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Avaliação da imunidade das porcas de reposição numa exploração estável a PRRS

É proposto o acompanhamento das porcas de reposição através de um programa de recolha de fluidos orais.

Introdução

Como parte das numerosas investigações levadas a cabo para aprofundar o conhecimento sobre PRRS nos porcos, foi recentemente proposta uma nova aproximação à avaliação em campo da resposta imunitária através da análise dos anticorpos específicos no fluído oral. Este método diagnóstico é muito interessante já que permite uma fácil recolha com métodos não invasivos, respeitando o bem-estar animal. Também leva a uma poupança de tempo de trabalho considerável para o pessoal da exploração, relativamente à extracção de sangue, que é difícil de realizar em animais muito grandes.

 

Exploração

O estudo foi realizado numa exploração de porcas, estável a PRRS, cujo objectivo é a venda de porcos entre 30 e 35 kg de peso vivo. O número de porcas em produção é de 350-400 no máximo. Há alguns anos que é positiva a PRRSv e efectuam uma vacinação inicial da reposição com vacina viva atenuada perto dos 140 dias de vida e um reforço com vacina inactivada 3 semanas depois.

 

Desenho do estudo

Foram seleccionadas 8 porcas de reposição, de 3 grupos consecutivos, que foram identificadas e alojadas juntas e feita uma amostragem nos seguintes tempos: T1 = dia 1 (dia seguinte à chegada a um local à parte na exploração), T2 = dia 49 (saída do local para passar à exploração), T3 = dia 63, T4 = dia 77, T5 = dia 91 e T6  = dia 105. Em cada amostragem foi recolhido sangue e fluidos orais do grupo através de uma corda.

Recogida en la cuarentena el día después de su llegada.

Recolha de fluido oral num local à parte da exploração de porcas no dia depois da sua chegada.

Recogída en el momento de salir de la cuarentena.

Recolha no momento de sair do local de chegada para passar para a exploração.

Recogida al finalizar el experimento, en el corral

Recolha ao finalizar a experiência, no curral. Apresentação manual da corda.

 

Resultados

O estado clínico das porcas jovens foi satisfatório durante toda a experiência, assim como os parâmetros produtivos e reprodutivos da exploração durante o ano em que foi realizada a experiência de campo (abortos, taxa de parto, desmamados/porca/ano). As porcas examinadas foram infectadas por PRRSv às 7-9 semanas da chegada à exploração (tabela 1). A cinética de formação de anticorpos séricos coincidiu com a dos anticorpos IgA e IgG no líquido oral do grupo 1 e 2. No grupo 3 apenas se correlacionou com as IgG do líquido oral.

No entanto, não foi detectada nenhuma positividade em real-time RT-PCR nem no soro dos animais individuais nem do líquido oral do grupo.

 

Tabela 1. Resposta de anticorpos (soro e líquidos orais) ao vírus PRRS.

Grupo 1

  Amostra 1 (0d) Amostra 2 (49d) Amostra 3 (63d) Amostra 4 (77d) Amostra 5 (91d) Amostra 6 (105d)
Soro: média s/p 0 0,35 NE 0,92 0,76 0,86
Soros positivos / total 0/8 3/8 NE 8/8 7/8 8/8
FO: s/p teste IgA 0 (NEG) 0,61 (POS) NE 0,49 (DUD) 0,87 (POS) 0,75 (POS)
FO: s/p teste IgG 0,10 (NEG) 1,83 (POS) NE 1,04 (POS) 1,16 (POS) 1,06 (POS)

Grupo 2

  Amostra 1 (0d) Amostra 2 (49d) Amostra 3 (63d) Amostra 4 (77d) Amostra 5 (91d) Amostra 6 (105d)
Soro: média s/p 0,01 0,08 0,93 1,11 1,03 NE
Soro positivo / total 0/8 1/8 * 8/8 8/8 8/8 NE
FO: s/p teste IgA 0,02 (NEG) 0,21 (NEG) 0,91 (POS) 0,53 (DUD) 0,49 (DUD) NE
FO: s/p teste IgG 0,12 (NEG) 0,23 (NEG) 0,84 (POS) 1,09 (POS) 0,86 (POS) NE

