Descrição da Exploração
· Exploração de produção de leitões (até aos 8 kg) com 150 mães, ao ar livre e situada no oeste de França.
· O maneio realiza-se em bandas de 3 semanas, 7 bandas e desmame aos 28 dias.
· Realiza-se IA e as doses são adquiridas no exterior.
· As primíparas de substituição F1 entram em cada 6 semanas e são alojadas numa quarentena situada num sítio exterior a vários quilómetros.
· O alimento também se adquire fora da exploração utilizando fórmula única e alimentação seca.
· A água de bebida provém da rede mas trata-se de novo com peróxidos na exploração.
· A cada 3 anos realiza-se uma rotação dos parques de gestantes e maternidade.
· De forma regular usa-se cal.
Aparecimento do Caso
Desde há aproximadamente 20 meses que se verifica uma mortalidade importante dos leitões na maternidade, aproximadamente aos 4 dias de vida.
O índice de perdas de nascidos vivos varia entre os 30 e os 45% segundo as bandas. Nascidos vivos/ninhada=12.
Os primeiros casos apareceram em Julho de 2005 com um aumento progressivo do índice de perdas de nascidos vivos que se tornou alarmante no outono do mesmo ano.
A mortalidade é acompanhada de diferentes sintomas:
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A exploração faz parte de uma dezena de explorações que funcionam exactamente de igual modo com a mesma origem das primíparas, a mesma alimentação, o mesmo maneio mas contudo é a única que apresenta os problemas descritos.
As explorações de desmame-engorda dos leitões procedentes desta exploração apresentam resultados satisfatórios com uns índices de perdas desmame-venda correctos, sem presença de nenhuma patologia maior.
Antecedentes Sanitários e Preparação da Visita
Antecedentes sanitários
Estatuto sanitário: indemne para PRRS e Aujeszky.
Tratamentos regulares cada 4 meses com oxitetraciclina de todo o efectivo através da prevenção da leptospirose (2000 ppm 15 dias).
Preparação da visita
Documentos enviados pelo ganadero antes da visita.
Análises realizadas aos leitões que apresentavam diarreia em Março e Novembro de 2006:
Março 2006: dois leitões de 4 dias de vida
Leitão n°1
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Leitão n°2
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Necropsia |
Enterite congestiva Suspeita de enterite colibacilar |
Enterite necrótica |
Bacteriologia |
E coli não tipável Clostridium perfringens Staphylococcus hyicus |
E. coli não tipável Clostridium perfringens |
Novembro 2006: dois leitões de 8 dias de vida
Leitão n°1
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Leitão n°2
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Necropsia | Conteúdo líquido amarelado no intestino delgado sem inflamação da mucosa |
Enterite necrótica no jejuno Conteúdo líquido amarelado |
Bacteriologia | Clostridium difficile | Clostridium perfringens |
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Dados da Exploração
Reprodução
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Plano profilático actual
Vacinação das porcas |
Primíparas: parvovirose (2) + mal rubro (2) Porcas: rappel parvovirose + mal rubro durante a lactação |
Vacinação dos leitões | Nenhuma |
Tratamentos sistemáticos das porcas |
Tratamentos sistemáticos das porcas com oxitetraciclina (2000 ppm cada 4 meses, prevenção da leptospirose). Vermifugação com flubendazol cada 6 meses. Diurético cada 3 meses. |
Antibio-protecção dos leitões | Nenhuma |
Existe um contrato de desratização.
Visita à Exploração
Cobrição | |||
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Parques gestantes | |||
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Parques maternidade | |||
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Quarentena | |||
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Conclusões da Visita
As perdas de nascidos vivos apresentam-se em duas etapas: a primeira semana e o resto da lactação. Os principais tipos de mortes são três: morte súbita, leitões desfasados, diarreia.
Todas as ninhadas podem ser afectadas: existe a hipótese de uma infecção contagiosa geral, mas sem outros sintomas associados. Problema muito activo nas fêmeas.
Segundo a veterinária, Clostridium perfringens tipo C é importante porque o quadro clínico não é ambiguo.
Resultados dos Exames Complementares
Recuperação das análises precedentes
1) Análises Março 2006: 2 leitões de 2 dias
Necropsia | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Bacteriologia | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Antibiograma Escherichia Coli: |
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Antibiograma Clostridium perfringens: |
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Toxinotipia sobre Clostridium perfringens |
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2) Análises Novembre 2006: 2 leitõess de 8 dias de vida
Necropsia | |
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Bacteriologia | |
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Conclusão após as Análises
O quadro clínico e as análises realizadas são, aos olhos da veterinária, suficientes para confirmar a hipótese de diagnóstico: enterite necrótica devida a Clostridium perfringens tipo C como patógeno primário.
