, também pode ser detectada a presença de organismos directamente (bactérias e parasitas) ou indirectamente (vírus) através de tinções especiais adicionais.
- Tipo de amostra: tecidos.
- Prós:
- Associa a adesão bacteriana com o dano intestinal.
- Não é necessária tinção especial.
- Contras:
- Os tecidos intestinais têm que ser fixados com formol em menos de 15 minutos após a morte do animal já que o tecido intestinal é rapidamente decomposto.
- A doença pode ser segmentária, pelo que devem ser enviadas múltiplas amostras intestinais.
Genotipado
- Uma técnica PCR (reacção em cadeia da polimerase) que detecta a presença de uma sequência específica de ácidos nucleicos (ADN) associados com genes de virulência conhecidos.
- Prós:
- Realizado através de PCR; fácil de fazer.
- Ajuda a identificar a patogenicidade ao detectar a presença de genes (não necessariamente a expressão de genes) associados com factores de virulência.
- Genes de toxinas: EAST1, LT, STa, STb, Stx1, Stx2, Stx2e.
- Genes de Pilus: F18, F41, K88 (F4), K99 (F5), 987P (F6).
- Genes de adesinas: AIDA, EAEA, PAA
- Facilita a selecção adequada da vacina (em função dos pili).
- Ajuda a confirmar que o isolado tem genes da doença dos edemas.
Genes de E. coli detectados mediante genotipificação por PCR e pela sua função. Os genes ressaltados em vermelho são importantes para o diagnóstico da Doença dos Edemas.
Gene | Tipo | Descrição |
---|---|---|
EAST1 | Toxina | A toxina intestinal liga-se ao mesmo receptor e estimula a mesma via secretora que a Sta (a causa da diarreia não está bem estabelecida) |
LT | Toxina | Toxina Intestinal que estimula a secreção intestinal |
STa | Toxina | Toxina intestinal que estimula a secreção intestinal principalmente em porcos jovens (diminui a absorção de água e electrólitos) |
STb | Toxina | Toxina intestinal que estimula uma diarreia secretora principalmente em porcos de mais idade (aumenta a secreção dos enterócitos) |
Stx1 | Toxina | A toxina intestinal pode ser encontrada em estirpes patogénicas e não patogénicas |
Stx2 | Toxina | A toxina intestinal pode ser encontrada em estirpes patogénicas e não patogénicas |
Stx2e | Toxina | Toxina sistémica que induz dano vascular e Doença dos Edemas |
F18 (F107) | Adesina | Pili (fimbria) usada para se aderir que está presente após de 20 dias de idade e frequentemente associada com diarreia pós desmame e Doença dos Edemas |
F41 | Adesina | Pili (fimbria) usada para se aderir principalmente em recém-nascidos |
K88 (F4) | Adesina | Pili (fimbria) usada para se aderir desde o nascimento a todas as idades |
K99 (F5) | Adesina | Pili (fimbria) usada para se aderir principalmente em recém-nascidos |
987P (F6) | Adesina | Pili (fimbria) usada para se aderir principalmente em recém-nascidos |
AIDA | Adesina | "Adesina envolvida na aderência difusa" não fimbrial, mais frequentemente encontrada junto a F18 |
EAE | Adesina | Adesina não fimbrial que contribui para as lesões de "attaching-and-effacing" |
PAA | Adesina | Adesina não fimbrial essencial para que se produzam as lesões "attaching-and-effacing" |
- Contras:
- Requere um isolamento bacteriano.
- Os porcos podem ter mais de uma estirpe ao mesmo tempo, pelo que devemos confiar em que tenhamos isolado a estirpe correcta.
- Preço moderado, mas normalmente apenas se analisa um isolado.
Interpretação de resultados:
Cultivo bacteriano:
- Deve ser uma E. coli hemolítica.
- Pureza:
- Crescimento puro: altamente sugestivo de que está a contribuir para a doença.
- Crescimento misto: valor questionável.
- Quantidade:
- Alta: altamente sugestivo de que está a contribuir para a doença.
- Moderada: interpretação variável.
- Baixo: valor questionável (poderia ser um contaminante).
- Sem crescimento: animal possivelmente tratado previamente com antibióticos ou agente sem contribuição significativa.
Susceptibilidade antimicrobiana (antibiograma):
- Susceptível: possível boa eleição para o tratamento se o antimicrobiano poede chegar ao tecido diana.
- Resistente: há que seleccionar um antimicrobiano diferente.
- MIC: se for realizada a MIC (mínima concentração inibitória) há que se certificar que o antimicrobiano seleccionado alcança o valor MIC indicado no órgão diana.
Histopatologia:
- Positivo: forte associação como causador se for capaz de demonstrar lesões intestinais com E. coli aderida a células epiteliais.
-
Negativo: sem lesões intestinais.
Genotipado:
- O genotipado é necessário para confirmar que o isolado tem factores de virulência associados com a Doença dos Edemas.
- Deve ser F4 ou F18.
- Deve ter a toxina semelhante a shiga (Stx2e).
Cenário
Porcos com diarreia pós-desmame:
- Recolhe zaragatoas retais de 2 ou mais porcos com diarreia, não tratados com antibióticos e enviá-los para cultivo bacteriano, antibiograma e genotipado.
- Eutanásia 1-3 leitões com diarreia que não tenham recebido tratamento. Imediatamente recolhe 3 amostras de intestino de cada leitão e colocá-las em solução de formol. Recolher amostras intestinais frescas para as enviar refrigeradas para cultivo bacteriológico, antibiograma e genotipado.