29 de Janeiro de 2016
Finalmente a cotação dos porcos em Portugal começou a subir. Nesta quinzena a subida na Bolsa do Porco foi de 0,08€/kg carcaça. Em todo o caso, e tal como ocorreu na quinzena anterior, nem todos os matadouros acompanharam a subida.
Se a subida de 0,05€/kg carcaça que ocorreu na semana de 18 a 22 de Janeiro foi cumprida pela totalidade do mercado, o mesmo não aconteceu com a subida de 0,03€/kg carcaça que ocorreu na última semana do mês. Esta última subida não foi aceite por alguns matadouros que acabaram por não pagar mais pelos porcos que compraram.
Informações que pude recolher, deram-me conta que os negócios que foram feitos directamente pelos suinicultores com duas grandes cadeias de distribuição, em que havia o compromisso destes últimos em cumprir as subidas designadas pela Bolsa do Porco, correram conforme o previsto. Portanto, foram aceites as subidas e pagos os porcos de acordo com essas subidas de preço.
Paulatinamente os preços vão subindo para o patamar do preço espanhol e os porcos vão saindo, fazendo com que se reduzam os pesos de carcaça.
Outro factor que poderia aliviar o mercado Nacional (e também o Europeu), seria a ajuda ao armazenamento privado de carne de porco. Até ao dia 20 de Janeiro, Portugal solicitou ajuda para 505 toneladas de carne, para serem colocadas no mercado daqui a 5 meses. No total, a U.E. tem pedidos de ajuda para 89841 tons até ao dia 20 de Janeiro. Como este processo estava a andar em bom ritmo, a Comissão Europeia determinou o encerramento das ajudas no dia 26 de Janeiro, já que o limite previsto de carne para entrar na congelação, com subvenção, eram 100 mil toneladas. É provável que entre o dia 20 (dia em que foram publicados estes dados) e o dia 26 de Janeiro, tenham entrado pedidos de 10 mil tons e se tenha atingido as 100 mil toneladas previstas.
De todos os países que concorreram à ajuda, a maior fatia é ocupada pela Alemanha (26 mil tons, ou seja, 29% do total) e pela Espanha (19 mil tons e 21,5% do total), que em conjunto representam quase 50% das solicitações.
Em Espanha, a cotação de Lérida subiu 0,003€/kg PV (cerca de 0,004€/kg carcaça) ficando a cotação em 0,951€/kg PV (cerca de 1,268€/kg carcaça). Os pesos continuam bastante altos, apesar de ter havido uma ligeira redução dos pesos devido aos fortes abates que se têm verificado não apenas para abastecer o mercado como também para enviar carne para a congelação. Em todo o caso, o aumento de efectivo e as boas temperaturas que se têm feito sentir neste Inverno, permitem que haja maior oferta de porcos para abate e que estes reponham peso mais depressa, antecipando a sua saída das explorações e aumentando ainda mais a disponibilidade de animais para abate.
Em todo o caso, esta ligeira melhoria, aliada ao facto da subida alemã, permite que as cotações em Espanha possam ir subindo muito ligeiramente. Facto positivo que também ajuda o mercado português.
A Alemanha voltou a subiu a sua cotação 0,03€/kg carcaça nesta quinzena, fixando-se em 1,31€/kg carcaça. O mercado alemão tem uma oferta crescente de porcos que se cruzou com uma menor procura por parte dos matadouros. Este facto levou a que não houvesse condições de voltar a subir na última semana do mês, tendo apenas havido a subida de 0,03€. Na Alemanha, os abates continuam acima de 1 milhão de porcos semanais.
Nesta quinzena, a Holanda subiu 0,07€/kg carcaça, fixando-se a sua cotação em 1,25€/kg carcaça. A Bélgica também subiu a sua cotação, mas a subida foi de 0,02€/kg PV fixando-se em 0,90€/kg PV. Estes países também se candidataram à ajuda ao armazenamento privado de carne de porco sendo que, até ao dia 20 de Janeiro, tinham pedidos de ajuda para 10779 tons e 1095 tons, respectivamente
A Dinamarca manteve a sua cotação em 1,17€/kg carcaça nesta segunda quinzena de Janeiro. Os dinamarqueses solicitaram ajudas ao armazenamento privado para 11676 tons o que os deixa em terceiro lugar nos países que mais quantidade pediram.
A França também subiu a sua cotação. A subida foi de apenas 0,011€/kg carcaça e a cotação, para porcos equivalentes a 50% de músculo, fixou-se em 1,098€/kg carcaça. Os pesos baixaram 400 gr mas continuam acima dos 95kg de carcaça (95,2kg). Os abates continuam a bom ritmo devido a uma “Feira da Carne de Porco” promovida pela grande distribuição francesa que estimulou o consumo de carne de porco na terceira semana do ano.
Tendo acabado o armazenamento privado, veremos que influência trará ao mercado Europeu e às cotações da U.E.
Quanto ao mercado Nacional, veremos se continuam as subidas das cotações de forma a que as mesmas se equiparem às espanholas e se voltará a haver negociações directas entre a produção e a grande distribuição e, a haver, que resultados aportarão ao mercado do porco.
NOTA: Ontem, dia 28 de Janeiro, a Bolsa do Porco voltou a ter cotação indicativa. A cotação foi de 1,20€/kg carcaça