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Letargia no mercado de Verão

O verdadeiro motivo por que o mercado está tão estável são as grandes colheitas a nível mundial.

Já chegou o Verão, as crianças acabam a escola, os dias são maiores, começa-se a pensar em férias… Uma certa despreocupação e calma envolve toda a gente. O nosso mercado não é diferente e impregnou-se desse espírito. Um dia parece que o milho quer subir uns quantos euros e no dia seguinte torna a descer um euro ou dois. No final, continuamos a ter o intervalo de preços de 175- 177 €/ton segundo posições até Maio de 2015. O trigo, mais do mesmo; parece que quer subir uns euros e a seguir volta a cotar-se a preços que já tinham sido vistos. O intervalo de preços está entre 185-189 €/ton segundo posições.

A realidade é que estamos numa situação de preços muito estáveis desde há pouco mais de um mês. Quanto à cevada, alguns dias tenta subir de preço e tenta esquecer os preços do milho e do trigo. O agricultor continua sem querer vender. Resumindo tudo está onde estava. Incluindo a soja, que não há tanto tempo (ainda que parece que nos tenhamos esquecido) chegou aos 500 €/ton, hoje em dia está a 414 €/ton, ainda que há poucos dias chegou a estar a 400 €/ton, e ainda não chegámos a Agosto, quando a pressão da nova colheita será realmente eficiente.

Independentemente do Verão, o que faz com que o mercado esteja tão tranquilo são as grandes colheitas a nível mundial. A de milho, tão excelente como a do ano passado (com record de produção), a de trigo quase tão boa como o ano passado e a da soja, possivelmente record de produção. Relativamente aos outros cereais, sorgo, centeio e cevada, as colheitas são também excelentes. Presentemente as perspectivas são óptimas para o comprador. Sabendo que nos portos vai haver de tudo, pode inclusive dar-se o caso de ofertas de cevada a preços competitivos, se a nível nacional se continuar a dormir nos louros tentado fazer subir o preço a nível local. Também não pode ser esquecida a oferta de cereal francês que, devido às suas colheitas extraordinárias, se pode converter num vendedor importante depois de uns anos a ter um papel mais secundário no mercado espanhol. Tudo parece favorecer que o comprador continue a sua estratégia devagar, sem pressas.

Não obstante, há que estar conscientes de que, quanto mais baixem os preços mais próximo estamos da reviravolta, e portanto como fabricante, há que continuar a tomar posições e quanto a mais longo prazo melhor. Ao fim e ao cabo é a única maneira de continuar a ter uns preços aceitáveis e sobretudo sem sobressaltos bruscos. Além disso, não nos esqueçamos que os fundos tentarão potenciar os vaivéns do mercado, já que num mercado mais ou menos plano é muito difícil a realização de lucros e sobretudo a minimização da perda.

Agora, por exemplo, já se comenta que o excesso de chuvas pode diminuir a colheita dos Estados Unidos e Canadá. Ainda que, segundo a minha opinião, isto é vontade de ser vidente. Como bem dizem os agricultores por falta de água é fácil estragar uma colheita, mas o excesso, a menos que seja um dilúvio ou chova muito durante muitas horas, o normal é que garanta ou melhore a colheita.

Resumindo, a curto prazo, a tendência continua a ser estável ou baixista. Não nos esqueçamos que este é o segundo ano com colheitas excelentes, com o consequente aumento de stocks no final de campanha. Como reza o dito no mercado, quando sobra género são necessárias 3 coisas: espaço (armazéns), dinheiro (para financiar) e paciência (não perder os nervos para esperar uma reviravolta no mercado). A experiência, quanto a isso, demonstra que a combinação dos 3 factores se dá em muito poucas ocasiões.

Quanto ao complexo da proteína, em geral, e à soja, em particular, por uma vez e sem precedente, continua a tendência à baixa do resto das matérias-primas e, na minha opinião, ainda não vimos o melhor. Esperemos que o relatório de stocks nos Estados Unidos não nos baralhe as perspectivas.

30 de Junho de 2014

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