30 de Setembro de 2013
A segunda quinzena de Setembro caracterizou-se por uma forte descida na cotação (-0,08€/kg carcaça) da Bolsa do Porco em Portugal.
Este comportamento do mercado foi consequência do que se passou em toda a Europa, que se deixou arrastar pelos acontecimentos da Alemanha.
Com efeito, o mercado alemão desceu 0,10€/kg carcaça, que a somar à descida de 0,08€ da quinzena anterior, perfaz um total de 0,18€/kg. Descida brutal, sem dúvida e bastante inesperada há umas semanas atrás.
Na realidade, há cerca de 1 mês ninguém previa que a Alemanha pudesse descer a sua cotação desta maneira.
O que aconteceu para que se alterassem os pessupostos de mercado?
A Alemanha começou a ter dificuldade em escoar a sua carne, principalmente para os mercados de Países Terceiros, e para encontrar alguma competitividade a sua indústria teve que baixar os seus preços de venda, e consequentemente "obrigou" os produtores alemães a baixar a cotação dos porcos.
Este turbilhão alemão influenciou todo o mercado do porco Europeu e a Espanha - o 2º maior produtor de suínos da União Europeia - também desceu a sua cotação esta quinzena mas a descida foi inferior à alemã.
A Espanha "apenas" desceu 0,066€/kg PV (cerca de 0,085€/kg carcaça). Os espanhóis posicionam-se para não perderem mercado como é natural.
Como é hábito, a holanda e a Bélgica desceram praticamente o mesmo que a Alemanha. Espacificamente, a Holanda desceu 9 cêntimos/kg carcaça e a Bélgica desceu 8,5 cêntimos/kg PV (esta descida é maior que a alemã e a holandesa).
Estes países estão muito dependentes do mercado alemão, mas na produção suína da U.E. quem não está dependente do mercado alemão?
A resposta é: a Dinamarca. Com efeito, os dinamarquses mantiveram as suas cotações nesta última quinzena de Setembro o que é bem demonstrativo de que o seu mercado do porco é um "caso à parte" no contexto Europeu e Mundial.
Os dinamarqueses justificam esta manutenção com uma boa fluidez e bom escoamento de carne para todos os Países seus clientes, quer sejam do mercado interno como de Países Terceiros.
Por fim a França. Os franceses desceram 0,113€/kg carcaça nesta quinzena. Ou seja, acompanharam a descida da Alemanha na sua totalidade e referem que este país teve forte influencia na sua descida de cotação.
Os pesos aumentaram consideravelmente (cerca de 250g em média) já que tem havido alguma dificuldade na venda de carne, principalmente para Países Terceiros e o mercado interno também apresenta dificuldades de consumo da carne. Por outro lado, nas sessões do MPB todos os lotes de porcos têm sido vendidos, não ficando lotes por vender, como algumas vezes ocorre naquela Bolsa de transacções reais de animais o que é sinónimo dos matadouros procurarem porcos para abater.
Parece que o mercado francês anda um pouco confuso.
O Verão foi bastante quente e os porcos cresceram pouco. Agora que as temperaturas são mais amenas os porcos crescem, e bem, o que aliado a uma menor procura de carne leva a um excedente pontual de porcos para abate. Este aumento de oferta conjugado com a menor procura de carne e a necessidade de preços mais competitivos nos mercados de países Terceiros levaram a estas descidas. Pensa-se que as descidas a partir de agora (se as houver) serão muito menores do que as ocorridas nestas últimas semanas e que o mercado terá tendência a estabilizar e a inverter cotações.
Veremos se assim é.