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Experiências práticas de maneio da alimentação de porcas alojadas em grupos: sistemas sem controlo individual (I)

Nos próximos dois artigos, os veterinários Joan Piella e Joan Aparício contam-nos a sua experiência com os sistemas de alimentação de porcas gestantes em grupo, sem o controlo sobre o consumo de ração. O primeiro artigo é dedicado à alimentação no solo e aos comedouros convencionais.

Nos próximos dois artigos veremos os conselhos de dois veterinários, Joan Piella e Joan Aparício sobre as melhores estratégias de maneio alimentar de porcas gestantes, quando não temos controlo sobre o consumo de ração.

Reconversão de uma exploração de porcas com alimentadores  individuais e ração no solo “imitando queda lenta”, sem laterais.
Reconversão de uma exploração de porcas com alimentadores individuais e ração no solo “imitando queda lenta”, sem laterais.

Joan Piella

Já passada a data chave de 1 de janeiro de 2013, terminou finalmente a azáfama para adaptar as explorações segundo a Lei do Bem-estar Animal. A grande questão é se escolhemos bem o sistema de alimentação, entre os muitos que tinhamos disponíveis? Deixando de parte as explorações de construção nova, em muitos casos pesou mais o custo de curto prazo do que os restantes parâmetros, elegendo-se sistemas de grupos estáticos sem controlo individualizado da ração. Vamos ver alguns exemplos:

1- Ração administrada diretamente no solo: Para mim, como principio é muito difícil de aceitar deitar a ração no solo e ainda mais assumir perdas de cerca de 10%, ao preço a que a ração está. Com este sistema é preferível usar farinha e dispor de parques quadrados para poder garantir a mesma disponibilidade para todos os animais e diferenciar no parque as zonas de decanso e as zonas de atividade para evitar agressões. É essencial dispor de uma zona ampla de pavimento contínuo (aconselhável 3 metros) entre a zona de queda e a grelha. De tqualquer forma, com base no engenho podem-se encontrar soluções específicas como as que se vêm na exploração da foto.

2- Comedouros ad libitum não automatizados: Como sistema habitual é desaconselhável, porque uma grande percentagem de animais engorda, as agressões são frequentes e conduz sempre a um consumo excessivo. Tenho assistido a adaptações em marrãs, mas tem que se jogar muito bem com a frequência das refeições e com o comprimento dos tubos de queda de alimento. Compensa alguma coisa se utilizar uma formulação específica, com mais fibra.

Tabela 1. Resumo das vantagens e inconvenientes em sistemas de alimentação sem identificação individual

Tipo de alimentação Pontos a favor Pontos fracos ou negativos
Alimentação no solo Adaptação rápida e barata.
Todo o espaço é útil (diferença para o resto dos sistemas nos quais tem que se subtrair a área dos alimentadores, a menos que estes estejam suspensos ou escavados). Não é necessária aprendizagem.
Não permite uma alimentação nem um controlo individualizado.
Há mais perdas de ração, funciona pior com o granulado e é difícil em parques estreitos por aumentar as brigas.
Ambiente menos limpo, cria muito pó.
Comedouros não automatizados ad libitum Adaptação rápida e barata. Não é necessária aprendizagem. Não permite uma alimentação nem um controlo individualizado.
Para animais adultos existem dificuldades em aproveitar certos comedouros de engorda (acesso difícil).
Difícil equilíbrio entre não desperdiçar ração e não engordar os animais, o consumo aumenta.

Joan Aparicio

Alojar as porcas em grupos levou-nos inicialmente a decidir se os grupos tinham que ser grandes ou pequenos, se as porcas ficariam em grupos estáticos ou dinâmicos e, fundamentalmente, que sistema de alimentação deveriamos instalar.

Provavelmente as decisões seriam mais fáceis se tivessemos que as tomar para uma exploração de construção nova, mas na maioria das situações tiveram que se fazer adaptações em instalações muitas vezes antigas e remodeladas ao longo do tempo e na atual situação económica do setor, o que obrigou em determinadas ocasiões a procurar a opção mais barata a curto prazo; o tempo dirá se a escolha foi correta.

Vantagens e inconvenientes dos diferentes tipos de alimentação de porcas gestantes em grupos:

1. Ração diretamente no solo: A ração é distribuída manualmente ou através de um sem-fim e cai diretamente no solo, geralmente numa superfície sólida de cimento.

Por vezes, dispõe-se de um tubo de sem-fim com várias aberturas de saída de ração, distribuidas por todo o comprimento do parque.

É um sistema fácil de implementar, com um custo relativamente baixo. Os grupos de porcas devem ser homogéneos, porque de outra forma, é muito difícil manter o correto estado corporal das porcas.

As perdas de ração por desperdício são grandes; é um factor muito importante a ter em consideração, dada a elevada correlação com o custo de produção.

É relativamente fácil cair no erro de sobrealimentar as porcas para evitar brigas.

Do meu ponto de vista, é melhor dar toda a ração de uma só vez, pois se damos várias vezes ao dia provocamos estados de nervosismo e agressividade várias vezes por dia.

2. Alimentação em comedouros convencionais: Utilização de comedouros que podem ser de uma ou mais bocas e de diferentes materiais; Cada parque deve dispor de um ou mais, em função do tipo e número de animais. Não permitem nenhum tipo de controlo individual da alimentação.

Para encontrarmos a quantidade máxima que vamos subministrar em cada comedouro, temos que definir quanto queremos que cada porca coma e multiplicar essa quantidade pelo número de porcas do parque. Logicamente as porcas dominantes comem mais que as outras. É fácil que apareçam desigualdades entre os animais e que se incremente a agressividade. O desperdício de ração é geralmente inferior ao anterior sistema, mas a dificuldade no controlo do estado corporal e a agressividade são defeitos maiores.

Às vezes, quando não há um controlo individual no fornecimento de ração, pode ser aconselhável utilizar rações de alto teor em fibra e baixo em energia, para não engordar as porcas e aumentar a sensação de saciedade, evitando nervosismo e lutas; haverá que estudar caso a caso, uma vez que estas rações são muitas vezes, proporcionalmente, mais caras.

Queda de ração diretamente ao solo

Queda de ração diretamente ao solo.

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