Eubióticos em produção suína: valorização económica e rendimento

Os eubióticos são um grupo de aditivos adicionados à alimentação com o objectivo de melhorar o equilíbrio do microbioma dos porcos, com o objectivo final de gerar um ambiente onde tenhamos uma saúde e um rendimento óptimos.

Dentro do grupo de eubióticos que temos:

• Prebióticos;
• Postbióticos;
• Probióticos;
• Compostos fitogénicos, incluindo plantas, extractos, óleos essenciais e equivalentes idênticos ao natural;
• Ácidos orgânicos;
• Enzimas para saúde intestinal;
• Lisozimas, lactoferrina, bacteriocinas e péptidos antimicrobianos.

Porque é que se devem considerar a utilização de eubióticos na produção de suínos?

Há interesse na utilização de eubióticos para aumentar o crescimento, uma vez que algumas das outras tecnologias de promoção do crescimento, antibióticos na alimentação, etc., estão a tornar-se indisponíveis. Outros efeitos são:

• melhorar as limitações digestivas devido à imaturidade dos leitões desmamados;
• em suínos de engorda, o objectivo é melhorar a resiliência, manter a homeostase e prevenir doenças;
• influenciar a forma como o animal lida com o stress térmico e metabólico associado à transição e subsequente lactação das porcas;
• proporcionar uma certa margem de segurança, pode ser utilizado para melhorar a marca ou o potencial de marketing.

Como podem ser avaliados os eubióticos e qual é o valor de referência?

Os eubióticos são vistos como alternativas à utilização de óxido de zinco, aos promotores de crescimento antibióticos, aos modificadores metabólicos, mas se estes produtos vão deixar de estar disponíveis, deverão eles ser utilizados como valor de referência? Um controlo negativo deve ser utilizado para avaliar a melhor solução económica e ignorar os produtos que são proibidos ou que em breve serão proibidos.

A fim de fazer uma avaliação adequada do eubióticos, temos de ter em conta qual é a actividade principal do nosso negócio: Qual é o preço de produzir um quilo de carne de porco?

Se o eubiótico influenciar os leitões desmamados por porca/ano, então terá um impacto muito significativo no custo de produção de um quilo de carne de porco, e temos um ciclo completo de engorda para transformar esse investimento em lucro adicional.

O valor dos eubióticos não é sempre constante; os eubióticos de uma quinta nem sempre têm o mesmo rendimento que em outra. O valor também pode mudar com o tempo. Há muitos factores na exploração , tais como o estado de saúde, programa de higiene, concepção de alojamento, clima, densidade, acesso à alimentação, biossegurança, peso e idade de desmame, genética, e há também um efeito sazonal.

Para fazer uma avaliação económica correcta, o problema tem primeiro de ser avaliado em termos de custos:

• Qual é o valor económico de reduzir a mortalidade pós-desmame de 5% para 3%?
• Qual é a magnitude do problema em relação à população?
• Imagem de marca: a imagem das fábricas de ração comercial está frequentemente ligada à qualidade da sua ração para porcas em lactação, idade precoce e pré-starter para leitões.
  Existem oportunidades para marcas premium?
• Qual é o custo das alternativas? Em mercados onde os antibióticos ainda são permitidos como promotores de crescimento e ainda são amplamente utilizados, o valor dos eubióticos pode ser inferior.

Vantagem dos eubióticos em porcas reprodutoras

A porca é o motor que impulsiona a rentabilidade de uma exploração suinícola. Há uma série de vantagens, especialmente para as porcas:

• o apoio oxidativo é crítico durante a transição e a lactação;
• a funcionalidade digestiva é crítica para porcas sob stress térmico;
• utilizando eubióticos, podemos influenciar na qualidade da imunidade que a porca é capaz de transmitir aos seus leitões através do colostro e a qualidade do colostro irá influenciar a qualidade dos leitões.

Um investimento muito pequeno no início do ciclo pode desencadear benefícios económicos significativos no momento em que os porcos chegam ao mercado.

Seguem-se exemplos onde as porcas receberam probióticos nas suas dietas de transição e lactação que resultaram no aumento do peso de desmame nas suas ninhadas.

Tabela 1. Efeito dos eubióticos.

Eubióticos em leitões desmamados e porcos de engorda

A meta-análise de Cardinal et al. 2021 mostrou que quando foram eliminados os antibióticos promotores de crescimento, a redução do ganho médio diário de leitões foi de 7%. Em média, isso significa que estaríamos a perder 1,5 quilos de peso à saída da transição.

Quanto podería ser investido para tentar recuperar os 1,5 quilos de peso perdido? O número final está relacionado com o preço da carne de porco (Tabela2). Este cálculo não teve em conta qualquer alteração na mortalidade ou morbilidade, nem o facto de 1,5 kg de peso extra no final da transição poder transformar-se em 3 ou mais kg no abate. Uma redução de 7% no ganho médio diário na transição (P<0,05) é equivalente a uma perda de 1,5 kg de peso vivo no dia 70. Este estudo utilizou um custo médio de alimentação de transição de $600/t e um retorno esperado do investimento (ROI) de 3:1.

Tabela 2: Quanto podemos investir em dietas de transição para recuperar o ganho médio diário perdido após a eliminação dos promotores de crescimento antibióticos? Modificado de Cardinal et al. 2021.

No mesmo estudo, o nível de significância para porcos de engorda era mais fraco, pelo que os antibióticos promotores de crescimento nem sempre funcionam tão bem em porcos de engorda, mas a tendência foi uma melhoria de 4,7% no ganho médio diário. Uma redução de 4,7% no ganho médio diário em porcos de engorda (P=0,078) é equivalente a uma perda de 3,3 kg de peso vivo no dia 140.

O estudo considerou um custo médio de alimentação de transição de 400 dólares/t e que um porco consome 167 kg do dia 70 ao 140. O rendimento esperado utilizado foi de 3:1.

Tabela 3: Quanto podemos permitir-nos investir em eubióticos em dietas de engorda para recuperar o ganho médio diário perdido após a eliminação dos antibióticos promotores de crescimento. Modificado de Cardinal et al. 2021.

Há muitas publicações onde o impacto no ganho médio diário é de 4,6% ou superior, pelo que há uma boa probabilidade de recuperar a maior parte, se não a totalidade, do peso perdido.

Uso de eubióticos em tempos difíceis

Em situações com preços elevados de ração e/ou preços baixos de carne de porco, os eubióticos são frequentemente removidos para obter poupanças de custos quando se olha apenas para o custo da ração.

Antes de eliminar os eubióticos, é prudente parar e pensar porque razão o eubiótico terá sido incluido.

• Se a razão pela qual incluiu o eubiótico ainda for válida, questione a situação antes de a remover.
  A resposta da dose de eubióticos não é muitas vezes linear. Metade da dose não significa a metade do benefício.
• Quando os preços das rações sobem, há uma tendência para reduzir a qualidade das dietas. Se diminuirmos a qualidade da dieta, podemos justificar o aumento do uso de eubióticos em vez de os diminuirmos ou eliminarmos.
• O foco deve ser no custo de produção de um quilo de carne de porco e não no custo por tonelada de ração.
• A produtividade das porcas é o principal factor que define a rentabilidade em qualquer exploração suinícola. Deve ter-se cuidado ao considerar mudanças drásticas nas dietas das porcas.

A oportunidade de retorno económico não é igual em fases diferentes, a maior oportunidade está nas porcas, seguida dos leitões desmamados, e em cenários específicos, há uma razão económica para considerar os porcos de engorda.