Descrição da Exploração
|
Estatuto sanitário
|
Protocolos vacinais em curso
|
Profilaxia
|
Organização dos pavilhões
|
Aparecimento do Caso
Após uma diminuição importante do índice de fertilidade desde há já dois meses (finais de 2007), o suinicultor decide entrar em contacto com a veterinária. Além do mais, a estes piores índices de fertilidade soma-se um forte aumento das perdas nas baterias e crescimento, de entre os 8 e os 14% desde há 2 anos, com uma degradação do estatuto respiratório desde Agosto de 2006. Se bem que se tenham tomado diferentes medidas, estas não deram os resultados desejados.
Passos Prévios
Devido à complexa situação, a veterinária decide analizar o historial sanitário da exploração, as análises realizadas e as medidas tomadas.
Historial sanitário
|
Visita à Exploração
Quarentena | ||
|
||
Cobrição-gestantes | ||
|
||
Maternidade | ||
|
||
Baterias | ||
|
||
Engorda | ||
|
||
Precisões importantes: | ||
|
Dados Complementares
Depois desta primeira visita, a presença de tosse seca e forte nas porcas, os leitões na maternidade e os porcos no crescimento induz a pensar em gripe, doença que já tinha sido diagnosticada e confirmada em repetidas ocasiões. A presença de porcos pálidos, atrasados na engorda durante as seis primeiras semanas após a entrada faz pensar na presença de sindroma da redução do crescimento (PMWS) apesar da vacinação das porcas contra a circovirose durante 18 meses. Neste momento, a hipótese de diagnóstico é gripe e PMWS.
Controlos no matadouro
Pulmões
Data
|
Média sobre 28
|
% indemnes
|
% afectados
|
10/03/99
|
1,13
|
72,50
|
2,50
|
20/11/03
|
1,47
|
60,25
|
|
3/11/06
|
4,74
|
29,62
|
22,22
|
24/11/06
|
4,46
|
32,46
|
19,48
|
Pleuresia
Data
|
Média
|
% afectados
|
20/11/03
|
0,26
|
7,69
|
3/11/06
|
0,20
|
7,40
|
24/11/06
|
0,07
|
2,59
|
Controlo focinhos
Data
|
Média
|
% indemnes
|
% afectados
|
10/03/99
|
3,13
|
33,33
|
6,66
|
20/11/03
|
1,40
|
66,66
|
|
3/11/06
|
1,43
|
62,50
|
|
→ Ausência de lesões relacionadas com actinobacilose.
→ Ausência de lesões de sobreinfecção bacteriana.
Análises complementares
Primeiro eixo: Gripe | |
|
|
Segundo eixo: Porcos atrasados na engorda | |
|
|
Terceiro eixo: Colibacilose | |
|
|
|
Lesões de gripe
|
Gânglios inguinais aumentados
|
Primeiras Medidas Tomadas
1) Rectificação das quantidades distribuídas na engorda
|
2) Medicações propostas
|
Resultados das análises complementares Trâs semanas depois da visita temos os resultados das análises complementares. Em paralelo, a modificação da curva de alimentação dos porcos de engorda permite encontrar os comedouros vazios entre 1 a 1H 30 min após a distribuição do alimento, o que evita a modificação diária das comportas de distribuição.
Análises para gripe
PCR gripe
(12.03.08) |
Histologia
(20.02.08) |
Serologia (20.02.08)
(ELISA LSI) |
|
Leitão com pneumonia (28 dias de vida) |
Negativo
|
||
Porco de 68 dias com presença de tosse e discordância respiratória |
Linfoadenite supurativa. Pneumonia intersticial proliferativa. Bronquiolite necrosante subaguda. Edema interlobular evidente que faz pensar em passagens virais de tipo gripal. |
10/10 negativos |
|
Porco de 127 dias de vida |
8/10 positivos
|
Estes primeiros resultados confirmam de novo a circulação de um vírus gripal. A precocidade da circulação, evidenciada pela veterinária desde a primeira visita, não é tão clara: todas as serologias são negativas aos 68 dias. Mas na banda onde se recolheu a amostra, os animais não tinham tossido de forma tão marcada como a descrita pelo suinicultor na maternidade e baterias. O suinicultor já tinha sublinhado o marcado efeito banda.
Análises para circovirus
PCR quantitativa (12.03.08)
|
Histologia (20.02.08)
|
|
Leitão 28 dias |
Leitão procedente de primípara não vacinada contra o circovirus. PCR quantitativa 107 em pulmões. Limite de positividade = 1011 |
|
Leitão 68 dias Leitão 127 dias com atraso |
Nódulos linfáticos, amígdalas: hipoplasia linfóide de moderada a notória, multifocal com focos de histiocitose com células plurinucleadas. Pulmões: paredes alveolares engrossadas de forma moderada a forte por infiltração linfohistiocitária e células plurinucleadas. Resumo: linfoadenite granulomatosa evocadora de infecção por PCV" (PMWS). Pneumonia intersticial proliferativa e granulomatosa evocadora de passagens de tipo viral, circovirus e possivelmente PRRSV. |
Nos dois animais a procura de circovirus por imunohistoquímica mostrou-se muito positiva nos gânglios e amígdalas.
→ A veterinária conclui que existe uma forte prevalência de PMWS nas diferentes fases. Portanto, a vacinação contra o circovirus realizada nas porcas durante 18 meses não permitiu melhorar os índices de perdas.
