Introdução
A unidade de engorda destina-se a satisfazer as necessidades dos porcos uma vez superadas as primeiras semanas, difíceis, posteriores ao desmame. Geralmente, o período de engorda começa quando o peso vivo alcança 20-35 kg, o que equivale a uma idade de 10-13 semanas. O período de engorda varia de país para país e depende do modelo de mercado e do peso no momento do abate. Mas, independentemente deste facto, a unidade de engorda deve proporcionar um ambiente cómodo, oferecendo condições óptimas para um índice elevado de crescimento e de conversão. Com frequência, dedica-se pouca atenção à unidade de engorda, tanto quando se desenha como quando se gere posteriormente. O resultado é que isto se repercute negativamente na produção.
Unidade de engorda: considerações
À semelhança da unidade de desmame, a unidade de engorda deve ser desenhada para uma gestão tudo dentro/tudo fora que permita a limpeza e desinfecção entre lotes e um estrito controlo ambiental.
O número de salas de engorda depende do ganho médio diário previsto, do peso vivo esperado quando os porcos entrem na unidade e do peso de abate. Dado que o período de engorda é mais longo que o período de desmame, pode ser mais difícil planificar o número de salas que são necessárias. De tal modo que, se o desenho da unidade for baseado num ganho médio diário elevado, pode não haver tempo suficiente para que todos os porcos finalizem a etapa de engorda a tempo, antes de que chegue o lote seguinte de desmamados.
Além disso, é importante ter em conta a estratégia para a saída dos porcos. Como a taxa de crescimento dos porcos é diferente, nem todos estarão preparados para o abate ao mesmo tempo. Se o peso vivo normal de mercado é de 100 kg, o peso médio dos porcos numa sala será de, sensivelmente, 80 kg quando os primeiros animais estejam prontos para o abate, enquanto que os mais pequenos apenas pesarão 60 kg.
As temperaturas elevadas e as doenças podem reduzir consideravelmente o índice de crescimento e aumentar a variação de pesos. Os efeitos produzidos são mostrados nas Figuras 1 e 2. O primeiro diagrama mostra a distribuição por pesos de porcos com um elevado índice de crescimento e baixa variação de pesos (desvio típico de 6 kg), o que significa que não foram especialmente afectados por condições ambientais nem sanitárias. O segundo diagrama mostra a distribuição por pesos de um grupo de porcos com um baixo índice de crescimento e uma elevada variação de pesos (desvio típico de 10 kg). A comparação das duas figuras indica que se leva mais tempo a vazar uma sala quando a variação de pesos é elevada.
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Figura 1. Distribuição por pesos dos porcos de um grupo com elevado índice de crescimento e baixa variação de pesos (dt = 6 kg) quando os primeiros porcos estão prontos para o matadouro com 100 kg. |
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Figura 2. Distribuição por pesos dos porcos de um grupo com baixo índice de crescimento e elevada variação de pesos (dt = 10 kg) quando os primeiros porcos estão prontos para o matadouro com 100 kg. |
Tabela 1. Critérios de desenho habituais de uma unidade de engorda para porcos com saída prevista aos 100 kg.
Peso no momento da transferência | ||
20 kg | 30 kg | |
Número de saídas | 3 | 3 |
Dias na unidade | 102 | 88 |
Dias para limpeza | 3 | 3 |
Espaço por porco, m2 | 0,65 | 0,65 |
Ventilação, m3/hr* | 15-140 | 15-140 |
Humidade relativa, % | 50-70 | 50-70 |
Temperatura, início** | 24 | 22 |
Temperatura, final** | 16 | 16 |
*A
taxa de ventilação depende do clima; num clima moderado, como
o dinamarquês, deve ser aplicada a taxa mais baixa, enquanto que deverá
ser aumentada num mais quente, como o espanhol. **É necessário aquecimento em zonas com baixas temperaturas invernais, enquanto que é necessária a refrigeração para contrabalançar os efeitos negativos das altas temperaturas do periodo de calor. |
Desenho do parque
Estudos dinamarqueses indicam que a forma do parque deve ser rectangular com
uma proporção comprimento/largura de 2:1, como a do parque de
desmame, o que se adapta a actividades como repouso, comida, defecação
e também a actividades sociais. Tendo em conta que o comprimento de um
porco de 100 kg no momento do abate é de, aproximadamente, 130 cm, a
largura do parque deve ser de, pelo menos, 2,2 m para satisfazer as necessidades
do porco. Os parques dinamarqueses têm, normalmente, 2,2–2,6 m de
largura e 4,5-6,0 m de comprimento, independentemente do sistema de alimentação.
As experiências demonstraram que o tamanho ideal do grupo é de
15-25 porcos por parque, e isto também coincide com a capacidade da maioria
dos comedouros que existem no mercado. Deve ser proporcionada uma fonte extra
de água aparte da administrada através do comedouro.
O slat deve ser de betão com uma largura de viguetas de 80-90 mm e um
espaço entre as aberturas de 18 mm, que é também a largura
máxima de ranhura, segundo a legislação da UE. De preferência
as grelhas devem ser instaladas sempre de tal modo que os porcos possam situar-se
paralelamente às viguetas durante a alimentação, já
que isto reduz as lesões nas patas.
Para sistemas de alimentação secos, o comedouro deve situar-se
aproximadamente a um terço do comprimento do parque, na zona mais próxima
do corredor, já que isto proporciona a melhor distribuição
espacial para a comida, a defecação e o repouso.

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Figura 3. Parque com alimentação em seco: separação entre parques é fechada na zona de repouso e aberta na zona de defecação. |
Para sistemas de alimentação líquida, o comprimento do parque é determinado pelo número de porcos que podem comer simultaneamente. A largura dos porcos que se abatem com 100 kg é de 32 cm, o que significa que um parque para 15 porcos deve ter um comprimento de 4,8 m.
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Figura
4. Os parques para alimentação líquida devem permitir
que todos os porcos comam simultaneamente.
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Figura
5. Os parques com sistemas de peso automático para grupos grandes
de porcos apresentam mais brigas, são de maneio mais difícil
e têm pior rendimento que os desenhos de parques mais tradicionais
para grupos mais pequenos.
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Bjarne Kornbek Pedersen. Danish Farm Design. Dinamarca