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Factores condicionantes do encolostramento nos leitões

Não há nada que influa mais na sobrevivência do leitão que a ingestão adequada de colostro, que pressupõe acesso a energia e imunidade.

Não há nada que influa mais na sobrevivência do leitão que a ingestão adequada de colostro, que pressupõe acesso a energia e imunidade.

O mais comum é que entre 50-75% dos leitões que morrem o façam nas primeiras 72 horas de vida.

A variabilidade da produção de colostro pela porca e a ingestão pelo leitão é muito grande.

Existe uma grande relação entre a quantidade de colostro ingerida pelos leitões e a mortalidade, tal como se mostra na tabela 1.

 

Tabela 1.Relação entre mortalidade e ingestão de colostro

Ingestão colostro Mortalidade pré-desmame 
<200 g 43,4%
>200 g 7,1%
Leitões que não ingeriram colostro suficiente sofrem 82% mortalidade os 3 primeiros dias de vida.
Devillers, Dividich, Prunier, 2007

 

É muito bom saber que os leitões têm que ingerir pelo menos 200 g de colostro. Seria melhor 300-400 g, mas isso, na exploração, não é mensurável e portanto não pode ser o objectivo. Por outro lado, é facilmente mensurável a mortalidade pré-desmame.

Tabela 2. Dados médios de mortalidade pré-desmame.

Mortalidade pré-desmame
Média Espanha 2014 (BD Porc) 12,3%
Média Dinamarca 2012 (PRC) 13,6%
Melhor 25% Dinamarca 2012 (PRC) 11,6%

 

Distribución por causas de las bajas en lactación

Gráfico 1. Distribuição por causas das baixas em lactação. Ano 2006 (Pighamp, publicado em 3tres3).

Os esmagados podem ir de 32% (Holyoate, 1995) a 83% (Koketsu,2006).

Há grandes variações nas causas de mortalidade, o momento em que acontecem e, provavelmente ainda mais, em como são registadas. É importante implementar sistemas de recolha de dados simples (Tabela 3 e 4) e rigorosos com o objectivo de obter informação útil e que possa ser controlada pela pessoa que os implemente. Qualquer medida que seja tomada para melhorar a ingestão de colostro deverá ter repercussões sobre a mortalidade pré-desmame. O uso de um sistema de dados adequado deve permitir medir o êxito ou não da medida em si.

 

Tabela 3. Controlo da mortalidade na sala de parto.

Semana #___________ Baixas leitões na maternidade:

Idade em dias

Causa 1 2 3 4 5-10 11-20 21+
Esmagado              
Fome              
Não viável              
Frio              
Diarreia              
Infecção              
Canibalismo              
Castração              
Outras: (especificar)              

Soma:
Total Baixas semana:
Total Nascidos:

Tabela 4. Controlo do mortalidade da sala de parto específico para leitões não viáveis.

Semana #___________ Baixas leitões na maternidade:
Idade em dias

Causa 1 2 3 4 5-10 11-20 21+
Esmagado              
Fome              
Frio              
Pequeno <800g              
Falta vitalidade              
Malformações              
Diarreia              
Castração              
Canibalismo              

Soma:
Total Baixas semana:
Total Nascidos:

 

A ingestão de colostro, o frio, os esmagamentos e os não viáveis, estão interrelacionados entre si.

 

Factores condicionantes da ingestão de colostro

  • Tamanho do leitão ao nascimento: 28 g mais de ingestão por cada 100 g a mais de peso ao nascimento (Devillers, Farmer, Dividich y Prunier, 2006).
  • Vitalidade do leitão.
  • Tamanho da ninhada: ao aumentar o tamanho da ninhada não aumenta a produção de colostro como acontece com o leite, pelo que a sua disponibilidade diminui entre 22-42 g/dia se a ninhada aumenta um leitão (Dividich, 2005).
  • O tempo desde o nascimento até à primeira amamentação afecta a produção de colostro, 11g menos por cada minuto de atraso. (Declerck et al, 2015).
  • Ordem dos leitões ao nascer: há estudos que dizem que não afecta, mas outros veem uma influência na ingestão de colostro e outros relacionam-na com a mortalidade pré-desmame.