A primeira hipótese é de associação de PMWS e gripe. Apesar de que os resultados das análises não confirmem a existência de uma forte precocidade da circulação (efeito banda?), as múltiplas tosses presentes nas porcas e leitões na maternidade fazem pensar que a dita circulação existe entre os reprodutores. Lamentavelmente, o suinicultor não quis realizar a serologia nas porcas.
Por outra parte, o problema na maternidade, as porcas gordas, os leitões heterogéneos, vai a favor de uma má transferência calostral.
Propostas
A veterinária decide centrar os seus esforços na gripe nos reprodutores e no circovirus e decide por em marcha as seguintes medidas:
→Vacinação contra a gripe: vacinação em massa dos animais, uma primeira vacinação seguida de uma segunda às 4 semanas para depois vacinar cada 16 semanas.
→Vacinação contra o circovirus: vacinação dos leitões. O suinicultor nega-se a recomeçar a vacinação das porcas vistos os resultados obtidos. Tendo em conta o efeito banda nas baterias, decide-se vacinar os leitões às 6 semanas de vida uma vez que se inicie a utilização de paracetamol na ração de segunda idade.
→Manutenção da vacinação mediante vacina viva atenuada contra o PRRS em massa nas porcas cada 16 semanas. A exploração vacinava os seus leitões desde há 2 anos mas neste momento corre-se o risco de parar a vacinação dos leitões já que se inicia a vacinação contra o circovirus.
Contudo, para a veterinária, o PRRS é importante. Decide-se, pois, realizar de forma paralela um diagnóstico da estabilidade nos leitões nascidos e realizar o acompanhamento de 10 leitões cada 4 semanas mediante serologia.
O peso do PRRS é forte já que a exploração se encontra numa zona de elevada densidade suína com uma forte pressão de infecção.
→ Mantém-se a vacinação contra o Mycoplasma com dupla injecção.
Evolução do Caso
|
Data do desmame |
Índice de perdas nas baterias
|
Índice de perdas na engorda
|
Índice de perdas desmame-abate
|
S 21.02.08 |
0%
|
7,99%
|
7,99%
|
S 13.03.08 |
0,66%
|
6,28%
|
6,94%
|
S 13.03.08 |
2,13%
|
3,15%
|
5,28%
|
S 14.04.08 |
0%
|
0%
|
0%
|
S 24.04.08 |
2,19%
|
3%
|
5,19%
|
|
Os dois primeiros lotes que tinham sido vacinados contra o circovirus durante a fase de baterias.
As perdas na engorda devem-se essencialmente à crise de colibacilose que persistem durante as 3 primeiras semanas.
Presença de tosse seca no final da engorda.
Evolução da medicação
|
Controlo no matadouro realizado em 26.08.08
Média/28
|
% indemnes
|
% afectados
|
|
Pulmões |
1,921
|
60
|
2,50
|
Pleuresia: Média = 0,06 | |||
% Artrite = 2,50% |
Conclusão
Se bem que os critérios zootécnicos (lotes, peso de abate, idade de abate) tenham melhorado, não se deve perder de vista a alta probabilidade de recirculação de PRRS, que continua a ser um factor prioritário de controle. Com efeito, durante os dois anos anteriores o trabalho de controlo do PRRS beneficiou a exploração.
Ficam por controlar os aspectos relacionados com a colibacilose:
→Aspecto sanitário: que colibacilose? que medidas terapêuticas? Deve realizar-se uma bacteriologia e um antibiograma.
→Aspecto alimentar: ter em conta a nutrição para alcançar maior rusticidade digestiva nas baterias e engorda.
A associação gripe/circovirus parece, neste caso, o causador da degradação sanitária existente no momento das visitas. Sempre é difícil entender a sequência das patologias nestes casos de doenças respiratórias associadas. As ferramentas de diagnóstico ao nosso alcance ajudam-nos. De todas formas, a clínica, não deve ser nunca esquecida.
Os sinais clínicos tidos em conta para as distintas categorias de animais nas diferentes etapas fisiológicas devem ser coincidentes com o que sabemos acerca da epidemiologia das doenças em questão. O plano de amostras e os tipos de análises escolhidas são essenciais para estabelecer um diagnóstico. |
Comentários
Este caso clínico, que afectou uma exploração de ciclo fechado de 180 porcas situada na Bretanha francesa, numa zona de forte densidade suína, descreve a associação gripe/circovirus num contexto de forte risco de recirculação do PRRSV.
Já durante a primeira visita tivemos na mão o diagnóstico confirmado das patologias:
|
Durante a degradação sanitária observada na Primavera de 2006 tomaram-se uma série de medidas, todas justificadas.
É realmente a clínica, o conjunto de sintomas diferentes para os distintos grupos de idade, que conduziram a propor as medidas iniciadas.
Os problemas na maternidade com porcas demasiado gordas e leitões heterogéneos ao nascimento, a pouca descida do leite, a precocidade da circulação do vírus gripal que afectava as porcas e leitões já na maternidade, explicam, em parte, os primeiros casos de sindroma de falta de crescimento às 9 semanas de idade apesar da vacinação contra circovirus realizada nas porcas.
Um ponto importante: o suinicultor esteve a vacinar durante mais de 20 meses os leitões contra o PRRS. A vacinação em massa das porcas estava-se a realizar desde há mais de 1 ano. Evidentemente, no caso em que as medidas não tivessem sido tomadas, a co-infecção PRRSV/PCV2 tinha sido a prioritária. Teria sido tomada em conta de forma prioritária.
Obviamente, ainda falta muito trabalho por fazer:
→Risco importante de PRRS→ retomar o diagnóstico de estabilidade, importante papel da biosegurança externa, peso da localização geográfica.
→Colibacilose a na entrada na engorda.