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Estabilidade na cotação dos porcos à espera de melhores dias

A primeira quinzena de Novembro foi caracterizada pela manutenção da cotação dos porcos na Bolsa do Porco.

12 de Novembro de 2021

A primeira quinzena de Novembro foi caracterizada pela manutenção da cotação dos porcos na Bolsa do Porco. Este é um sinal de que o mercado atingiu o seu ponto mais baixo e que está equilibrado? Parece que sim e isto não deixa de ser um sinal positivo, apesar do grande sinal negativo que são os preços de venda dos porcos que estão muitíssimo abaixo do custo de produção.

Há preços para todos os gostos. Há produtores que vendem os seus porcos a 1,10€/kg carcaça, há outros que os vendem a cerca de 1,20€/kg carcaça e outros há que os estão a vender mais próximo de 1,30€/kg carcaça. Portanto, mercado fragmentado e disperso, com condições a características distintas, dão estas diferenças de preço de compra entre os matadouros nacionais.

Na Europa, e com excepção da Espanha onde a cotação continua a descer, ainda que muito ligeiramente, as cotações mantiveram-se em todos os restantes países, apesar do feriado de 1 de Novembro que afectou o volume de abates em todos os países europeus e o feriado adicional de 11 de Novembro em França que trouxe ainda uma maior redução dos abates neste país. Em princípio, e pelo comportamento das cotações, parece que aqueles feriados não tiveram influência negativa no mercado se bem que os pesos subiram um pouco por todo o lado. Veremos se os porcos acumulados nas explorações serão em número tão elevado que pressionem uma descida da cotação.

Entretanto na China, as cotações começaram a subir com algum significado no início de Novembro (+0,47€/kg PV) tendo levado a cotação para patamares acima dos 2,00€/kg PV, mais concretamente 2,08€/kg PV. Esta subida não deixa de ser interessante, mas colocam-se dúvidas quanto ao real motivo da subida. Será porque a procura por porcos para abate é maior que a oferta e na realidade confirma-se que houve abate de porcas reprodutoras há uns meses que se começam a reflectir na redução da oferta? Será que a subida é “artificial” e imposta pelo Governo chinês para impedir que haja mais encerramentos de explorações devido a prejuízos avultadas que as empresas produtoras estão a ter? Estima-se que os prejuízos seja na ordem de 155 dólares americanos por porco (cerca de 133€/porco), valores verdadeiramente incomportáveis seja para quem fôr.

Creio que a justificação do porquê desta subida a iremos ter nos próximos meses, principalmente após final de Janeiro início de Fevereiro que é quando os chineses irão comemorar a entrada no seu Ano Novo. Veremos se será uma subida consubstanciada na redução do efectivo ou apenas decidida politicamente.

A Europa está expectante para que o aumento das compras chinesas de carne de porco sejam uma realidade – precisa do aumento destas vendas como de pão para a boca – de forma a poder libertar a europa do excesso de carne de porco que tem. Este possível aumento das vendas irá ser o factor que irá permitir o aumento das cotações no Velho Continente. Em todo o caso, e chamo a vossa atenção para o meu anterior comentário de mercado, onde os dados do MPB indicam que as exportações da U.E. para Países Terceiros até final de Agosto deste ano, aumentaram 8,7%, apesar da descida das compras por parte da China. Portanto, não foi pela redução das exportações que a cotação dos porcos começou a descer, mas sim pelo aumento da oferta interna de carne de porco sem que esse aumento de produção pudesse ser devidamente escoado para fora dos limites da U.E..

Se atentarmos aos abates de porcos ocorridos nos maiores países produtores da U.E., onde se contabilizam os abates até final de Outubro nos casos da Alemanha, Holanda, Dinamarca e França e até final de Setembro no caso da Espanha, foram abatidos mais 2 milhões de cabeças do que no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de cerca de 1,7% no total de animais de engorda abatidos. Esta carne deveria sair, se não sai (não saiu) o mercado fica “encharcado” e as cotações têm, forçosamente que descer.

Há informações oficiais que dão conta de que o efectivo continua a descer fortemente na Alemanha devido às actuais condições de mercado de preços muito baixos pagos ao produtor, a que se juntam maiores restrições ambientais e também na Holanda, onde até já se fala na possibilidade de voltarem a ser atribuídas ajudas aos suinicultores que queiram abandonar a actividade em 2022. Estas reduções trarão redução da oferta em 2022 a que se tem que juntar uma redução mais acentuada de porcos para abate devido à venda de leitões para assar (Holanda e Espanha têm abatido muitos leitões para assar) da qual se verão resultados dentro de 4 meses, aproximadamente.

Todavia, e com o aproximar do Natal, esperam-se aumentos do consumo de produtos de porco em toda a Europa, sejam eles em fresco sejam eles transformados. Este será um ponto positivo para toda a Fileira do porco na Europa, mas há um dado a ter em conta e que poderá, de novo, vir a afectar negativamente todo o sector e que é o aumento do número de positivos à Covid-19 um pouco por toda a Europa. Já referi, em anteriores comentários, que a existência cada vez maior de indivíduos positivos entre os trabalhadores dos matadouros e das salas de desmancha, tem afectado o ritmo dos abates, principalmente na Alemanha. Esperemos que os novos confinamentos que começam a existir no norte e centro da Europa não façam reduzir os abates e os consumos, pois se há confinamentos, tanto os há para trabalhadores da área do abate como de consumidores que depois poderão não comprar grandes quantidades de carne por haver proibições para que as famílias se juntem. Veremos como irão evoluir os casos de Covid um pouco por toda a Europa, Portugal incluído.

No que diz respeito às cotações por países, em Espanha a cotação desceu 0,012€/kg PV (-0,16/kg carcaça) para 1,02€/kg PV (1,36€/kg carcaça). Os pesos subiram 800g nesta quinzena e continuam mais elevados que o ano passado.

Na Alemanha manteve a cotação em 1,20€/kg carcaça. Continuam a haver muitas dificuldades na venda de porcos, principalmente no Noroeste do país sobram muitos porcos. No Sul os porcos saem com mais facilidade e não há grandes sobras. O peso subiu 200g para 97,5kg carcaça. Continuam os problemas com a falta de mão-de-obra devido aos confinamentos por casos positivos de Covid-19 entre os trabalhadores emigrantes que, para além disso, não se querem vacinar. Alguns deles, como é o caso dos polacos, vão e vêm todos os dias de suas casas para os locais de trabalho, o que ainda traz mais problemas de controlo sobre os casos de Covid. Veremos o que trarão as próximas semanas quanto a este problema.

Na Holanda também manteve a cotação em 1,31€/kg carcaça.

Na Bélgica a cotação manteve-se em 0,75€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,13€/kg carcaça. O mercado da carne de porco encontra-se estabilizado, mas o aumento de casos de Covid poderá desestabilizá-lo. Há um ligeiro aumento do preço de venda da carne ao consumidor, o que é um bom sinal para toda a Fileira.

Em França a cotação também se manteve nos 1,232€/kg carcaça, apesar de ter havido uma subida de 0,003€ e uma descida igual nesta primeira quinzena de Novembro. Devido aos feriados de 1 e 11 de Novembro os pesos subiram 800g para os 95,8kg, mas é igual ao peso do ano passado na mesma semana. A França continua a ter os porcos mais caros da Europa (cerca de 1,50€/kg carcaça a pagar ao produtor).

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