Testes disponíveis
Pode ser benéfico rever o excelente resumo fornecido no artigo sobre a gripe de Phil Gauger:
Patologia macroscópica
- Avalia a presença de lesões nos tecidos que podem sugerir a presença de doença.
- Localização das lesões:
Consolidação cranioventral (especialmente nos lobos apical e cardíaco).
- A apresentação pode ser difusa, abrangendo várias áreas do pulmão.
- Pode estar presente edema interlobular.
- Prós:
- A gravidade da lesão pode ser relacionada com o significado clínico.
- Contras:
- Lesões macroscópicas não diagnósticas (muito semelhantes às do Mycoplasma hyopneumoniae).
- Estão frequentemente presentes infecções secundárias ou co-infecções
Histopatologia
- Avalia a presença de lesões que podem confirmar a presença de doença.
- Tipo de amostra: tecido pulmonar.
- Prós:
- A bronquiolite necrosante é frequentemente considerada patognomónica da infeção pelo vírus da gripe A nos suínos.
- As lesões características aparecem alguns dias após a disseminação do vírus nos suínos, especialmente quando estão presentes co-infecções.
- Contras:
- Avalia apenas uma pequena quantidade de tecido
- As lesões não complicadas podem resolver-se rapidamente (5-7 dias)
Imunohistoquímica (IHC)
- Detecta a presença de antigénio viral.
- Tipo de amostra: tecido pulmonar.
- Prós:
- Detecta o vírus no local da lesão (boa evidência de causalidade)
- O antigénio alvo é normalmente uma nucleoproteína que é conservada em todos os vírus da gripe A.
- Contras:
- Avalia apenas uma pequena quantidade de tecido
- O vírus só está presente durante um curto período de tempo (alguns dias)
- Requer a presença de uma quantidade significativamente maior de vírus do que a PCR
Isolamento do vírus
- Isola o vírus vivo.
- Tipos de amostras: tecido pulmonar, lavagem broncoalveolar, esfregaços nasais.
- Prós:
- Critério de referência.
- Isolamento do vírus para utilização no desenvolvimento de vacinas (vacinas autógenas) ou em testes serológicos (inibição da hemaglutinação) para determinar a protecção cruzada.
- Contras:
- Caro
- Resultados lentos
- Requer ovos de galinha embrionados ou células renais caninas de Madin-Darby (MDCK).
- O processo de inoculação é muito trabalhoso
frequentemente difícil de cultivar (muitos falsos negativos) - O manuseamento das amostras do campo para o laboratório pode afectar a sobrevivência do vírus
Reacção em cadeia da polimerase (PCR)
- Detecta a presença de uma sequência específica de ácido nucleico viral (ARN)
- Tipos de amostras: esfregaços nasais, fluidos orais, tecido pulmonar, lavagem broncoalveolar.
- Prós:
- Os primers (iniciadores) podem ser desenhados para:
- Detecção de todos os subtipos de vírus da gripe A - dirigido à nucleoproteína conservada
- Detecção de grupos de virus de subtipos específicos: subtipo H1, H3, N1 ou N2
- Alta sensibilidade
- Detecção precoce
- A quantificação por PCR está associada à presença de lesões
- Custo moderado
- As amostras de esfregaços ou de tecidos podem frequentemente ser combinadas para reduzir os custos e minimizar a perda de sensibilidade (especialmente no que respeita à relevância clínica).
- Os primers (iniciadores) podem ser desenhados para:
- Contras:
- Alta sensibilidade - especialmente em fluidos orais pode detectar a presença de pequenas quantidades de vírus na exploração, tornando difícil a interpretação clínica dos resultados no que diz respeito à extensão ou gravidade da doença.
- O vírus só está presente no hospedeiro durante alguns dias (3-5 dias, especialmente em esfregaços nasais).
- As amostras de sangue ou de soro não podem ser utilizadas para o teste PCR, uma vez que o vírus permanece no pulmão e não é sistémico.
Sequenciação genética
- Sequência segmentos do gene do ácido nucleico (ARN) do vírus.
- Tipos de amostras: tecido pulmonar, esfregaços nasais, lavagem broncoalveolar, fluidos orais.
- Prós:
- Permite a diferenciação entre subtipos em muitos níveis diferentes de clados
- H1: dividido em clados que são normalmente designados com o alfabeto grego (alfa, beta, gama, etc.)
- H3: dividido em clusters que são normalmente designados por números romanos (I, IV, etc.)
- Muitos destes clados ou clústers relevantes estão aqui descritos.
- Pode ajudar a diferenciar a introdução de novos vírus dos vírus existentes ou passados.
- Pode ajudar a seleccionar estirpes de vacinas com base no subtipo/clado.
- Permite a diferenciação entre subtipos em muitos níveis diferentes de clados
- Contras:
- Caro
- Normalmente, apenas o gene HA é sequenciado
- A variabilidade entre subtipos/clados continua a aumentar e está a tornar-se mais complexa
Ensaio por imunoabsorção ligado a enzimas (ELISA)
- Detecta a presença de anticorpos.
