15 de Novembro de 2013
Manteve-se a descida, forte, na cotação dos porcos em Portugal no decurso da primeira quinzena de Novembro.
O total da descida na Bolsa do Porco foi de 0,094€/kg carcaça.
Desde o início da descida das cotações, que ocorreu há precisamente 2 meses atrás (em meados de Setembro), o valor total acumulado de descida foi de 0,30€/kg carcaça, o que representa uma redução de receita, para os suinicultores portugueses, de cerca de 25,00€/porco abatido.
Por outras palavras, a redução de 0,30€/kg na cotação representa uma redução de perto de 15% nas receitas dos produtores.
Muito significativa, sem dúvida.
Esta redução de cotação, que talvez não se fique por aqui, fez emorecer a moral dos suinicultores que estavam a atravessar um ano interessante em termos de recuperação dos prejuízos de anos anteriores e que lhes tem permitido ir fazendo os investimentos de adaptação das explorações às normas de bem-estar animal. Com menos dinheiro disponível, haverá, de novo, mais dificuldades em fazer face às despesas correntes (aos factores produção) e ainda maiores dificuldades para completar os investimentos nas explorações.
Como sempre acontece, o mercado do porco é ciclico e nestes últimos dois meses estamos num ciclo de descida. Veremos quando inverte.
O mercado Europeu, que tem tido as suas convulsões nas últimas semanas, teve a somar o Feriado de Todos os Santos que implicou menos um dia de abates e o dia de S. Martinho, que também foi feriado em França.
Com menos dias de abate o mercado costuma "enrolar-se" devido à pressão da oferta de porcos feita por parte dos produtores.
Aumenta a oferta, reduz-se a procura e a tendência é para que o preço ainda desça mais. E foi isso que acabou por acontecer.
Em Espanha, na Bolsa de Lérida, as cotações também desceram 0,073€/kg PV (cerca de 0,10€/kg carcaça) o que é uma descida idêntica à portuguesa (melhor, a descida em Portugal é que foi idêntica à espanhola) e isto deveu-se à forte concorrência da Alemanha, que teimou em descer a cotação dos seus porcos, tornando a carne alemã mais competitiva no mercado Europeu e de Países Terceiros.
Os espanhóis referem que as cotações, neste momento, são idênticas às de 2011 e estão abaixo das cotações de 2012 na maioria dos países Europeus (exceptuam-se a própria Espanha e a Dinamarca, cujas cotações actuais estão a "meio caminho" entre as cotações de 2012 e 2011).
De todas as formas, a Espanha vê-se numa situação em que uma boa parte dos seus matadouros ainda não pode exportar para a Rússia, tal como acontece com a Alemanha e quem se está a "safar" com esta proibição é a Dinamarca que tem aumentado substancialmente as suas exportações de carne refrigerada para a Federação Russa.
Estas dificuldades que os matadouros alemães estão a ter na exportação para a Rússia tem exercído uma pressão negativa no mercado do porco daquele país que tem tido o efeito de contágio para os restantes países Europeus.
Com efeito, a Alemanha desceu "apenas" 0,04€/kg carcaça nesta quinzena, mas teve comportamentos distintos em cada uma das semanas da mesma. Assim, na primeia semana desceu 0,07€/kg carcaça e na segunda semana subiu 0,03€/kg carcaça, o que é um sinal positivo dado ao mercado Europeu.
Com a descida alemã (que afectou fortemente a Espanha) também desceram a Holanda e a Bélgica, o que já é habitual naqueles dois países. A descida foi de 0,04€/kg em cada um dos países. Igual à descida alemã, portanto.
A Dinamarca acabou por se ver arrastada pelas fortes descidas das últimas semanas em toda a Europa e acabou por descer 0,06€/kg carcaça nesta quinzena apesar das vendas de carne para o mercado da U.E. e, principalmente, para Países Terceiros, andarem em bom ritmo.
Em França, o total da descida foi de 0,067€/kg carcaça. Os franceses, apesar do bom nível dos abates, foram dos países que tiveram feriado no dia 1 e no dia 11 de Novembro (menos 2 dias de abates em duas semanas consecutivas) e este facto ajudou a pressionar negativamente o mercado levando à descida das cotações que já se viam pressionadas pelas descidas que estavam a acontecer nos restantes países Europeus.
Espera-se que, com a subida da Alemanha, a descida tenha terminado para as cotações do porco europeu porque, na minha opinião, estas estão no limite. A ver o que ocorre daqui para diante depois da "tempestade nos preços" destes últimos 2 meses.