As diferentes formas da doença encontram-se certamente presentes na exploração:
Forma subaguda | |
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Infecção aguda | |
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Infecção subaguda | |
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Infecção crónica | |
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As condições da exploração ao ar livre dificultam as observações.
Fica uma questão essencial:
Porque, apesar de um quadro clínico relativamente claro e das medidas tomadas desde há 20 meses, o problema ainda persiste a este nível?
A veterinária decide retomar a história da exploração com o objectivo de compreender melhor a dinâmica da infecção e realizar uma melhor adaptação das medidas propostas.
Análise do histórico da exploração
Demografia do efectivo:
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Desde o aumento do efectivo:
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Evolução da clínica
Julho 2005- Outono 2005 |
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Outono 2005 - Agosto 2006 |
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Agosto 2006 - Abril 2007 |
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Propostas
EIXO PRINCIPAL: Associação vacinação das porcas e antibio-prevenção de porcas e leitões em primeiro lugar para controlar a pressão de infecção.
1. Vacinação anti-clostridiose: dupla injecção às 6 e 3 semanas antes do parto em todas as bandas.
2. Contaminação voluntária das primíparas: fornecimento de dejectos de porcas multíparas e de diarreias de leitões de diferentes ninhadas misturadas com um pouco de leite em pó às 6 e 3 semanas antes do parto.
3. Tratamento das porcas com tilosina: 200 ppm durante 15 dias de todas as porcas e na ração de lactação 100 ppm durante um ciclo.
4. Fornecimento de leveduras desde a entrada na maternidade e até 5 dias depois do parto.
5. Antibio-profilaxia sistemática dos leitões: injecção com uma associação de amoxicilina + ácido clavulânico no dia do nascimento, repetição da injecção às 48 horas nas ninhadas procedentes de primíparas.
Evolução do Caso
Primeiros resultados
Desde a banda tratada com tilosina + antibioterapia dos leitões + leveduras: | |
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Efeito positivo da tilosina sobre o aparelho digestivo das porcas: | |
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Bandas seguintes | |
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Maneio a realizar nas bandas seguintes | |
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Conclusão
Muito boa resposta à medicação por parte das primeiras bandas, tanto em porcas como em leitões.
Resultados inclusive mais satisfatórios à chegada das fêmeas vacinadas na maternidade com uma clara atenuação da clínica nas ninhadas procedentes de primíparas.
A enterite necrótica devida a Clostridium perfringens tipo C pode persistir durante vários anos em alguns casos.
A vacinação das porcas adultas deverá manter-se durante 3 anos no mínimo.
A medicação sistemática das porcas e os leitões será revista dentro de seis meses.
Comentários
Desde há aproximadamente 20 meses se verifica uma mortalidade importante de leitões na maternidade de uma exploração de produção de leitões (até aos 8 kg) com 150 mães, ao ar livre e situada no oeste de França. As mortes aparecem aproximadamente aos 4 dias de vida. O índice de perdas de nascidos vivos situam-se entre os 30 e os 45% segundo as bandas.
Depois de estudar o caso, a veterinária conclui que se trata de enterite necrótica devida a Clostridium perfringens tipo C.
O caso da enterite necrótica devida a Clostridium perfringens tipo C na importância da mortalidade e a persistência da clínica não é habitual.
Recordatórios sobre a patologia
Clostridium perfringens tipo C é um patógeno importante frequentemente primário. Este encontra-se presente na flora intestinal normal dos porcos, mas representa só uma proporção muito pequena da população total de Clostridium perfringens.
A transmissão produz-se principalmente por contacto de animal a animal, ainda que a infecção possa persistir no meio.
Os factores que predispõem o aparecimento da doença num efectivo são:
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Os episódios clínicos persistem, em média, um a três anos nos efectivos infectados.
O quadro clínico é específico especialmente durante a infecção do efectivo com uma mortalidade importante que aparece dentro dos 14 primeiros dias de vida, com presença de diarreia com sangue e restos necróticos.
Em casos subagudos ou crónicos, os síntomas são menos específicos e, frequentemente associados com outras bactérias.
Uma vez instalada a patologia, a clínica e a mortalidade podem ser muito altas nas ninhadas de porcas não imunizadas.
A forma subaguda pode persistir nos leitões de maior idade de porcas vacinadas.
O diagnóstico deve ser confirmado pelas análises laboratoriais: bacteriologia, histologia e toxinotopia podem estar associadas.
Segundo a veterinária,
A gravidade da patologia e a dinâmica de infecção devem ser tidas em conta de imediato. Nesta exploração, existiam dois importantes factores agravantes:
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A associação vacinação e antibio-prevenção centrada principalmente nos leitões são o eixo central das medidas a tomar desde o aparecimento dos primeiros casos.
Estas medidas devem manter-se associadas durante 6 meses.