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31 de Julho de 2020
Na segunda quinzena de Julho houve uma descida de 0,01€/kg carcaça na Bolsa do Porco, que se traduziu nalgumas descidas mais acentuadas nalguns matadouros. Todavia, o mercado continua equilibrado entre a oferta e a procura e os pesos têm descido devido à menor oferta e ao calor que reduz o seu crescimento.
Por outro lado, o mercado nacional tem-se aliviado de porcos ao enviá-los para abate em Espanha. A venda de porcos portugueses para matadouros espanhóis não é de agora e já vem de há uns meses a esta parte. Portugal, sendo deficitário na produção, consegue ter os porcos a preços mais baixos do que em Espanha – o maior produtor da Europa - e, por isso, consegue vender porcos para serem abatidos nos matadouros espanhóis.
A Espanha continua a enviar grandes quantidades de carne de porco para a China sendo o maior fornecedor deste tipo de carne para aquele mercado, à frente da Alemanha, dos Estados Unidos e do Brasil. Nos primeiros 5 meses de 2020, a U.E. exportou 2450 tons de carne de porco para Países Terceiros, sendo que cerca de 75% foram para a China (1470 tons).
Apesar de informações que dão conta do aumento do efectivo suinícola chinês, continuam a aparecer focos de Peste Suína Africana em explorações de grande dimensão e este tão propalado aumento de efectivo não deverá assim tão grande. Na realidade, a China continua a ter de importar enormes quantidades de carne de porco para satisfazer as necessidades do seu consumo.
Em todo o caso, se uma parte das compras chinesas de carne de porco são feitas na U.E, a outra parte é feita nos EUA. Os americanos continuam com os preços muito baixos e é apetecível comprar carne de porco nos Estados Unidos. Como referi no meu anterior comentário, os chineses estão a negar-se a comprar carne em matadouros europeus que tenham trabalhadores positivos à COVID-19, mas não o fazem em relação aos matadouros e salas de desmancha dos Estados Unidos.
A COVID-19 continua a ser um entrave ao normal desenrolar do mercado do porco, porque continua a afectar trabalhadores de matadouros e salas de desmancha um pouco por toda a Europa o que implica uma redução de abates de porcos e atrasos consequentes na saída de porcos das explorações. Valha-nos que o matadouro da Tonnies, na Alemanha (o maior da Europa) já votou a laborar em pleno, se bem que neste mês que esteve fechado tenha permitido a acumulação de muitos animais que não foram abatidos e que estão com muito peso. Este facto obrigou a Tonnies a rever a sua grelha de pagamento por peso.
Em Espanha a cotação baixou 0,022€/kg PV nesta quinzena (-0,029€/kg carcaça) para 1,30€/kg PV (1,733€/kg carcaça). Os pesos voltaram a descer, mas continuam cerca de 3kg acima dos pesos do ano passado na mesma altura. A Espanha continua com o preço mais alto da Europa e veremos que implicações terá, nas suas cotações, a saída do país dos corredores aéreos ingleses que obriga os cidadãos do Reino Unido a terem que fazer uma quarentena de 15 dias após regressarem de Espanha. A “guerra do turismo” continua ao rubro.
Na Alemanha, após as fortes descidas do início de Julho, a cotação manteve-se nesta quinzena em 1,47€/kg carcaça. O peso médio subiu 300g para os 97,5kg. No sul do país os pesos começam a baixar, o que é um bom sinal. Tem aumentado a procura de carne na Alemanha devido ao consumo interno. Já que os alemães não saem para ir passar férias, consomem carne de porco no seu país e isto traz mais equilíbrio ao mercado do porco alemão.
Na Holanda a cotação manteve-se em 1,47€/kg carcaça. O mercado holandês continua a ressentir-se da proibição de exportação de carne para a China que deveria ser realizada pelos matadouros da Vion. Assim, o mercado interno não consegue absorver toda a carne que é produzida, o que torna o mercado pesado e pouco fluido.
Na Bélgica a cotação também se manteve nos 0,94€/kg.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,41€/kg carcaça. Nota-se uma ligeira melhoria na procura de carne de porco na Europa, o que traz mais estabilidade após as fortes descidas das semanas anteriores.
Em França a cotação não apresentou qualquer alteração nesta quinzena tendo-se mantido em 1,293/kg carcaça. Os pesos subiram 400g para 95,4kg (mais 2 kg que na mesma semana de 2019) em função do feriado de 14 Julho que trouxe reduções nos abates.
O mercado europeu parece ter estabilizado de novo, após a turbulência do início de Julho. Veremos que impactos terá, nas cotações e mercado do porco, a não movimentação de turistas durante o Verão deste ano para os habituais destinos do Sul da Europa (Espanha, Portugal, Itália).
