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Forte subida da cotação bate record da Bolsa do Porco

Nesta primeira quinzena de Fevereiro do ano 2023 a cotação da Bolsa do Porco atingiu 2,462€/kg carcaça tendo subido 0,15€/kg carcaça.

17 de Fevereiro de 2023

Nos longínquos finais dos anos 90 dos século passado, e devido aos problemas existentes na Europa com a BSE, mais conhecida por “Doença das Vacas Loucas”, a cotação da Bolsa do Porco atingiu os 480$00/kg carcaça. Em conversão directa, seria 2,40€/kg carcaça. Este valor tinha o record da cotação mais alta, até aos dias de hoje, atingida na Bolsa do Porco.

Volvido um quarto de século, este record foi batido e nesta primeira quinzena de Fevereiro do ano 2023 a cotação da Bolsa do Porco atingiu 2,462€/kg carcaça tendo subido 0,15€/kg carcaça, preço nunca antes atingido. Esta subida vertiginosa tem duas justificações: a falta de porcos para abate no mercado nacional e a forte subida das cotações nos restantes mercados europeus também devido à mesma falta de animais para abate.

Um pouco por toda a Europa, com excepção da Dinamarca, as cotações definidas nas diferentes organizações europeias onde se definem os preços de compra e venda dos porcos, voltaram a bater os records do Outono passado, e ainda estamos no arranque de Fevereiro, o que é bem demostrativo da grande falta de porcos para abate de que padece a U.E.

Nos meus comentários dos últimos meses, tenho feito alusão a fortes descidas dos efectivos de reprodutoras na Europa. Esta redução do efectivo reprodutor teria, mais cedo ou mais tarde, que se fazer sentir ao nível da oferta de porcos para abate. Deve-se juntar a esta redução de efectivo, um aumento da mortalidade dos leitões devido a problemas sanitários (retirada do Óxido de Zinco e nova estirpe de PRRS) que implica a chegada de menor número de leitões às engordas e, consequentemente, aos matadouros.

No que diz respeito à procura de leitões para engorda, este é muito superior à oferta e já há relatos de haver venda, em Espanha, de leitões de 20kg a cerca de 100€ a unidade. A que preço serão vendidos estes leitões? Não sabemos, mas as perspectivas é de que a cotação do porco de abate na Europa continue a aumentar. Até onde? Também ninguém sabe, mas o mercado definirá o ponto de equilíbrio da cotação tendo em consideração a oferta e a procura de porcos para abate. Neste caso, o mercado será o consumidor.

O consumidor, espartilhado por problemas de subida da inflação, terá menos poder de compra e ao travar as compras dos diferentes produtos alimentares, definirá o preço máximo que está disposto a pagar por esses mesmos produtos e a carne de porco será um deles. Até lá, as cotações ao produtor irão subir.

Por outro lado, não há que esquecer que os custos de produção irão continuar elevados, seja pelo preço alto das matérias-primas para a alimentação animal, seja pelos custos da energia e combustíveis. Nestes dois componentes está mais de 80% dos custos de produção.

Analisando o que referi acima, parece que o mercado do porco é um “mar de rosas”, mas não é. Na realidade, há dificuldades na venda de carne para Países Terceiros, principalmente para a China, que se mantém afastada do mercado e tem colocado no seu mercado muita carne previamente congelada. Até que não se consuma toda, não sabemos que posicionamento comprador terá a China e onde irá comprar. Na U.E? Nos EUA? No Brasil? No Canadá?

A Europa é onde os preços são mais elevados e onde a taxa de câmbio face ao dólar ainda prejudica mais os preços de venda da carne de porco. Todos os outros 3 países citados têm a sua carne de porco com cotações de venda mais baratas, o que as torna muito mais competitivas face à carne da Europa.

Num futuro não muito longínquo, os matadouros da Europa irão ter que tomar decisões de encerramento de unidades de abate, já que a oferta de porcos para abate na Europa é muito inferior há de alguns anos. Sabendo que a rentabilização destas unidades se faz pelo número de animais ou número de quilogramas abatidos, não havendo animais para abate, a sua rentabilização não ocorre e o encerramento será o mais lógico.

Estamos a falar de centenas de milhares de porcos a menos a serem abatidos por semana. Na Alemanha, por exemplo, nestas primeiras semanas de 2023 são abatidos menos 200 mil porcos/semana do que acontecia há 3 anos.

No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação subiu 0,077€/kg PV (+0,102€/kg carcaça) na primeira quinzena de Fevereiro, passando para 1,795€/kg PV (2,393€/kg carcaça). Esta é a cotação mais elevada da história de Lérida e, nos “mentideros” diz-se que a cotação poderá chegar aos 2,00€/kg PV. Adicionalmente, os pesos começaram a baixar, ainda que ligeiramente. Uma descida de cerca de 250g nesta quinzena, se bem que os pesos continuem cerca de 1kg acima do peso de ano passado nesta mesma altura.

Na Alemanha, a cotação subiu uns enormes 0,20€/kg carcaça nesta quinzena, fixando-se em 2,20€/kg carcaça (novo record no AMI). O peso baixou 300g para os 96,8kg carcaça nesta quinzena. A oferta de porcos é muito baixa e os produtores, sabendo que há condições para a subida da cotação, vão gerindo melhor a saída dos seus porcos para o matadouro, limitando ainda mais a oferta. Os matadouros queixam-se que não conseguem fazer repercutir a subida no preço da carne.

Nos Países Baixos a cotação subiu 0,19€/kg carcaça para 2,15€/kg nesta quinzena sendo o novo record na Vion. Há uma oferta muito reduzida de porcos para abate e os matadouros lutam por essa oferta, fazendo subir as cotações. Por outro lado, o mercado dos Países Baixos também acabou por ir atrás das subidas alemã e espanhola.

Na Bélgica a cotação subiu 0,20€/kg PV para 1,59€/kg PV na primeira quinzena de Fevereiro, sendo um novo record na Danis.

Na Dinamarca a cotação subiu, finalmente, 0,04€/kg carcaça para 1,53€/kg carcaça na primeira metade de Fevereiro e esta é, de longe, a cotação mais baixa da Europa ainda que consideremos as majorações de preço que são feitas no final do ano aos produtores e que costumem ser de 0,17€/kg carcaça enviada para o matadouro. OS dinamarqueses referem que o mercado europeu da carne de porco começa a movimentar-se, permitindo a subida da cotação no país escandinavo. Há consciência de que os preços irão continuar a subir de forma significativa. Há subida do preço da carne fresca, mas a carne congelada para exportação para Países Terceiros não teve qualquer mexida no preço. Os clientes asiáticos têm dificuldade em conseguir aceitar subidas de preço pois ainda têm stock congelado em seu poder.

Em França, a cotação subiu 0,113€/kg carcaça para 2,140€/kg na primeira metade de Fevereiro o que é um novo record do MPB, o anterior datava de 1989 e era de 2,082€/kg carcaça e torna os porcos franceses os mais caros da U.E. Nestas duas últimas semanas a cotação voltou a subir o máximo que é permitido pelo MPB. Os pesos baixaram 100g para 95,6kg e são 900g inferiores aos da mesma semana do ano passado. A oferta é muito curta relativamente às necessidades dos matadouros e daí as subidas que vêm ocorrendo.

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