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Esperando pelo milho

O preço do milho continua sob tensão para os tempos mais próximos, contudo as posições a mais longo prazo há pouco mais de um mês que quase não sofrem oscilações de preço.

O último relatório de stocks do departamento de agricultura dos Estados Unidos do passado dia 30 de Setembro continuou a fazer finca-pé num aumento de stocks de milho y de soja nos Estados Unidos, e uma diminuição dos stocks de trigo. Pelo menos uma vez, o mercado de Chicago comportou-se seguindo a lógica: os futuros, tanto na 2ª feira 30 de Setembro, como na 3ª feira 1 de Outubro, cotaram no vermelho em Chicago. Ora bem, o problema aparece quando tentamos transferir esta descida para o nosso mercado (o Europeu em geral e o mediterrâneo em particular), aqui a lógica detém-se.

Para começar iremos centrar-nos no milho. O preço continua sob tensão para os tempos mais próximos devido a estarmos no início da colheita e a oferta é escassa para o milho nacional, pelo menos até meados de Outubro, e insuficiente para cobrir a procura. Devemos ter em conta que as existências nos portos são muito escassas até à chegada dos barcos procedentes do Mar Negro. Contudo, as posições a mais longo prazo, quer seja Novembre/Janeiro ou Fevereiro/Maio, há pouco mais de um mês que quase não sofrem oscilações de preço (2 €/Tm acima ou abaixo dependendo do momento e da divisa). Particularmente o milho está sujeito a 3 sentimentos:

  • Será o cereal estrela nos próximos meses
  • A posição para Novembro/Janeiro está muito coberta no porto. A posição Fevereiro/Maio menos mas suficiente para dar tranquilidade, pelo menos aparentemente, ao comprador.
  • O importador não se sente cómodo porque teme que no Mar Negro ocorra o mesmo que no Brasil com a colheita de soja e que se colapse, aumentando demoras, e desse modo os custos logísticos. Comenta-se que a partir de Outubro só a Ucrânia deve exportar cerca de 1.000.000 Tm por semana de milho, trigo, cevada, colza, girassol…etc. Não esqueçamos que na parte da Ucrânia que tem costa do Mar Negro também se opera mercadoria da Rússia e de todo o Leste Europeu.

Quanto ao trigo, a problemática é distinta. No sul da Europa e Norte de África a colheita foi boa, mas a retenção por parte do agricultor é muito alta, por vários motivos:

  • O agricultor parte da premissa que todo o trigo é panificável e, como as moagens estão cobertas com matéria-prima, espera para vender primeiro a estes e se o trigo não alcança a qualidade que exigem, logo se verá.
  • O trigo, tal como a cevada, são cereais fáceis de armazenar e conservar, pelo que a prioridade é vender e tirar o milho dos armazéns.
  • O trigo procedente de países como a Ucrânia está penalizado com 12 euros de levy.

É provável que a descida prevista para o trigo e a cevada não a vejamos senão no próximo ano, sobretudo quando tenhamos dados da sementeira e prevejamos uma futura colheita mais ou menos boa, ou seja, entre Janeiro e Março. Além disso, e falamos de colheita própria, há bastantes agricultores em Espanha, e imagino que nos restantes países também, a quem não lhes interessa vender até ao próximo ano por questões fiscais, independentemente do preço. Isto também é válido para a cevada. Portanto, tudo me leva a pensar que pouco a pouco os preços irão cedendo à medida que avance a colheita e se alinhem com os preços do porto mais transporte. Tudo isto com um olho posto nos franceses que, hoje por hoje, continuam sem respirar. Entretanto assistiremos a fórmulas de ração baseadas basicamente em milho e em quatro kilos de trigo, de cevada, de centeio ou do cereal que seja.

Passemos agora a falar da soja. É uma pescadinha de rabo na boca. O mercado comprador, esperando a ansiada descida, não tem coberturas (canso-me... levamos dois anos a falar do mesmo?) e os importadores, ante a falta de vendas em futuros e com um mercado de futuros inverso, não trazem barcos. A isto devemos somar as paragens por motivo de manutenção anual que farão as duas extractoras em Barcelona e já teremos um cocktail que se repete mês a mês e faz com que, independentemente do comportamento do mercado de Chicago, o preço se mantenha alto aqui. Esta situação vai-se manter assim por mais um ou dois meses, pelo menos. Logicamente os produtos proteínicos que podem substituir parte do consumo continuam na esteira e mês a mês cotizam em alta (seja colza ou girassol). Em definitivo, continuamos como sempre.

3 de Outubro de 2013

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