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Introdução, disseminação e perpetuação do vírus de PRRS numa região

Por ano são identificados numerosos isolados geneticamente diferentes em áreas de alta densidade suína mas apenas poucas estirpes são capazes de se transmitir entre explorações e são ainda menos as capazes de se disseminar amplamente e dominar toda uma região ou sistema.

Um estudo recente realizado pela Universidade de Iowa revelou que o síndrome respiratório e reprodutivo suíno (PRRS) continua a causar grandes perdas económicas aos suinicultores dos EUA. Os investigadores estimaram que o custo do PRRS ascende a $664 milhões anuais ou $1,8 milhões por dia (Holtkamp D, et al. 2011). Outros relatórios sugerem que o impacto da doença no Canadá, México, Ásia e Europa de Leste parece ser semelhante. Desde o início da doença, há mais de 20 anos, os tipos I e II de vírus de PRRS disseminaram-se geograficamente, ganhando diversidade genética e, provavelmente, aumentado a sua virulência (Murtaugh MP, et al. 2010; Li B, et al. 2006). No entanto, na Europa Ocidental, o impacto económico do PRRS está ainda em debate com informações muito díspares, que vão de surtos muito severos a casos subclínicos. A menor severidade da doença na Europa pode ser devida à sua relativamente alta prevalência, ao predomínio de ciclos fechados e à predominância de isolados tipo I que, apesar de apresentar uma ampla diversidade genética (Stadejek T, et al. 2008), induzem sinais respiratórios menos severos que os isolados tipo II (Martinez-Lobo FJ, et al. 2011). Independentemente desta interessante discussão, o risco de introdução de novos isolados (estirpes) de PRRSV, tipo I ou II, em áreas de alta densidade suína com predominância de ciclos fechados na Europa Ocidental continua presente. Além disso, o risco de transmissão intercontinental dos isolados altamente patogénicos do vírus de PRRS detectados na Ásia, também é real. Ao mesmo tempo, em outras partes do mundo, como Austrália, a maior parte da América do Sul e na Escandinávia, a introdução de qualquer vírus de PRRS podia ser catastrófica para as indústrias locais (figura 1). Esta situação global indica que o vírus de PRRS por si mesmo, assim como o risco e potenciais consequências da sua transmissão entre regiões, não deve ser subestimado.

Figura 1. Distribuição global do vírus de PRRS e hipotética transmissão intercontinental

Distribución mundial del PRRSV y transmisión intercontinental hipotética

Sem uma metodologia validada para agrupar os isolados víricos de PRRS e para o propósito deste artígo, será considerado como isolado “novo” o que seja, pelo menos, heterólogo (diferente) em 3% da sua sequência ORF 5 relativamente a qualquer previamente detectado no sistema (empresa) ou região durante os últimos 3 anos. Um isolado “residente” será precisamente o contrário. Em vários casos este umbral arbitrário pode não ter nenhum significado e será utilizado apenas como valor de referência. A rápida disseminação do vírus PRRS a longas distâncias durante os anos 90 e o relativo confinamento geográfico dos isolados residentes nos últimos anos, quando foram utilizados protocolos de monitorização mais sensíveis, sugerem que os novos isolados do vírus necessitam porcos vivos, sémen ou veículos contaminados para se transmitir entre regiões (figura 2). Como hipóteses, os novos isolados de vírus PRRS originam-se a partir de mudanças contínuas do vírus nas regiões com transmissão constante dentro, e entre, explorações (região B na figura 2). Em países onde se pretende manter as explorações de multiplicação e os centros de inseminação PRRSV negativos, onde se realizaram progressos importantes nos protocolos de quarentena e de distribuição de sémen, a causa mais comun de transmissão a longa distância é o movimento de porcos desmamados e de engorda positivos a PRRSV e o uso de veículos de transporte contaminados (região A na figura 2). Infelizmente, a distribuição da reposição e de sémen positivos a PRRSV continua a ser realizada em vários países. Considerar que uma região, sistema ou exploração, pelo facto de ser positiva a um isolado de PRRSV, possa aceitar sémen ou reposição positivos a PRRSV é muito perigoso, já que pode ser introduzido um isolado mais virulento.

