Um estudo canadiano avaliou o efeito sobre o bem-estar e a qualidade da carne em porcos em diferentes condições de transporte para o matadouro: duração (6,12 ou 18 horas), estação do ano e situação dentro do camião.
Durante um periodo de oito semanas (quatro semanas no Verão e quatro no Inverno) foram carregados três camiões com porcos de 121 kg destinados ao matadouro. Antes de sair, foram pesados e identificados 16 porcos por camião. Os animais eram submetidos a um jejum nas 8-9 horas anteriores à viagem. Cada um dos três camiões eram carregados em intervalos de seis horas para que, depois das 6, 12 ou 18 horas de viajem, chegassem ao matadouro no mesmo momento. O matadouro estava situado a 300 km da exploração e o transporte era realizado por rotas mais longas ou mais curtas para conseguir as diferentes durações. Os porcos viajavam a uma densidade de 0,38 m2/porco (segundo a legislação canadiana). A temperatura média durante as deslocações no Inverno foi de -13,4°C e no Verão de 25,9ºC. Os 16 porcos identificados à saída distribuiram-se pelos quatro compartimentos do camião estudados (C1, C4, C5 e C10). O tempo de espera no matadouro era de 1,5 h, durante as quais tinham acesso à água.
Stress
A concentração de creatina quinase (CK) foi afectada pelo compartimento e a duração do transporte, sendo mais elevada nos transportes mais longos e nos compartimentos C4 e C10. Nos compartimentos como C1 não incrementou a CK nem nas viagens mais longas.
A estação afectou a concentração de cortisol, reflectindo-se num maior stress nos meses quentes (36,11 ng/ml em relação aos 27,42 ng/ml registados no Inverno).
A concentração de lactato (indicador de esforço físico e stress) foi significativamente menor em C10 que nos outros compartimentos. No Verão não havia diferença entre compartimentos, mas no Inverno era superior em C1 e C4.
Qualidade da carne
Quanto maior a duração da viajem, menor a perda por exsudação C4 e C10, enquanto não variava em C1 nem em C5. Pelo que respeita à estação, os porcos transportados em C4 no Verão tinham menores perdas por exsudação que os dos outros compartimentos. No Inverno, as menores foram as dos que viajaram em C10 (ainda que apenas tenha sido significativamente diferente, em relação a C5).
O pH dos que viajaram em C10 durante 18 h foi mais alto que o dos outros compartimentos. Em viagens de 6 h não foram observadas variações segundo o compartimento, enquanto que nos de 12 h C4 era significativamente superior a C1 e C10.
A cor (L*) do longissimus dorsi era significativamente maior em C4 e C10 que em C1 e C5.
Conclusões
Este estudo mostra que o transporte de porcos durante periodos longos aumenta o stress dos animais e reduz a qualidade da carne. No entanto, alguns compartimentos apresentam muitos mais efeitos que outros, especialmente C4 e C10, enquanto que C1 e C5 têm menos efeitos. Segundo estes resultados, grande parte do stress experimentado pelos porcos no transportes de longa distância poderia ser reduzido melhorando o desenho dos camiões e optimizando o maneio durante o transporte.
Brown J, Seddon YM, Crowe T, Widowski T, Bergeron R, Faucitano L, Gonyou H. Eff ects of transport duration on the stress response and pork quality of pigs. Prairie Swine Center, 2011 Annual Report