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2 de Março de 2023
A cotação da Bolsa do Porco voltou a subir nesta segunda quinzena de Fevereiro, desta vez 0,14€/kg carcaça fixando a cotação de referência em 2,602€/kg. O acumulado da subida é de 0,35€/kg carcaça a partir do momento em que começou o movimento ascensional da cotação, já lá vão 7 semanas consecutivas.
Todavia, e apesar da forte subida da cotação dos porcos, a indústria tem alguma dificuldade em fazer repercutir este aumento, mas há coisas que me deixam pasmado. Como é possível que uma empresa de distribuição possa ter estado a vender, entre 23 e 27 de Fevereiro, carcaças e meias carcaças de porco a 2,69€/kg? A pergunta fica no ar para quem a souber responder.
A falta de porcos para abate, um pouco por toda a Europa, é evidente em função da forte redução do efectivo europeu. Há países que, tendo em consideração a forte procura por porcos para abate por outros países da Europa, têm desabastecido os matadouros do seu país para estarem a enviar porcos para outros países, como é o caso da Bélgica e da Holanda que estão a “sofrer” forte pressão compradora por parte dos matadouros espanhóis. Estes países retiram porcos dos seus matadouros, e dos matadouros alemães, para os venderem a melhores preços para Espanha. E finalmente, a Dinamarca subiu a sua cotação nesta quinzena, não deixando de continuar a ser a mais baixa de todo o espaço da U.E.
Em Espanha também é mais que evidente que os matadouros têm menos porcos do que aqueles que precisam para “tapar” os seus custos de exploração, pelo que se vêem obrigados a procurar porcos no mercado europeu. Esta procura externa tem mais que ver com a redução real da oferta de porcos espanhóis para abate (redução de efectivo, alguma retenção na saída de porcos para abate com origem nas explorações de engorda porque a cotação do porco de abate está a subir e se venderem os porcos na semana seguintes eles valerão mais dinheiro e também porque os leitões estão muito caros e há explorações de engorda vazias por algum receio em comprar leitões a mais de 100€ cada e não se saber, ao certo, a que preço se venderão os porcos de abate daqui a 3 meses.
Este é todo um manancial de informação com a qual os produtores e as grandes empresas integradoras em Espanha, e nos demais países europeus, terão que lidar e que as levará a tomar decisões.
Todos os países da U.E., com excepção da Alemanha, subiram as suas cotações nesta quinzena, o que deixa o porco europeu menos competitivo a nível mundial quando comparado com países como os Estados Unidos, o Brasil e o Canadá. Neste momento, estes três países têm mais condições de exportar carne de porco para a China do que os países europeus.
Deve-se assinalar que as cotações dos porcos dos países europeus exportadores estão muito próximas das cotações chinesas do porco de abate que é, neste momento, 2,07€/kg PV que dificulta, de sobremaneira, o envio de carne para aquele mercado. Veremos como se irão comportar os compradores chineses com as compras de carne na Europa e que preços estarão dispostos a pagar por essa carne.
Apesar da manutenção de preço na Alemanha, continua a haver muita falta de porcos para abate neste país. Nestas últimas semanas foram abatidos cerca de 700 mil porcos por semana, quando há 1 ano eram 850 mil. Por outro lado, o efectivo alemão baixou 18% em 2 anos, o que quer dizer que não irá haver, daqui a uns meses, muito mais porcos do que aqueles que existem actualmente e isto implicará que faltará carne para as tradicionais churrascadas de Primavera-Verão, pelo que há matadouros que estão a congelar carne, mesmo cara, porque sabem que daqui a um par de meses também não a irão ter com facilidade. Portanto, o travão na subida alemã não irá afectar as subidas dos outros países europeus, sejam eles seus vizinhos sejam eles mais afastados e directos concorrentes no mercado da carne. Tardará mais tempo é a transferência da subida dos porcos para a carne na Alemanha.
A perspectiva é de que a cotação dos porcos continue a subir em toda a Europa. Até quando? Não se sabe.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação subiu 0,095€/kg PV (+0,127€/kg carcaça) na segunda quinzena de Fevereiro, passando para 1,89€/kg PV (2,52€/kg carcaça). Os pesos mantiveram-se e estão mais 1,6kg mais altos que os do ano passado nesta mesma altura.
Na Alemanha, a cotação manteve-se nesta quinzena em 2,20€/kg carcaça. O peso subiu 300g para os 97,1kg carcaça nesta quinzena. A oferta de porcos é muito baixa e os produtores, sabendo que há condições para a subida da cotação, vão gerindo melhor a saída dos seus porcos para o matadouro, limitando ainda mais a oferta. Os matadouros queixam-se que não conseguem fazer repercutir a subida no preço da carne.
Nos Países Baixos a cotação subiu 0,18€/kg carcaça para 2,33€/kg nesta quinzena.
Na Bélgica a cotação subiu 0,06€/kg PV para 1,65€/kg PV na segunda quinzena de Fevereiro.
Na Dinamarca a cotação subiu 0,08€/kg carcaça para 1,61€/kg carcaça na segunda metade de Fevereiro e esta continua a ser a cotação mais baixa da Europa. Os matadouros estão a operar ao dia para poder fazer repercutir na carne a subida dos porcos. A indústria de transformação reduz pedidos para não fazer stocks pois não têm a certeza se o consumo irá parar tendo em consideração o aumento dos preços. Fora da Europa há moderado interesse comprador por parte dos países asiáticos, mas há informação de que houve redução de stocks nesses países pelo que se espera que haja aumento de procura para esses destinos.
Em França, a cotação subiu 0,116€/kg carcaça para 2,256€/kg na segunda metade de Fevereiro. Houve, de novo, subidas máximas permitidas pelo MPB nestas duas últimas semanas, o que é um sinal claro e evidente de que há falta de porcos no marcado francês. Os pesos subiram 200g para 95,8kg e são 600g inferiores aos da mesma semana do ano passado.
