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França: o aumento dos custos, um impacto difícil de estimar

França alcançou o máximo da sua produção suína no ano 1999, com 27 milhões de porcos produzidos. Desde então a produção estabilizou-se nos 25,7 milhões, uma redução de 5% relativamente ao máximo...


França alcançou o máximo da sua produção suína no ano 1999, com 27 milhões de porcos produzidos. Desde então a produção estabilizou-se nos 25,7 milhões, uma redução de 5% relativamente ao máximo nível atingido. Com uma redução no número de porcas (-8% relativamente a 2001), a produção mantém-se graças a uma melhoria dos resultados técnicos. A produção francesa é ligeiramente excedentária relativamente ao consumo (107 %), exportando 620.000 toneladas de carne e importando umas 520.000, sendo o primeiro cliente Itália e o primeiro fornecedor Espanha.

O consumo de carne de porco alcanza os 35,4 kg por habitante. A rede de distribuição encontra-se muito concentrada tendo em conta que as grandes e medianas superfícies representam 85% das vendas.

Estrutura das explorações francesas e da produção

A produção suína francesa encontra-se maioritariamente nas mãos de suinicultores que são proprietários das suas instalações e dos seus animais, a maior parte de ciclo fechado. O tamanho médio destas explorações de ciclo fechado é de umas 200 porcas. Das 14.000 explorações francesas, a metade encontram-se especializadas em suínos enquanto que a outra metade são explorações mistas: 15% "cereais e porcos", 25% "bovinos de leite e porcos"... A tendência é para a especialização. A produção concentra-se no oeste de França, com um claro predominio da Bretanha, onde se encontram cerca de 57% do total do efectivo.

Os suinicultores franceses têm a particularidade de reunir-se em aagrupamentos de produtores, organizando-se assim cerca de 95% da produção. O papel dos agrupamentos de produtores é fornecer aos suinicultores associados:

  • suporte técnico
  • suporte sanitário
  • recomendações sobre edificação, meio ambiente...
  • recomendações sobre genética

Estes agrupamentos coordenam também as gestões de traçabilidade e qualidade.

A comercialização está garantida mediante os agrupamentos de produtores por conta dos suinicultores, ainda que a comercialização seja mais uma relação fornecedor/cliente sobre as quantidades dado que o preço de referência francês se fixa no Marché du Porc Breton (MPB) pelos agrupamentos que comercializam os porcos dos seus associados (18% da produção francesa).

A comercialização dos porcos baseia-se em dois pilares: peso/classificação das caracaças e um preço de referência fixado pelo MPB. Mais de 80% dos porcos franceses são pesados e classificados pelos agentes de Uniporc Ouest. Nas outras regiões, as interprofissionais são as que controlam as operações.

Estrutura dos matadouros e da indústria

A maior parte dos abates concentram-se na zona oeste de França (70% dos abates), localizando-se a maioria dos matadouros con um nível de abates acima de 1 milhão de porcos/ano na região da Bretanha ou num departamento limítrofe.

Por contra a indústria da carne encontra-se melhor distribuída no território, com importante actividade, além da Bretanha, nas regiões de Rhone Alpes e no País de Loire.

Consequências do aumento do preço das matérias primas

Durante o passado ano 2007 o preço médio de referência do MPB situou-se nos 1,118€, sendo o preço médio pago tendo em conta as bonificações na classificação e traçabilidade de 1,25€ (uma diminuição de 10% em comparação com 2006).

A situação financeira dos suinicultores deteriorou-se em 2007, especialmente no final do ano com o aumento do preço das matérias primas. De média anual, os costos em 2007 serão na ordem dos 15% superiores aos de 2006, alcançando os 1,40€/kg caracaça contra os 1,21€/kg caracaça em 2006. Se bem que o preço do porco em 2007 (1,25€/kg carcaça) não seja catastrófico em relação ao custo de 2006, as perdas por porco sobre o exercício 2007 são de 13€. Esta situação degradou-se de forma muito importante durante os finais de 2007, com um custo de produção acima dos 1,55€/kg caracaça. Com um preço recebido de 1,20€ durante este período, a perda estimada por porco é de 30€!

Este nível de perdas não pode sustentar-se durante demasiado tempo. Quanto mais largo seja o período, maiores e mais importantes serão as consequências sobre o nível de produção. Por agora, os suinicultores tentam economizar de todas as formas possíveis: menor renovação de primíparas, venda de lotes de porcos com menor peso para abastecer a tesouraria reduzindo ao mesmo tempo a factura da ração, venda de leitões excedentários, cessar da actividade de criação de leitões nas explorações mistas... Não há dúvida de que a produção a finais de 2008 será inferior à de finais de 2007.

O aumento do preço das matérias primas é ainda demasiado recente para analizar todas as consequências. O ciclo de produção é relativamente longo. Em França, a falta de mercados significativos de leitões para a restauração, todo o leitão que nasce é engordado. A redução da produção chegará de forma lenta, combinando a redução estacional da produção a partir de Março e a redução da produção estrutural se se alarga a falta de rentabilidade.

Jean-Pierre Joly. MPB. França.

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