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...e finalmente chegou a descida, e agora?

No dia a dia do mercado de matérias primas parece que não ocorre nada mas nada mais afastado da realidade!.

Como já comentei várias vezes, no dia a dia do mercado de matérias primas parece que não ocorre nada mas nada mais afastado da realidade!. Para amostra um botão: há um mês a cevada valia 215 €/ton no destino e o trigo da nova colheita 230 €/ton nos portos. Disse que os mercados dariam uma oportunidade de compra, e deram-na! O trigo começou a ceder e a partir dos 225 €/ton para posições Agosto/Outubro começaram-se a fazer operações, com a descida do mercado, continuaram-se a fazer operações a 200 €/ton e a 190 €/ton. Actualmente estamos em redor dos 185 €/ton para a mesma posição Agosto/Outubro/2011. A descida do trigo trouxe consigo a descida de preço da cevada, que cedeu até aos 195 €/ton preço de destino. Os motivos da descida são vários, vamos ver alguns:
• Já estamos em plena colheita no hemisfério norte e salvo honrosas excepções, esta é normal ou boa. As últimas chuvas na Europa parece que farão com que não se cumpram os augúrios de más colheitas de que corriam rumores ultimamente.
• A 30 de Junho finalizou o chamado QE2. Para entender, marca o final do plano da reserva federal americana (FED) mediante o qual injectava liquidez na economia. É de supor que este facto obrigará algumas instituições a mudar posições devido à restrição de liquidez.
• A China continua com o seu papel de Gigante Adormecido. A sua política de “esfriar a economia”, ou o que é o mesmo, limitar o crescimento para que não se descontrole a inflação. Por esse motivo ultimamente não aparece nos mercados.
E agora? Antes dizíamos que o trigo a 30 pts/kg (ou o que é o mesmo 180 €/ton) não era caro. Ainda que também seja certo que o comprámos abaixo desse preço (sem ir mais longe, no ano passado chegou-se a comprar a 140 €/ton) não devemos esquecer o óbvio: que não é caro. O importante é poder estabelecer o preço a partir do qual uma mercadoria não é cara. Resumindo, entendo que com prudência os compradores deveriam continuar a tentar cobrir as suas posições, alargando-as pouco a pouco até Dezembro/2011. Se o comprador continua a cobrir e não há nenhuma notícia que justifique uma mudança brusca de tendência, o mercado poderia continuar a ceder.
A cevada resiste a ceder por diferentes motivos. Na campanha pagaram-se preços mais caros (215 – 220 €/ton segundo as zonas), isto é suficiente para que ao agricultor lhe custe vender, sobretudo este ano que tem espaço e dinheiro. Estamos em Julho/2011 e até meados de Agosto/2011 não chegará o trigo da nova campanha aos portos, pelo que a procura de cevada é muito alta. Para mais INRI o milho, que depende quase em exclusivo de França, não está pelos ajustes e continua a estar a preços não competitivos 265 - 270 €/ton no destino. Possivelmente porque é certo que em França não há muito stock, e não há que esquecer que a nova colheita não chegará até Outubro, ou seja que ainda nos faltam 3 ou 4 meses, o que limita ao mínimo o seu consumo. Em definitivo, durante o mês de Julho e parte do mês de Agosto vai-se viver da colheita nacional de cevada e de trigo, e do trigo que vai chegando aos portos.
Pelo demais entendo que este ano, pelo menos nos próximos meses, a parte de leão no que aos cereais diz respeito será do trigo e da cevada, à espera da colheita de milho e da possibilidade de voltar a trazer sorgo, mas deveremos esperar até Outubro pelo menos. No momento a possibilidade do centeio alemão ou polaco é escassa, já que o consomem as fábricas de etanol do centro da Europa por ser o cereal mais barato.
E agora como sempre um apontamento sobre a proteína, a soja chegou a estar abaixo dos 280 €/ton, mas continua a estar num compasso de espera, já que não se vê uma tendência clara. Actualmente volta a estar em níveis de 290 €/ton. Continuo a pensar que ao nível de 280 €/ton se devem continuar a tomar posições a um prazo maior que 15 dias.
A colza vai cedendo mas não o suficiente, pelo que o seu consumo se reduziu espectacularmente. Actualmente cotiza entre 212-215 €/ton, e continuamos a esperar o aparecimento da farinha de girassol e em geral ter ofertas um pouco mais competitivas.

Jordi Beascoechea
Subministradora de Cereals SL

Jordi Beascoechea

Escrito em 06/07/2011

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