 

Medidas a tomar para melhorar a ingestão de colostro

  • Tamanhos médios de leitão de 1200g ou menos ao nascimento: acentuar a alimentação da porca em gestação em U sem que isso signifique um aumento do consumo médio nos 115 dias de gestação.
  • Controlo térmico geral: as horas de encolostramento são especiais, com maior necessidade de calor e com uma utilização do espaço do curral muito diferente do resto da lactação.

 

Corral de partos preparado

Foto 1. Curral de partos preparado. Foto cortesia de Jordi Ventura.

Há que ter em conta que muitos partos acontecem durante a madrugada e, portanto, há que considerar as oscilações térmicas ao largo do dia, as correntes de ar, a humidade, etc.

No caso de pavimentos de cimento ou metálicos, que são muito mais frios que os de plástico, pode ser necessário pôr um aquecimento.

  • Controlo térmico individualizado: uma medida habitual para facilitar o encolostramento do leitão pequeno é fechar numa caixa ou ninho os maiores para reduzir a competição. É conveniente antes disso fechar, secar e aquecer os pequenos para terem energia suficiente para o encolostramento.

Há que deslocar os leitões de zonas frias do curral para a zona de calor.

Caja que puede hacer funciones de caja cerrada, con la apertura hacia el separador, o caja abierta

Foto 2. Caixa que pode desempenhar funções de caixa fechada, com a abertura para o separador, ou caixa aberta

Acordar os leitões que estão a dormir junto ao úbere materno durante a amamentação pode incentivar a ingestão e permite ver claramente quais os leitões com problemas. Um leitão que não come, que está a perder temperatura ou sob risco de esmagamento deve ser transferido para o ninho.

O leitão que está nas costas das porca sob um slat metálico será, de certeza, baixa, a não ser que algo seja feito. Vê-se claramente que os leitões marcados a encarnado precisam de ajuda: calor e acesso, com menos competição, ao úbere. Em azul podem ser candidatos a ser transferidos para outra porca para baixar a competição numa ninhada muito numerosa.

 

Controlo das adopções

As adopções para igualar ninhadas são uma tarefa importante e têm que ter o seu tempo específico de execução na rotina da exploração. Ao perguntar, numa exploração, quando são feitas as adopções, a resposta será, muito provavelmente: "Desloco os leitões 24 horas após terem nascido".

Mas como é que isso funciona? Na realidade acontece o seguinte: suponhamos uma exploração na qual o horário laboral cobre até ás 19.00 h e em que as adopções se fazem às 9:00 h. Se há registo na ficha da porca da data do parto e quando foi observado o primeiro leitão (que pode servir para controlar a presença ou não na assistência aos partos) então serão movidos leitões que tenham nascido entre as 23:00 h do dia anterior (parto de 4 horas) e as 19:01 h do dia antes, ou seja leitões que estiveram 10 horas e leitões que estiveram 38 horas com a sua mãe.

Para haver um maior controlo é conveniente escrever a data e hora da supervisão de partos.

Para assegurar que os leitões movidos com menos horas de vida das recomendadas estão encolostrados, pode ser usado um sistema para marcar os primeiros leitões a nascer, que têm um bom tamanho e que foram vistos a mamarem. Antes de terminar a jornada, quando as ninhadas tenham 19 leitões ou mais, podem ser movidos os leitões marcados como tendo mamado. Isto pode diminuir esmagamentos e a excessiva competição. 

Também podem ser feitas ninhadas com os mais fracos e depois apenas mover os mais fortes, para optimizar a utilização das mamas. Seja como for, é aconselhável minimizar o movimento de leitões.

Conclusão

Para optimizar a produtividade é fundamental haver uma adequada ingestão de colostro e para que isso seja uma realidade a nível de exploração comercial, há que prestar muita atenção a pequenos detalhes que marcam grandes diferenças. As alterações têm que ser estudadas, decididas, implementadas, medidas e voltar a começar.

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