Introdução
A sala de partos é a construção mais cara de uma exploração suína, mas é uma das mais importantes. Deve proporcionar comodidade à porca e aos leitões recém-nascidos além de ter que dispor de espaço para que o pessoal leve a cabo o maneio. O objectivo da sala de partos é dar saída ao maior número possível de leitões com um peso elevado ao desmame. Certamente, a tecnologia é só uma parte desta equação a temperatura e o maneio também têm um papel importante.
Sala de partos: considerações
No primeiro artigo desta série demonstrou-se que, para uma lactação de semanas, a sala de partos deve desenhar-se para ser ocupada durante 5 semanas. Em segundo lugar, cada sala deve ser desenhada para um sistema tudo dentro/tudo fora que permita a limpeza entre lotes e um estrito controle da temperatura.
O número de jaulas por sala depende da genética e do tamanho da exploração, de modo que se se empregam híbridos prolíficos como os franceses ou danamarqueses, deverá ter 10-15% de jaulas extra por sala para as porcas adoptivas. Estas jaulas estarão vazias até que as porcas adoptantes sejam mudadas desde outra sala de maternidade. O número de jaulas necessárias para porcas de adopção pode-se calcular a partir do número médio de nascidos vivos e o número médio de leitões por porca depois da adopção cruzada.
Geralmente é suficiente uma sala de partos por cada lote de porcas. Contudo, em explorações de mais de 2.000 porcas poderia valer a pena dispor de duas salas de partos por lote para repartir os trabalhos de limpeza das jaulas e de deslocação das porcas durante mais dias. A versão americana consiste em desenhar cada sala de maternidade para 20-24 porcas e desmamar 4-5 dias por semana.
É de crucial importância o controle da temperatura da unidade de maternidade. Alojar na mesma unidade dois tipos de animais, com exigências de temperatura totalmente opostas, não é uma tarefa fácil. O leitão recém-nascido necessita uma temperatura de 34 ºC ao nascimento, que baixaa até aos 28-30 ºC ao desmame, enquanto que a porca requere preferencialmente uma temperatura de 20-22 ºC ao parto e 15-16 ºC às 3-4 semanas quando a produção de leite e o consumo de ração atingem o seu pico máximo.
Outro critério importante no desenho é o ruído. Segundo a legislação da UE, os níveis de ruído devem manter-se abaixo de 85 dB(A). Alguns estudos demonstraram que o padrão de cria e lactação poderia alterar-se e diminuir a produção de leite em porcas expostas a níveis de ruído similares ou superiores. Assim, haverá que ter em conta o ruído dos ventiladores.
Desenho do sistema
É fundamental satisfazer as necessidades biológicas dos leitões e das porcas ao desenhar a unidade de maternidade. A nível mundial, a resposta mais comum a este dilema foi a jaula de parto, da que existem uma grande variedade de desenhos. No que diz respeito às necessidades de temperatura dos leitões, resolve-se geralmente por meio de uma zona de descanso aquecida. Muitas vezes a zona de descanso consiste num colchão de água quente num ou em ambos lados da porca. Este tipo de desenho permite uma inspecção fácil dos leitões e uma limpeza sem esforço ao mesmo tempo que proporciona uma superfície quente para os leitões. Contudo, também dá calor extra à sala, o que é desfavorável para a porcda.
Um tipo de desenho mais recente inclui uma zona de descanso coberta e com colchão de água quente, o qual se usa com mais frequência no norte da Europa. A zona de descanso coberta proporciona um microclima para os leitões mas não afecta a temperatura da sala. Deve ter uma superfície de 0,7-0,8 m2 para que haja espaço suficiente para todos os leitões.
Durante os períodos de calor é necessária refrigeração para reduzir os efeitos negativos do calor gerado pela ingesta alimentar e a produção de leite da porca. Há que recordar que a produção de calor de uma porcda lactante é pelo menos o dobro da de um animal em gestação.
Desenho da jaula de parto
A segunda característica importante da jaula de partos é o controle dos movimentos corporais da porca enquanto está deitada. Investigadores dinamarqueses estudaram vários desenhos distintos. Recomendam umas dimensões de jaula de parto de 2,7 x 1,8 m para alojar raças prolíficas modernas. Por outra lado, propõem que o comprimento da jaula seja de 200-210 cm e tenha uma largura ajustável de 35 até 90 cm. A largura da jaula deve ser ajustável para deixar espaço para os leitões conforme cresçam. No parto a jaula deve ser estreita para obrigar a porca a deitar-se devagar.
As barras de aço das jaulas devem ser horizontais para facilitar o acesso à porca. A barra inferior deve ter separações verticais e não deve impedir a função de lactação e cria. As jaulas dinamarquesas estão sempre colocadas num canto que deixe espaço suficiente para a zona de descanso. Além de tudo, esta posição permite ao tratador mover-se com libertade ao redor da jaula sem saír do parque.
O solo não deve ferir a porca nem os leitões e não deve ser escorregadio na zona da porca, preferivelmente de ferro fundido de 10/10 mm, e deve proporcionar uma boa higiene do parque em geral.
As jaulas com slat total aumentam as emissões de amoníaco em comparação com as de slat parcial, mas são mais fáceis de limpar. As jaulas com slat parcial utilizam-se com mais frequência na Dinamarca dado que a frequência das lesões é mais baixa e a temperatura e a emissão de amoníaco são mais fáceis de controlar que nas de slat total.
Há que ter em conta que não está documentado que a elevação do solo na zona da porca evite o esmagamento dos leitões nem que melhore o rendimento da maternidade.
A falta de água é o primeiro factor limitante para uma produção elevada de leite. Portanto, deve-se oferecer à porca um bebedouro de água de alto rendiminto (10-13 litros/min). Um fornecimento baixo de água é uma das falhas tecnológicas mais frequentes nas salas de parto.
Os leitões também devem ter acesso a um bebedouro chucha ou concha. Mas é importante ter em conta a higiene da água. Dado que os leitões não activam o bebedouro de água durante o primeiro par de semanas depois do nascimento, há que retirar a água velha da ponta do cano antes de que comecem a usá-la.
O comedouro da porca deve ter uma forma que se adapte à sua anatomia (cabeça) e aos seus movimentos ao comer. No geral, deve ter uma capacidade de 20 litros no mínimo. O desenho do comedouro deve ser fácil de limpar, sem esquinas cegas nem bordos afiados que possam ferir a porcda.
Figura 1. Comparação de jaulas com grelha total ou parcial.
• Slat total: - Ferro fundido sob a porca. - Plástico nas laterais. - Boa higiene. - Temperatura ambiente elevada. - Emissão de amoníaco elevada. |
• Slat parcial: - Solo de betão debaixo da porca. - Ferro fundido 110-120 cm parte traseira. - Higiene de média qualidade. - Temperatura ambiente baixa. - Emissão de amoníaco baixa. |
Figura 2. Novas recomendações dinamarquesas para o desenho do parque de maternidade.
• Jaula - Lateral ajustável. - Espaço para cria. - 20 cm detrás da porta traseira . • Jaula - 180 cm x 270 cm. • Zona de descanso - 0,8 m2 de zona de descanso. |
Bjarne Kornbek Pedersen. Danish Farm Design. Dinamarca