Nos últimos 4 anos, a filtração de ar nas explorações de reprodutoras como medida de bio-segurança para a protecção contra o vírus PRRS, deixou de ser ficção científica. Estamos perante uma mudança muito importante adoptada pelas explorações, num total de mais de 110 mil porcas na América do Norte e, segundo a opinião de um dos maiores impulsores, espera-se que para este ano o investimento seja em outros 100 mil animais (comunicação pessoal, Scott Dee, Fevereiro 2011).
Mas como é que é possível filtrar todo o volume de ar de uma exploração de 1500 e até 3000 mães? É difícil de imaginar se nunca se esteve em instalações de ventilação forçada. O que é mais importante, e o que mais chama a atenção, é a estrita bio-segurança com que trabalham estas explorações, antes e depois de instalar o sistema de filtração de ar. Darwin Reicks, no último AASV celebrado em Março deste ano, descreveu este sistema como “trabalhar numa bolha”. A formação do pessoal em assuntos de bio-segurança é a chave para o êxito deste sistema.
Foto 1: Filtros instalados em sótãos de explorações na América do Norte (ventilação forçada negativa). Cortesía de Kent Unke (Biosecure Aire Inc.)
Durante 2005, a ideia de filtração do ar foi importada para os EUA dos centros de inseminação artificial da Bretanha francesa, que em 2003-2004 já experimentavam esta tecnologia para fazer frente ao vírus. Os resultados favoráveis destes sistemas, a investigação tão activa que se lançou durante esses anos pela Universidade de Minnesota e os rumores de tentar eliminar o vírus com uma abordagem regional, incentivaram a exportação da ideia ás grandes explorações de porcas reprodutoras de grandes clínicas americanas. O modelo de ventilação negativa forçada ganhou à ideia francesa de pressão positiva. Isto pode ajudar na conservação dos edifícios ao diminuir a humidade, distribuindo mais facilmente o ar por aberturas situadas ao longo dos edifícios. Outra vantagem importante seria a conservação destes custosos filtros em sítios estratégicos, como os sótãos dos pavilhões, longe do ambiente animal.
Foto 2: Filtros HEPA no sótão. Cortesia de Kent Unke (Biosecure Aire Inc.)
Já passaram alguns anos desde o começo desta aventura e este sistema já ajudou muitos produtores a ter uma produção de porcos negativa ao vírus PRRS. Surgiram diferentes tipos de filtros mas destacam-se 2 como os mais estudados pela Universidade de Minnesota (centro de investigação de referência) e possíveis para a sua aplicação em produção:
-Filtros mecânicos: MERV (Minimum Efficiency Reporting Value), altamente eficazes para a redução de PPRS pelo ar e os mais empregues.
- MERV 16 (correspondente à avaliação EU9). Filtros com uma eficácia de =85% e <95% para partículas de 0.3 a 1.0µm e uma eficácia de =90% para partículas de 1.0 a 10.0 µm
- MERV 14 (EU8). Filtros com uma eficácia de =75% e <95% para partículas de 0.3 a 1.0µm e uma eficácia de =90% para partículas de 1.0 a 10.0 µm
-Filtros anti-microbianos: Noveko (Montreal, Canadá), integrado com diferente número de camadas de polipropileno. As fibras deste material são impregnadas com uma combinação de agentes anti-microbianos de alta eficácia contra o vírus PRRS quando este as atravessa. Mais económicos e, durante as diferentes investigações, conseguiu-se recuperar vírus no outro lado do filtro mas sempre inactivado, sem capacidade infectiva.
O investimento durante estes anos também mudou; passou-se dos 600$ por animal em 100% de ventilação até os 150$ aproximadamente que podem ser encontrados actualmente. Explorações com ventilação parcial (só no Inverno através do sótão) podem até ser bastante mais económicas. As expectativas são de descer muito mais em pouco tempo. É incrível o boom de novas empresas que nasceram deste sector comercializando estes sistemas! Mais que nunca, agora quase nada escapa ao acaso para manter as explorações negativas a PRRS mas a pressão de cometer um erro pesa muito, agora que a aposta para fazer frente a este vírus é importante.
Foto 3: Construção da estrutura para a instalação dos bancos de filtros numa exploração de reprodutoras na América do Norte. Cortesia de Kent Unke (Biosecure Aire Inc.)
Na minha opinião, estamos perante um avanço tecnológico do qual vamos conhecendo o seu desenvolvimento, manutenção, custos, etc. mas no qual a responsabilidade e formação do pessoal relativamente à bio-segurança das instalações é mais importante que nunca. Em países como o nosso (*) é já considerado como uma excelente solução para a protecção de núcleos de reprodutores em centros de inseminação onde a bio-segurança é já muito elevada, solucionando assim o problema de uma localização remota em relação a outras explorações. O custo destes centros diminuiria sem comprometer a sua segurança. Até ao momento as experiências científicas e de campos foram apenas realizadas contra o vírus PRRS e Mycoplasma mas outros microrganismos patogénicos, como influenza e coronavirus respiratório suíno depressa serão investigados dando assim um passo mais na melhoria da saúde animal na indústria suína.
(*) N.T. o autor refere-se a Espanha