O tratamento dos leitões
Para Vraeghe, fornecer água com eletrólitos aos leitões é a primeira medida. Especificamente, quando a diarreia é causada por um rotavírus, é uma medida essencial para reduzir a mortalidade.
No caso de ser necessária a administração de antibióticos, ele prefere administrá-los via água de bebida. A água é administrada em pratos adicionais. Acrescenta que deve ser dado 2-3 vezes ao dia, para que a água permaneça fresca e limpa (imagem 1). Em casos de evolução lenta e individuais, administra antibióticos injectáveis ou orais aos animais doentes. Por outro lado, em casos de evolução rápida, injectam ou medicam por via oral pela primeira vez para poder tratá-los rapidamente. Embora admita que é muito eficaz, procuram evitá-lo porque envolve entrar nos parques com risco de espalhar diarreia através do calçado.
E recorda que, no caso de fornecer leite artificial durante os primeiros dias, deve ser retirado quando aparece a diarreia, pois só agravaria o problema.
Ackerman não concorda, neste caso, com Vraeghe. Conta-nos que geralmente não há água disponível nos recipientes para os leitões. Algumas pessoas dão substitutos do leite ou água em pequenos recipientes, mas muitas vezes, na opinião deles, são reservatórios de doenças. Às vezes, colocam amido de batata em recipientes nos parques pequenos.
Em relação às doenças virais como o rotavírus, Ackerman comenta que existem infecções bacterianas secundárias que se tentam prevenir, por isso estabelecem sempre um tratamento com antibióticos.
Cantín é contundente, não há novidades no tratamento da diarreia: a água com rehidratante e o antibiótico oral ou injectável continuam a ser as melhores medidas. E não esquecer, melhorar o conforto ambiental, uma ninhada com diarreia estará molhada e vai ter frio. O uso frequente de pós secantes e adicionar papel triturado seco vai resultar em melhor condição do leitão para combater a infecção.
Quanto à administração de carvão activo em leitões, não o considera imprescindível, ainda que em algumas ocasiões possa ser uma ajuda.
Não esquecer a porca
Ackerman de recordar antes de iniciar qualquer tratamento aos leitões, é necessário verificar se a origem não está na mãe ou no ambiente dos leitões. Especificamente, deve verificar-se a produção de leite de maneira adequada. Em alguns casos, é aconselhável administrar ocitocina para estimular a ejecção do leite.
Assegurar o estado de saúde da mãe implica ver que a porca se levanta todos os dias, se mexe e defeca, comprovar que não tem febre e se for detectado algum sinal de doença tratá-la com o tratamento correspondente: anti-inflamatórios esteróides ou não esteróides e antibiótico se necessário.
Conta-nos uma medida muito eficiente, ainda que demasiado pouco usada, na sua opinião: deixar que a porca sai do parque e ande um pouco pelo pavilhão. Admite que é um maneio trabalhoso e pouco comum, mas ajuda a porca a "activar-se" fisiologicamente e pode ser muito útil em algumas ocasiões.
Cantín também dá importância ao tratamento da porca pois, quando a ninhada tem um problema, a porca vai ter outro: dor nas mamas porque não vão sugar com força e não vao tirar todo o leite. O uso de anti-inflamatórios na porca será importante, e até o uso de antibióticos, quer ela apresente febre ou não, porque as porcas hiperprolíficas, com tantos recém-nascidos, são mais propensas a retenções, mais partos distócicos, são mais manipuladas. O uso de prostaglandinas pós-parto pode ser aconselhável, dependendo da história da exploração.
Vraeghe refere que, em alguns casos que requerem tratamento com antibióticos, eles preferem a opção de prevenir a diarreia garantindo uma boa saúde intestinal da porca na hora do parto, uma vez que a contaminação microbiana da sala de parto dependerá em grande parte do que a porca excreta nas fezes.
O perigo dos tratamentos preventivos
Guedes e Vraeghe alertam sobre uma medida frequentemente usada, o uso de antibióticos de maneira preventiva nos leitões durante os primeiros dias de vida têm um impacto negativo na microbiota nos animais. Na opinião de Guedes a disbacteriose que vai ser provocada aumenta muito a probabilidade de ter problemas causados por Clostridium dificille. Prefere usar probióticos para os leitões como medida preventiva.
Tratar os leitões quando se apresenta uma diarreia neonatal mediante atenção a sua mãe, rehidratação dos leitões, antibioterapia e melhoria do conforto é absolutamente necessário mas, tal como foi descrito nesta série de artigos, a melhoria real da diarreia neonatal requer uma abordagem extensa tal como se motra na tabela resumo (tabela 1).
Tabela 1. Neste decálogo apresentam-se sintetizados os pontos de relevância que cada um dos especialistas foi desenvolvido ao longo desta série de artigos os quais são de grande importância para o controlo das diarreias neonatais.
1. | Diagnóstico adequado dos agentes implicados. |
2. | Prevenção necessária através do uso de vacinas comerciais e autovacinas. |
3. | A exposição oral controlada pode ser necessária em alguns casos mas deve limitar-se a algumas patologias e sempre de maneira controlada. |
4. | A limpeza e desinfecção adequada e o vazio sanitário entre lotes são protocolos indispensáveis no controlo da diarreia. |
5. | A qualidade da alimentação na fase final de gestação e ao início da lactação tem um impacto no aparecimento das diarreias. |
6. | O maneio da alimentação e da água deve ser revisto também quando afrontamos estes problemas. |
7. | Assegurar que os leitões injerem colostro suficiente. |
8. | O ambiente inadequado, as correntes de ar, etc. são factores causadores de diarreia. |
9. | Re-hidratação e antibioterapia são os tratamentos mais eficientes. |
10. | Não esquecer de atender a porca. |