Figura 2. Introdução de um novo isolado do vírus de PRRS da região B pra a A

Introducción de una nueva cepa de virus de PRRS de la región B a la A

A investigação que os Drs. Scott Dee e Satoshi Otake realizaram demonstra que o vírus de PRRS pode ser transmitido entre explorações através dos veículos de transporte (Dee SA, et al. 2004), objectos contaminados (Otake S, et al. 2002), pessoas (Otake S, et al. 2002), insectos (Otake S, et al. 2004), chorumes e aerossol (Dee SA, et al. 2005). A transmissão por estas vías indirectas é provável que ocorra em distâncias relativamente curtas, da primeira exploração infectada com o novo isolado (figura 2), em áreas de alta densidade suína e que provavelmente seja agravada por umas medidas de bio-segurança deficientes. Normalmente quando a primeira exploração é infectada, várias explorações receberão porcos com infecção aguda, convertendo-se em amplificadores deste isolado concreto de PRRSV (região A na figura 3). Nesta situação não pode ser feita grande coisa para deter ou reduzir a epidemia. Curiosamente, entre os numerosos isolados diferentes que se identificam em zonas de alta densidade suína por ano, apenas uns poucos se transmitem entre explorações e ainda são menos as capazes de se disseminar ampliamente e dominar toda uma região ou sistema. O factor que determina que os isolados de vírus de PRRS se disseminem com êxito e persistam em áreas geográficas, ou em fluxos de porcos, tem que ser investigado com mais profundidade; no entanto, pode por-se a hipótese de estarem envolvidas a capacidade do isolado para se replicar com eficácia nos porcos, a sua capacidade para se transmitir por múltiplas rotas, incluindo os aerossóis e a existência de populações de porcos capazes de manter a infecção e disseminar deste modo quantidades significativas de vírus durante um periodo de tempo.

Figura 3. Disseminação de um novo isolado de vírus de PRRS através da região A

Diseminación de una nueva cepa de virus de PRRS a través de la región A

Estudos controlados indicam que quando os porcos susceptíveis são expostos a vírus vivos selvagens de PRRS podem excretá-lo durante 70 a 100 dias (Cano JP, et al. 2007; Linhares D, et al. 2012). As populações grandes de porcos negativos servem como amplificadores do vírus na região recém infectada e representam um risco significativo para explorações vizinhas durante muito tempo. Os mesmos estudos revelam que o uso de vacinas vivas modificadas nestas populações recentemente infectadas reduz a duração da excreção nuns 30 dias. Também se espera que as populações que desenvolveram imunidade contra vírus vivos de PRRS excretem um vírus heterólogo (de nova introdução) em menores quantidades e durante menos tempo que a primeira vez que foram expostos ou que populações completamente susceptíveis. Pese a que os porcos negativos na fase de crescimento amplificam os novos isolados, o reservatório dos isolados de PRRSV numa região está nas engordas de fluxo contínuo endemicamente infectadas ou ciclos fechados. Se os porcos são engordados em sistemas tudo dentro/tudo fora muito provavelmente o novo isolado seria eliminado de um sítio em poucos meses. Os resultados observados em projectos-piloto de controlo regional sugerem que o princípio de homogenização da imunidade por exposição que se aplicou comn êxito a nível de exploração para controlar o PRRSV pode representar uma alternativa viável ao controlo regional.

Em resumo, o desafio que o PRRS impõe a regiões ou empresas poderia ser superardo com o conhecimento da epidemiologia do vírus e a combinação de estratégias encaminhadas para:

  • Prevenir novas introduções através da aplicação sistemática de um programa de biosegurança completo.
  • Reduzir a fonte de novos isolados tratando de eliminar o vírus das populações e fluxos contínuos endemicamente infectados.
  • Conter a disseminação de novos isolados maximizando a imunidade da exploração, a bio-segurança e aplicando um sistema de vigilância integrado para fazer um acompanhamento do vírus.
  • Minimizar o impacto económico da doença tentando controlar a exposição e a imunidade através de estratégias como a filtração do ar, a biosegurança, a vacinação e a modificação do fluxo de porcos.

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