Descrição da Exploração
O caso deste mês apareceu numa exploração de ciclo fechado de 250 porcas localizada na Bretanha francesa.
A exploração tem um maneio em bandas de 28 dias. Areposição de reprodutores é externa e a recolha de sémen realiza-se na própria exploração. A empresa fabrica a sua própria alimentação.
Distribuição da exploração:
Estatuto sanitário
A exploração é indemne para Aujeszky e com antecedentes de PRRS e PMWS.
O plano vacinal que se aplica é o seguinte:
Porcas
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Aujeszky
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Influenza
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Parvovirose
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Mal Rubro
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Colibacilose neonatal
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Rinite atrófica
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Leitões
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Micoplasma
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Aujeszky
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Aparecimento do caso
Programa-se uma visita dias mais tarde, período durante o qual se envia um segundo leitão para o laboratório.
Resultados dos primeiros exames
O último leitão enviado para o laboratório apresenta os mesmos sintomas e lesões macroscópicas de meningite.
Conhecidos os resultados do exame, as análises bacteriológicas não dão nenhum resultado ao nível das meninges, líquido cefaloraquídeo, gânglios mesentéricos e articulações. Tampouco se observa a presença de Streptococcus suis nem Haemophilus parasuis.
Recolhem-se amostras de cérebro e de medula espinal para realizar uma histologia.
Que factores deveriam vigiar-se com vista à próxima visita?
Visita à exploração e primeiras medidas tomadas
Gestação e lactação |
Normal, não se observam problemas reprodutivos (90% de fecundidade), sem abortos. O número de leitões desmamados por porca (>11) está a aumentar. O aspecto das porcas e dos leitões em lactação é bom, não se observam sintomas. |
Post-desmame |
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Engorda |
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Enfermaria |
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Medidas tomadas à espera dos resultados do laboratório
- O Suinicultor isola os animais afectados e o veterinário propõe incluir na água de bebida vitamina E e selénio para melhorar a resposta imunitária.
- Ainda que em principio não se pense numa infecção bacteriana como causa dos sintomas neurológicos, a injecção com ampicilina e colistina junto com um anti-inflamatório no primeiro dia pode ter sido útil para aliviar os animais e prevenir possíveis infecções em animais débeis.
Realizarias alguns exames complementares? Quais?
Resultados definitivos e diagnóstico
Resultados das análises histológicas:
Medula espinal: poliomielite não supurativa
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Cérebro: encefalite não supurativa com manguitos perivasculares e focos de gliose
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Imagens: Serviço de histopatologia do E.N.V.N. |
A histologia conclui que existem lesões de poliomielite e encefalopatia compatíveis com a hipótese viral tipo Talfan.
Diagnóstico
Problemas neurológicos de origem vírica provavelmente de tipo Enterovirus Talfan.
Visto o contexto económico desfavorável e a curta duração do episódio patológico, decidiu-se não investir em análises virológicas para confirmar definitivamente o diagnóstico.
Medidas tomadas e evolução do caso
Medidas tomadas
- Isolamento dos animais doentes.
- Eliminação dos animais com sequelas.
- Dupla desinfecção: primeiro com glutaraldeído + amónios quaternários que o Suinicultor utiliza habitualmente e depois com trocloseno para ter uma segunda acção viricida.
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Localização das porcas com risco se o fenómeno continua.
Recomenda-se um trabalho mais profundo para melhorar as normas zootécnicas (para a prevenção da colibacilose).
Evolução do caso
Quinze dias depois da visita à exploração não se observaram novos casos neurológicos. Por contra, os casos de colibacilose tornaram-se mais frequentes.
Comentários
Aparecimento do caso
Numa exploração de ciclo fechado de 250 porcas situada na Bretanha francesa o Suinicultor observa a presença de desordens neurológicas de tipo paresia da parte posterior em leitões desmamados. Acostumado à presença de casos de meningite estreptocócica e devido ao baixo número de casos e à não presença de mortalidade, o Suinicultor não reagiu com rapidez. Só a estranheza suscitada pelo comportamento dos animais o fez levar a analisar um dos animais.
Em princípio, o aparecimento das desordens não parece ser devida a um fenómeno desestabilizante dentro da exploração (entrada de primíparas, sintomas que fizeram pensar num surto concomitante de PRRS).
Visita à exploração
Após os resultados da primeira autópsia o veterinário descartou em princípio que se tratava de uma infecção bacteriana (ausência de lesões, sem isolamento).
Por outro lado, a ausência de patologia reprodutiva (principalmente abortos), de mortalidade de leitões ou de sinais nervosos nas mães, assim como a presença de poucos problemas respiratórios na engorda e o bom estado de saúde dos cães da exploração e dos leitões doentes eliminou a hipótese da presença de Aujeszky, doença de presença muito pouco provável na região onde se encontra a exploração.
A ausência de produtos potencialmente tóxicos, o escasso número de animais afectados, a elevada hipertermia e os sintomas tampouco fizeram pensar numa intoxicação.
A influência de micotoxinas parecia também pouco provável (carência de sintomas nos leitões mais jovens, poucas descrições de micotoxinas com efeito neurotóxico em porcos).
Após estas hipóteses o veterinário colocou a possibilidade de uma falta de vitamina E-selénio ou síndroma de stress devido à forma de andar rígida de alguns dos animais, a hipertermia podia explicar-se, mas não havia morte cardíaca nem lesões.
Só restava a hipótese viral. ¿Uma forma nervosa do PRRS? Mas além de ser rara, parecia assombroso que não houvesse lesões respiratórias associadas.
Finalmente, a forma de andar dos porcos, a baixa mortalidade e o restabelecimento da maioria dos animais fez pensar na doença de Talfan, ainda que a idade do aparecimento dos sintomas era um pouco tardia em relação ao descrito na bibliografia. O facto de ter vários casos num mesmo parque fez pensar numa menor protecção conferida por algumas mães ou a um contágio por proximidade. O veterinário excluiu a forma Teschen que à priori não está presente em França e que causa muita mortalidade.
Medidas tomadas
O Suinicultor já tinha tomado a medida mais acertada, ou seja, o isolamento dos leitões afectados na enfermaria. Não obstante, tinha voltado a alojar na engorda os primeiros animais afectados e já curados. A utilização de vitamina E e selénio tinha por objecto não deixar de lado um possível erro de premix e de "dopar" o sistema imunitário e muscular para evitar novos casos. A utilização de ampicilina-colistina-dexametasona limita as infecções posteriores e alivia a inflamação das meninges. O veterinário comenta também a necessidade de reforçar a desinfecção já que nos encontramos ante um virus muito resistente.
Evolução do caso
O problema regrediu muito rapidamente, limitando-se a 3 bandas, ou seja, 9 semanas. Isto pode explicar-se pela forte imunidade que se estabelece no início do contacto com este tipo de virus. Os Suinicultores que não tomam precauções particulares entre os diferentes sítios da exploração é provável que tenham porcas eventualmente não imunizadas que tenham estado em contacto com o agente patógeno presente em grande quantidade devido à sua expressão clínica. Em paralelo existe um retorno de colibacilose típica devido à transição alimentar. Tampouco é improvável que os esforços realizados para suprimir o síndroma do atraso de crescimento, utilizando em particular a limitação das misturas de animais em todas as fases, tenham causado uma imunização mais lenta dos porcos frente a outros gérmens.