0
3 de Agosto de 2012
Há 7 semanas consecutivas que o preço dos porcos em Portugal não se altera. Desde o meio do mês de Junho que não há mexidas no preço Nacional, mantendo-se a cotação da Bolsa do Porco em 1,94€/kg carcaça para o porco "normal".
Seria um excelente preço para os suinicultores se o mesmo fosse cumprido, mas as informações que nos chegam dão-nos conta de que o preço efectivamente recebido pelos porcos abatidos é inferior. A dificuldade da indústria em fazer repercutir no preço da carne uma eventual subida do preço dos porcos "obriga" a existência desta diferença entre a cotação da Bolsa e o preço realmente recebido pela venda dos porcos.
Continuam a existir dificuldades na venda da carne no nosso País já que o poder de compra dos consumidores está fortemente afectado.
Por outro lado, a estabilização do preço espanhol também não tem permitido que o preço dos porcos em Portugal suba. A Espanha, que tem o preço mais alto da U.E., tem estado à espera que a Alemanha suba o seu preço para também ter margem de subida. A crise em Espanha começa a sentir-se cada vez e mais e veremos que efeito terá no seu consumo interno de carne de porco.
Finalmente, o que toda a Europa esperava acabou por acontecer. A Alemanha no final de Julho acabou por subir o seu preço 10 cêntimos e "arrastou" a Holanda e a Bélgica.
Na realidade, os alemães justificam esta subida com a melhoria das condições climatéricas no seu País. Apareceu o Sol e os alemães fizeram as suas churrascadas que são factor essencial para o aumento do consumo de carne de porco naquele País.
Como se sabe, as subidas alemãs influenciam muito positivamente todo o mercado do porco Europeu, e principalmente os seus vizinhos holandeses e belgas que com a subida alemã subiram 9 e 8 cêntimos respectivamente.
A Dinamarca, mesmo antes da subida alemã, já tinha subido os seus porcos 3 cêntimos. Os dinamarqueses, com a cotação em 1,55€/kg carcaça, tem dos preços mais altos da U.E., visto que no final do ano existe uma bonificação do preço, consoante os resultados financeiros dos matadouros, que poderá ser de 12-15 cêntimos por quilograma de carcaça abatida durante o ano (na realidade o preço dinamarquês não é 1,55€ mas será de 1,67-1,70€/kg carcaça). Os dinamarqueses referem que o mercado vai a bom ritmo e que o escoamento da sua carne para exportação se faz sem qualquer dificuldade.
A França é um caso único. O mercado francês tem poucos porcos e com pouco peso, a procura de porcos é superior à oferta e este factor tem sido o factor que tem feito com que os porcos se abatam com menos peso, mas a cotação não sobe. A cotação francesa está "entalada" entre a alemã e a espanhola. Os suinicultores franceses querem que o preço suba mas os matadouros têm feito bastante pressão para que isso não aconteça. A cotação alemã, que estava 10 cêntimos abaixo da francesa, com a sua subida acabou por se "colar" à cotação francesa e o mercado francês que já reuniu e definiu uma nova cotação após a subda alemã, acabou por subir apenas 0,003€.
Um dado bastante positivo no mercado Europeu da carne são as exportações. Os últimos dados publicados pelo Comité de Gestão da U.E. dão-nos conta que as exportações para Países Terceiros, entre Janeiro e Maio aumentaram 4,7% quando comprados com o mesmo período de 2011. É de salientar que a Rússia continua apesar de continuar a ser o principal destino da carne Europeia (importou 320,5 mil tons o que representa 24,9% das exportações entre Janeiro e Maio) mas importou -6% que em 2011 no mesmo período. Por outro lado, as importações da China (+94% de importações no período) e de Hong Kong (-5% de importações no período), em conjunto, ultrapassam o total das importações russas. Estes dois países importaram, nos primeiros 5 meses do ano, um total de 389 mil toneladas. Impressionante!
Outro aspecto recorrente dos meus comentários prende-se com o elevado preço das matérias-primas que tem levado ao aumento do preço das rações e a um consequente aumento dos custos de produção. Sob esta perspectiva os suinicultores precisam de vender os seus porcos mais caros para poderem fazer face a este aumento dos custos e não me parece, pelo andar do mercado do porco em Portugal e Espanha que isso venha a acontecer. O mês de Agosto é um mês em que, tradicionalmente, costuma haver inversão de tendência das cotações. esperemos que este ano isso não se verifique e que o sinal dado pela Alemanha no final de Julho se possa transmitir aos restantes Países da U.E. de forma a que as cotações dos porcos possam subir e assim possam ser superiores aos custos de produção.
