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Estratégias de redução de antibióticos para explorações suínas: estratégias bem sucedidas a nível de exploração (parte 2)

Neste terceiro artigo da nossa série, os nossos peritos globais em saúde suína continuam a partilhar as suas perspectivas sobre estratégias bem-sucedidas de redução de antibióticos, bem como o que aprenderam com alguns dos erros cometidos ao longo do caminho.

Como foi descrito nos dois primeiros artigos desta série, ículos de esta serie, os veterinários dos EUA, Itália , Dinamarca e Espanha entrevistados estiveram de acordo em que o consumo de antibióticos está a diminuir com o tempo. No entanto, foram encontradas diferenças específicas em como foram posicionadas as suas estratégias.

A mensagem chave de Jean Paul Cano (Pipestone System, EUA) é que o êxito de Pipestone na redução do consumo de antibióticos está directamente relacionado com a implementação de princípios chave baseados nos 5 pilares seguintes :

  1. Biossegurança para prevenir a introducción de novas doenças: Está estudado o risco de pessoas, transporte, rações, materiais, etc. com protocolos viáveis e baseados em investigações científicas. As áreas com abordagem especial incluem a filtração do ar em áreas de alta densidade de porcos, programas de formação contínua e estratégias de mitigação na ração.
  2. Eliminação de doenças para trabalhar com explorações de porcas de alta sanidade quando possível. Ao eliminar as causas primárias de doenças (PRRS, PED, M. hyo, etc.), com protocolos rentáveis, as explorações melhoraram a saúde diminuindo o uso de antibióticos. Acredita que isto terá sido um dos principais impulsionadores da redução de antibióticos nos últimos anos.
  3. O desmame dos porcos fora da exploração de reprodutoras e o rigoroso "Tudo Dentro / Tudo Fora" das instalações de crescimento rompe o ciclo de transmissão das doenças.
  4. Maneio das Unidades de crescimento da reposição (Gilt Development Units-GDUs) para a estabilidade sanitária: Assegurar que as porcas de substituição se adaptem com a maior brevidade possível à sanidade das explorações de porcas é um factor chave para a estabilização sanitária no sistema. Asd nulíparas entram nas GDUs entre as 4-8 semanas de idade.
  5. Uso de antibióticos e acompanhamento da resistência aos antimicrobianos. Os dados adequados impulsionam a planificação metódica e a responsabilidade. As plataformas PART e IMAGINE de Pipestone ajudam na tomada de decisões baseada na ciência a nível de exploração e sistema.

Michael Agerley (Porcus Veterinary Services, Dinamarca) está de acordo com Jean Paul Cano na importância da prevenção e controlo de infecções no fluxo de porcos, como estratégia geral para diminuir o consumo de antibióticos. Mas, na sua perspectiva, a formulação adequada do alimento e a qualidade da água são os dois factores mais importantes a considerar quando se tenta a redução de antibióticos. Destacou que “se pode chegar longe com procedimentos muito simples”. Agerley põe o foco em: 1) boa formulação usando níveis adequados de proteínas de boa qualidade, ingredientes de boa digestibilidade, diferentes fontes de fibra, uso de ácidos orgânicos e 2) bons procedimentos de maneio nutricional, como o controlo do maneio do granulado antes do desmame para conseguir a melhor saúde intestinal no momento do desmame. Como grupo, os veterinários de Porcus promovem o uso de ácidos na água para aumentar a higiene da água e uma microflora intestinal saudável.

Annalisa Scollo (Suivet Veterinary Practice, Itália) destaca a importância de melhorar a biossegurança (ou seja, duches / entradas com bancos) nas instalações de desmame e engorda, assim como a gestão da ventilação quando se trata da redução de antibióticos. Ela pensa que “a gestão da ventilação, especialmente nos desmames, foi subestimada” como ferramenta neste esforço. A sua clínica utiliza a monitorização contínua das variáveis ambientais do ar em todas as instalações dos seus clientes para avaliar a qualidade do ar (imagem 1). Scollo também tem experiência a testar os seus produtos terapêuticos alternativos aos antibióticos no desmame para prevenir patologias entéricas. Testou o uso de algas como substituição do sulfato de colistina ou óxido de zinco nas dietas de desmame, com bons resultados. Também experimentou o uso de óleos essenciais, probióticos e ácidos gordos e os resultados foram, em alguns casos, encorajadores. Miguel Ángel Sanz (UVESA, Espanha) tem experiências positivas com o uso de levedura nas porcas para melhorar a saúde intestinal (ou seja, a microbiota) dos futuros leitões, focando-se na colonização precoce do leitão no momento do parto. Também destaca a importância de criar uma boa equipa de serviço técnico que empregue veterinários jóvens e informados que tenham aprendido e adoptem facilmente os princípios da redução de antibióticos desde o primeiro dia.

Imagem 1. Avaliações da qualidade do ar na exploração Cortesia de Annalisa Scollo
Imagem 1. Avaliações da qualidade do ar na exploração Cortesia de Annalisa Scollo

Finalmente, todos sabem que se aprende tanto das boas como das más experiências. Costuma-se dizer, "o caminho faz-se a andar". De modo que pedimos a estes veterinários suínos que psrtilhassem lições úteis aprendidas no seu caminho. Annalisa Scollo e Jean Paul Cano estiveram de acordo em que eliminar os antibióticos sem controlar adequadamente a PRRSV na exploração das porcas foi um dos maiores erros. Annalisa está preocupada com as novas estirpes que estão a surgir na Itália e o difícil que se torna o seu controlo para trabalhar com um fluxo estável. Considerou que, talvez, esta seja ainda uma das principais causas pelas quais nem todos os produtores italianos estejam dispostos a reduzir o nível de antibióticos utilizados na exploração. Jean Paul Cano acrescenta a sua preocupação pelo uso profiláctico agressivo de antibióticos de amplo espectro administrados no momento do processamento dos leitões. Acredita que esta prática evita que o leitão se exponha a bactérias e desenvolva imunidade activa ao desmame.

El camino se hace andando.
El camino se hace andando.
Michael Agerley explicou que, desde 2010, os veterinários sentem uma intensa pressão para diminuir o consumo de antibióticos. Como resultado, eliminaram os antibióticos sem considerar sempre estratégias alternativas para compensar. Para eles, eliminar os antibióticos sem ter em conta as alterações de alimentação não funcionou ou sofreram muitos casos de diarreia. Determinaram que, ao princípio do processo, as formulações de rações antigas atestavam o intestino com proteínas (ou seja, altos níveis de bagaço de soja) e o leitão não as conseguia digerir. Este problema resultou em diarreias posteriores ao desmame causadas por bactérias (por exemplo, Escherichia coli) que usavam esse substrato proteico adicional para se replicar e causar patologias. Actualmente, perceberam que muitos dos problemas diagnosticados e tratados há 10 anos poderiam ter sido resolvidos facilmente com formulações mais precisas de alimentos. Agora, não só podem trabalhar com níveis mais baixos de antibiótico, mas também estão a conseguir melhores taxas de conversão em geral durante o periodo de desmame-engorda. Usam, o que eles chamam, uma "formulação saudável" baseada em níveis de proteína ligeiramente menores para preservar a integridade intestinal e evitar problemas de E. Coli que podem danificar o intestino de forma permanente. Aprender com este fracasso original resultou num melhor crescimento e eficiência no uso da ração a longo prazo.

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