Introdução
O principal objectivo da unidade de desmame e de engorda é proporcionar um ambiente confortável que forneça as condições óptimas para obter óptimos índices de crescimento e de conversão alimentar. Na prática, em comparação com as condições naturais, o desmame caracteriza-se por uma separação brusca da mãe a uma idade precoce assim como um mudança completo de dieta, método de alimentação, ambiente ao seu redor e companheiros. Além do mais, o porco está exposto ao maneio e, em alguns casos, ao transporte para outro local. Por último, a capacidade do porco para aprender o modo de aceder ao alimento e à água também constitui um desafio. Cada uma destas mudanças é um episódio stressante, o que faz com que as primeiras semanas depois do desmame sejam especialmente decisivas para o leitão recém desmamado.
Unidade de desmame: considerações
A unidade de desmame deve estar desenhada para um sistema tudo dentro/tudo fora que permita a limpeza e desinfecção entre lotes e um estrito controle ambiental.
O número de salas de desmame depende do ganho médio diário previsto e do peso esperado no momento em que os porcos abandonam as baterias seja para venda ou para a sua transferência para a engorda. Em Espanha, os porcos mudam-se ou vendem-se com um peso de cerca de 20 kg, que é algo mais baixo que no norte de Europa, onde o peso normal no momento da transferência é de 30 kg. A diferença de peso na transferência afecta o desenho, tal e como mostra a seguinte tabela.
Tabela 1. Efeito do peso na transferência sobre os critérios de desenho (peso inicial = 7 kg)
Peso na transferência
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20 kg
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30 kg
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GMD (g/d) |
350
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450
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Dias |
39
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53
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Dias de limpeza |
3
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3
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Densidade (m2/porco) |
0,25
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0,35
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Ventilação (m3/h) |
25-38
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45-68
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HR (%) |
50-70
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50-710
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* A taxa de ventilação depende do clima, num clima moderado como o dinamarquês deverá aplicar-se a taxa mais baixa, enquanto que deverá aumentar-se em territórios mais quentes como o espanhol. |
Ambiente e desenho
Figura 1. Parque típico de baterias quentes com solo totalmente em grelha e calor ambiental. |
Uma investigação pioneira realizada durante as três últimas décadas relativa ao equilibrio, produção e necessidade de calor dos porcos trouxe importantes directrizes para o desenho das instalações de desmame. Assim, é bem conhecido que o porco jovem é bastante sensível ao frio e às correntes de ar de modo que a temperatura no momento do desmame deve ser de uns 30 ºC. O desenho da unidade pode adaptar-se às necessidades caloríficas dos porcos de várias formas. O desenho mais corrente inclui a chamada transição quente, que consta de uma sala aquecida com baterias totalmente em grelha com ventilação e calor controlados automaticamente (figura 1).
Uma variação deste desenho consiste num sistema com aquecimento suplementar do solo com painéis incorporados no sistema do pavimento (figura 2). Em ambos sistemas o consumo de energia é elevado devido a que deve aquecer-se toda a sala até atingir uma temperatura de 30 ºC, que logo se vai diminuindo gradualmente até aos 20 ºC antes de que os porcos abandonem a unidade.
Não obstante, existe um desenho mais recente (figura 3), que pelo momento se está a utilizar exclusivamente na Dinamarca e outros países nórdicos, conhecido como sistema de dois climas, que consta de uma bateria parcialmente em grelha com uma zona coberta para os porcos se deitarem. O solo que fica debaixo da cobertura aquece-se com canalização de água quente nas duas primeiras semanas após o desmame. Depois suspende-se o aquecimento e a produção de calor dos próprios porcos é suficiente para manter quente a sala debaixo da cobertura. A cobertura pode-se levantar durante o último par de semanas em que as necessidades de calor são menores. Como a temperatura da sala se pode reduzir a 24 ºC nas baterias, o consumo de energia é geralmente 50% mais baixo que numa instalação de baterias aquecidas. A utilização da cobertura aumenta a temperatura em +6 ºC de forma que a temperatura debaixo da cobertura é de 30 ºC enquanto que a temperatura da sala ao príncipio é de 24 ºC. Além do mais, este desenho proporciona aos porcos mais opções e um ambiente mais variado que uma bateria totalmente em grelha e portanto considera-se que produz maior bem-estar.
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Figura 2. Bateria quente com pavimento parcialmente em grelha e aquecimento do solo. | Figura 3. Bateria de dois climas com pavimento parcialmente em grelha e aquecimento do solo. |
Desenho da bateria
Estudos dinamarqueses indicam que a forma da bateria deve ser rectangular com uma proporção comprimento/largura de 2:1, o que se adapta a actividades como repouso, comida, defecação e também actividades sociais.
As provas demonstraram que o tamanho ideal do grupo é de 20-25 porcos por bateria e isso também coincide com a capacidade da maioria dos comedouros que existem no mercado. Deve proporcionar-se uma fonte extra de água à parte da fornecida por meio do comedouro.
É mais provável que se produzam lesões nas patas com réguas estreitas e ranhuras largas. Os pavimentos de plástico funcionam bem em instalações totalmente em grelha, mas os porcos devem ter acesso a uma superfície mais áspera, tal como o betão, quando atingem um peso de 20 kg para evitar as unhas compridas e lesões nas unhas. Nas baterias de dois climas, o pavimento em grelha deve ser de ferro fundido de 14/14 mm, o que proporciona uma melhor higiene.
Bjarne Kornbek Pedersen. Danish Farm Design. Dinamarca.