Grupo 3

  Amostra 1 (0d) Amostra 2 (49d) Amostra 3 (63d) Amostra 4 (77d) Amostra 5 (91d) Amostra 6 (105d)
Suero: media s/p 0 0,05 0,11 0,89 0,83 0,75
Suero positivo / total 0/8 0/7 1/7 7/7 7/7 6/7
LO: s/p test IgA 0 (NEG) 0 (NEG) 0,17 (NEG) 0,07 (NEG) 0,27 (NEG) 0,80 (POS)
LO: s/p test IgG 0,04 (NEG) 0,03 (NEG) 0,28 (NEG) 0,50 (POS) 1,00 (POS) 0,77 (POS)

Amostra1: No dia a seguir à chegada a um local à parte na exploração. Amostra 2: Ao passar deste local  para a exploração, após 7 semanas. Amostra 3-6: de 2 em 2 semanas, até ao dia 105 da chegada (4,5 meses de vida). Este desenho experimental foi levado a cabo para revelar o tempo de infecção, considerando que durante as 7 primeiras semanas não havia nenhum contacto com o virus.
LO: líquido oral. NEG: negativo. POS: positivo. DUD: duvidoso.

*1 apenas amostras com s/p 0,4 (valor umbral). NE: não realizado. d: dia.

 

Discussão e conclusão

O controlo sanitário de PRRS baseado na recolha de fluídos orais demonstrou ser preciso e oportuno com requisitos logísticos e organizativos muito reduzidos relativamente à extracção de sangue de animais individuais. Os dados também mostram que podem ser suficientes 1-2 animais seropositivos de um grupo de 8-10 para tornar positiva a amostra de líquido oral do grupo. Neste sentido, não houve atrasos substanciais no diagnóstico relativamente à serologia. Deve destacar-se que a recolha de fluidos orais através de corda deve ser modulada em função da idade dos animais (ou do seu tamanho), quer seja no tempo quer na modalidade de exposição.

No nosso estudo, a detecção da resposta de anticorpos no líquido oral demonstrou ser mais robusta relativamente à demonstração do vírus no soro ou no líquido oral mediante RT-PCR. Há que destacar que a aclimatação das porcas jovens no neste complexo é realizada em duas fases: A) as 7 primeiras semanas à parte na exploração, sem recirculação viral; B) o periodo dentro do pavilhão de cobrição, onde se realiza o contacto com os animais em condições de muito baixa circulação viral. Nestas condições de pressão de infecção muito baixa, as porcas jovens não foram nunca positivas mediante Real-time PCR por diversos possíveis motivos: 1) O momento da recolha da amostra não coincidiu com um pico de virémia. 2) A sonda utilizada era muito diferente do vírus circulante (ainda que tenha sido validado na exploração antes do estudo). 3) Degradação do RNA viral antes da extracção pese às precauções adoptadas.

É interessante notar que o teste IFN-gamma (Dotti et al., 2011; imunidade mediada por células frente a PRRSv) deu resultado segundo os testes de anticorpos mostrados na tabela 1 (dados não publicados). Portanto, nas explorações estáveis é razoável esperar uma estabilização da positividade de anticorpos no tempo, que deveria traduzir-se em títulos moderados s/p e num equilíbrio após a resposta de IgA e IgG no líquido oral. As condições anteriores não se produzem nas explorações instáveis, que têm ciclos repetidos de infecção (ver figura 1). Nestas condições de instabilidade, o esquema de controlo proposto revelará os ciclos sucessivos de virémia e de resposta de anticorpos tanto no soro como no líquido oral, associados a falta de resposta imunitária mediada por células (teste IFN-gamma).

 

Infección por PRRSv en una granja inestable

Infección por PRRSv en una granja inestable

Figura 1. Infecção por PRRSv numa exploração instável

O teste de campo numa exploração instável foi publicado anteriormente (Dotti et al., 2013). Trata-se de um estudo num grupo de porcas de reposição. O gráfico A indica o número de porcas com e sem virémia em diversos tempos. O gráfico B indica a evolução do título de anticorpos séricos no tempo. As setas do gráfico A indicam as 3 sucessivas ondas de infecção produzidas na exploração.

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