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Evolução do vírus PRRS tipo 1 explicada pelo Dr. Hans Nauwynck

O Dr. Hans Nauwynck, conhecido professor da Universidade de Ghent, analisa conosco as descobertas mais importantes que fez na investigação do vírus PRRS desde a sua descoberta há 30 anos.

Uma longa carreira profissional na investigação de PRRSV

O Dr. Hans Nauwynck, professor da Universidade de Ghent (Bélgica) tem uma impressionante e produtiva carreira de investigação. É autor de mais de 450 artigos revistos ​​por pares, 3 capítulos de livros e 76 teses nos últimos 30 anos. É considerado um dos mais importantes investigadores europeus, sem dúvida o mais enérgico! Neste artigo, resumimos nossas conversas sobre como o PRRSV evoluiu no campo ao longo do tempo.

Problemas relacionados com PRRSV Tipo 1

No início de sua carreira (anos 90), conduziu experiências para testar o comportamento das estirpes PRRSV-1 e PRRSV-2. Embora ambas induzam falha reprodutiva em porcas, são completamente diferentes ao nível do tracto respiratório em porcos jovens. O desconforto respiratório é evidente com o tipo 2. As estirpes do tipo 1 causam principalmente infecções subclínicas. Nestes anos verificou que na UE estava presente um vírus totalmente diferente do EUA/Canadá. A grande distância genética foi consistente com as descobertas clínicas (imagem 1). As experiências no campo também foram muito diferentes. Com as estirpes PRRSV-1, o vírus estava a disseminar-se de forma muito lenta nas engordas. O vírus demorava todo um ciclo de engorda para infectar a todos os porcos, o que apontava para uma potência de transmissão muito ineficiente. Com PRRSV-2 foi experienciada uma propagação mais rápida. Nos EUA, os cientistas demonstraram uma propagação aerógena. Noa anos 2000, foram identificadas estirpes do tipo PRRSV-1 geneticamente distantes na Rússia/Bielorrúsia (subtipos 2 e 3) que eram muito mais virulentas e patogénicas. Mais recentemente, o PRRSV-1 subtipo 1 está a disseminar-se mais rapidamente e está inclusivé a causar mais doença que o habitual (estirpes italianas).

Imagem 1. Relação filogenética de virus PRRS, sequências ORF 5 que ilustram a diferença genética entre PRRSV tipo 1 (genótipo EU) e PRRSV tipo 2 (genótipo EUA). Fonte: Amonsin, A., Kedkovid, R., Puranaveja, S. et al. (2009)
Imagem 1. Relação filogenética de virus PRRS, sequências ORF 5 que ilustram a diferença genética entre PRRSV tipo 1 (genótipo EU) e PRRSV tipo 2 (genótipo EUA). Fonte: Amonsin, A., Kedkovid, R., Puranaveja, S. et al. (2009)

“A Europa Ocidental, não precisa preocupar-se com a PRRSV tipo 1 como agente patogénico responsável por problemas respiratórios, devem sim temer e prestar atenção às doenças associadas ou co-infecções ", diz o Dr. Nauwynck. Criou um nome para os problemas respiratórios relacionados com a PRRS na UE, "PRRS PLUS" (lançou este termo para os veterinários de suínos de campo). As múltiplas coinfecções por PRRSV com outros agentes patogénicos fazem da PRRSV um dos agentes patogénicos mais importantes na UE. Como resultado, é essencial ter uma análise do diagnóstico completo. Todos os agentes patogénicos devem ser identificados. Neste contexto, são necessários novos diagnósticos. É essencial um conhecimento completo dos agentes patogénicos circulantes para compreender o que está a acontecer na exploração e para controlar o “PRRS PLUS”. Como o próprio afirma: "Se os médicos veterinários cuidarem de todas as co-infecções possíveis, os sinais clínicos respiratórios de PRRS basicamente desaparecem." Ele acredita que as explorações europeias positivas podem criar porcos de forma muito eficiente se controlarem os co-factores e não precisam erradicar o vírus. Isso pode mudar, é claro, se a virulência / patogenicidade do vírus aumentar no futuro.

A evolução do vírus pode ser explicada por uma melhor compreensão das interacções vírus-hospedeiro: o papel dos receptores Siglec

A sua equipa voltou-se para o estudo da interacção vírus-hospedeiro a nível molecular e, como resultado, conseguiram entender como o vírus foi mudando ao longo do tempo, especificamente como o seu poder de transmissão aumentou, conforme foi descrito anteriormente, e a sua patogenicidade.

A sua equipa demonstrou que a entrada do vírus nos macrófagos envolve vários passos. Começa com a interacção do vírus com os receptores Siglec e continua após a internalização com a interacção com o receptor CD163, que leva à desmontagem do vírus. PRRSV pode usar diferentes Siglecs e evoluir com o tempo.

Siglec-10 pode ser hipotetizado como o “receptor-arcaico”. Siglec 10 está presente num pequeno grupo de macrófagos nas amígdalas e outros tecidos linfóides e é muito eficiente no processo de entrada do vírus, o que demonstra a sua longa co-evolução com PRRSV. Este Siglec terá provavelmente sido usado pelo vírus no começo do seu aparecimento. Nesse momento, PRRSV apenas se replicava nesta pequena população de macrófagos e provavelmente não causava sinais clínicos. Devido a siglec-10 também estar presente nos linfócitos B, conseguiu unir-se e entrar nestas células mas sem as infectar. Esta poderá ter sido a base da persistência do vírus no seu hospedeiro (reservatório). Provavelmente no final dos anos 80, o PRRSV mudou adicionalmente para o receptor Siglec-1 (= sialoadesina, CD169). As células positivas para Siglec-1 estão presentes nos pulmões, placenta e tecidos linfóides. A replicação nos pulmões e placenta resultou em problemas respiratórios e reprodutivos. Essa foi a base do nome PRRSV. Em 2000, o vírus começou a replicar-se nos macrófagos nasais, na Europa Ocidental, o que conduziu a um aumento da transmissão entre os porcos. Desconhece-se o receptor responsável por esta adaptação, é diferente do Siglec-1 e Siglec-10. A estirpe de Lena altamente virulenta (PRRSV-1 subtipo 3) está a causar patologia dos vasos, que está associada com a replicação do PRRSV nos macrófagos venosos. O receptor neste subconjunto de macrófagos também é diferente de Siglec-1 e Siglec-10. Estão a ser investigados os receptores nos macrófagos venosos e nasais.

Acredita que o vírus continua a evoluir para formas que infectam cada vez mais subpopulações de macrófagos.

Imagem 2. Ilustração dos receptores geralmente considerados para PRRSV. Fonte: Zhang, Q., Yoo, D. (2015)
Imagem 2. Ilustração dos receptores geralmente considerados para PRRSV. Fonte: Zhang, Q., Yoo, D. (2015)

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