- Tipo de amostra: soro.
- Prós:
- Os testes ELISA podem ser concebidos para:
- Detecção de anticorpos de todos os subtipos - dirigidos à nucleoproteína conservada
- Detecção de anticorpos específicos de subtipos - dirigidos às proteínas específicas hemaglutinina (designada por H ou HA) e/ou neuraminidase (designada por N ou NA).
- Os animais permanecem positivos durante várias semanas (começa a diminuir após 8-10 semanas)
- Pode ser utilizado em casos crónicos
- Os testes ELISA podem ser concebidos para:
- Contras:
- Os anticorpos específicos e o momento da detecção podem variar ligeiramente entre os diferentes kits comerciais disponíveis.
- Os animais demoram 10-14 dias a tornar-se seropositivos
- Não distingue entre vacinação e infecção por vírus no terreno
- Não identifica um subtipo específico de vírus
Ihibição da hemaglutinação (HI)
- Detecta a presença de anticorpos.
- Tipo de amostra: soro.
- Prós:
- Os animais permanecem positivos durante várias semanas
- Pode ser utilizado em casos crónicos
- Pode ser utilizado para determinar o momento da vacinação para evitar a interferência de anticorpos maternos
- Pode ser utilizado para determinar a proteção cruzada entre estirpes
- Contras:
- Cada teste é específico da estirpe
- Requer o isolamento da estirpe específica para avaliar a protecção cruzada
- Demora 10-14 dias para que os animais se tornem seropositivos
- Não distingue entre vacinação e infecção por vírus no terreno
Interpretação de resultados:
Patologia macroscópica
- Positivo: Confirmação da presença de pneumonia.
- Negativo: Os casos iniciais podem não apresentar lesões pulmonares extensas.
Histopatologia
- Positivo: Confirmação da doença.
- Negativo: Negativo ou as lesões não são detectadas se o teste for incorrecto ou muito tempo após a infecção.
IHC
- Positivo: O vírus está presente no local da lesão.
- Negativo: Negativo ou o vírus não é detectado se o teste for realizado muito tempo após a infecção ou se a concentração do vírus for demasiado baixa (apenas presente durante um curto período de tempo).
Isolamento do vírus
- Positivo: Confirmação da doença.
- Negativo: O vírus não é detectado se o teste for efectuado muito tempo após a infecção ou simplesmente não pode crescer devido a outra contaminação ou manuseamento incorrecto (presente mas muito difícil de cultivar).
PCR
- Positivo: Confirmação da doença.
- Negativo: Negativo, o vírus não é detectado se o teste for realizado muito tempo após a infecção ou devido a uma selecção ou manuseamento incorrectos da amostra.
- Inconclusivo: Pouco vírus presente ou co-infeção com mais do que um subtipo.
Sequenciação genética
- Permite identificar o subtipo e clado do vírus.
- Permite ajustar a estipe vacinal para uma melhor protecção.
ELISA
- Positivo: Anticorpos maternos ou exposição anterior (> 2 semanas) à vacina ou ao vírus selvagem.
- Negativo:
- Negativo à vacina ou ao vírus selvagem.
- Infecção demasiado recente para ser detectada (10-14 dias para seroconversão)
- Incompatibilidade entre o teste e o vírus (subtipo ou clado)
HI
- Positivo: Anticorpos maternos ou exposição anterior (> 2 semanas) à vacina ou ao vírus selvagem.
- Negativo:
- Negativo à vacina ou ao vírus selvagem.
- Infecção muito recente para ser detectada (10-14 dias para seroconversão)
- Incompatibilidade (subtipo ou clado) entre o vírus utilizado no teste e o vírus que infecta o suíno.
Cenários
Porcos de engorda com espirros e sinais respiratórios (agudos ou crónicos):
- Recolher 2-4 amostras de fluido oral do conjunto e efectuar a análise por PCR.
- Recolher 12 esfregaços nasais de suínos infectados com sinais clínicos (com corrimento nasal claro), fazer 3 grupos de 4 amostras cada e analisar por PCR.
- Efetuar a sequenciação de uma amostra PCR positiva para melhor determinar o grupo/clado.
Determinação do momento de exposição e possível necessidade de vacinação:
- Recolher amostras de 10-15 suínos às 3, 6, 9 e 12 semanas de idade.
- Duas abordagens para a colheita:
- Transversal - recolha de amostras de diferentes grupos etários ao mesmo tempo (obtenção de resultados mais rápidos).
- Longitudinal - recolha dos mesmos suínos ao longo do tempo (resultados mais exactos).
- Análise de amostras de soro por ELISA.
- Recolher 2-4 amostras de fluido oral do grupo e analisar por PCR.
- Sequenciar uma amostra PCR positiva de cada grupo etário para melhor determinar o agrupamento/clado.