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5 de Janeiro de 2021
Na segunda quinzena de Dezembro a cotação dos porcos manteve-se na Bolsa do Porco. Todo o mês de Dezembro foi caracterizado pela manutenção da cotação dos porcos em Portugal, apesar de ter havido uma subida dos pesos, o que é perfeitamente normal tendo em consideração a redução no número de dias de abate. Estes continuaram em bom ritmo e o mercado da carne esteve fluido, quer para vendas internas quer para exportação.
Apesar de termos tido um ano, que no seu cômputo geral, foi um bom ano para a produção de suínos em Portugal, 2020 termina com a cotação dos porcos a um nível demasiado baixo e com as cotações das matérias-primas a atingir máximos de 5 anos, o que perspectiva um aumento generalizado dos custos de produção devido ao mais que esperado aumento dos preços das rações.
A cotação em 2021 arrancará a um nível bem inferior ao do arranque de 2020, o que permite projectar um ano mais complicado até porque, apesar de se prever que as exportações europeias continuem a bom nível, o crescimento do efectivo suinícola chinês deixa antever vendas inferiores para aquele país. Em todo o caso, apesar de inferiores a 2020, tal como referi no meu anterior comentário, a previsão é que o envio de carne de porco europeia para a China seja superior a 2017, que foi o último ano em que a China não teve problemas com a Peste Suína Africana.
Após a saída da Festas de Natal e Fim de Ano, teremos que ver como recuperou o ritmo dos abates de porcos atrasados na Alemanha (havia 700 mil porcos atrasados para abate neste país), na Holanda e na Dinamarca e de que forma ficaram atrasados os abates em Espanha devido a esses feriados das Festas.
O ano de 2020 fica marcado por 2 factos indeléveis na Europa: a Covid-19 a partir de Março e a Peste Suína Africana na Alemanha a partir de Setembro.
O ano começou com cotações elevadas, a rondar os 2,00€/kg e, a partir do momento em que a Europa confinou, com encerramento da economia e dificuldades na exportação, as cotações tiveram uma queda vertiginosa de cerca de 0,60€/kg carcaça. No Verão as cotações estabilizaram e até tiveram ligeiras subidas, mas após a declaração de PSA na Alemanha, este país foi proibido de exportar carne para Países Terceiros e esse excesso de carne no mercado europeu obrigou as cotações a descer de novo.
A Covid-19, para além dos confinamentos gerais ocorridos na Europa que fizeram baixar os consumos a nível do canal HORECA (hotelaria, restauração e cafés), teve forte impacto nas exportações europeias para a China, visto que o país asiático proibiu as compras de carne de porco em matadouros e salas de desmancha que tivessem casos positivos confirmados entre os seus trabalhadores. Com este estrangulamento foram afectados directamente a Alemanha (para além da proibição devido à PSA), a Dinamarca e a Holanda. A Espanha foi aproveitando os “buracos” deixados por estes países para aumentar os seus volumes de exportação.
Os leitões foram outro item que teve uma descida brutal de cotação em 2020. Em Fevereiro houve leitões de 20kg a serem vendidos a mais de 100€ a cabeça, tendo baixado até aos 25-30€/cabeça em Outubro/Novembro, altura em que começaram a ter uma nova ligeira subida devida ao aumento da procura. Esperemos que este aumento da procura e da cotação seja, um bom prenúncio para o novo ano que agora se inicia.
No que diz respeito às cotações
Em Espanha a cotação desceu 0,01€/kg P.V. (-0,013€/kg carcaça) na primeira quinzena de Dezembro para 1,096€/kg PV (1,461€/kg carcaça). Como referi acima, os pesos subiram e estão num nível record. Apesar dos pesos elevados, não há qualquer medo ou pânico no mercado espanhol, pois há aumento da oferta de porcos para abate, mas os matadouros não têm qualquer problema em os abater e em vender a sua carne.
A Alemanha manteve a sua cotação 1,19€/kg carcaça. Os pesos baixaram 200g nesta quinzena para os 98,8kg. Apesar de a altura das Festas ser uma época de aumento do consumo e de venda de carne, com a dificuldade em exportar carne, o mercado vê-se “afogado” neste produto o que traz incertezas quanto ao futuro próximo para a fileira na Alemanha. É de salientar que o efectivo suinícola alemão de Dezembro de 2020 apresentou uma descida de cerca de 3% em relação a Dezembro de 2019, o que é significativo das dificuldades pelas quais passam os produtores alemães, não apenas relativamente à PSA e à redução do comércio de carne, mas também em relação às questões ambientais que cada vez impõem mais restrições à suinicultura alemã.
Na Holanda a cotação manteve-se em 1,32€/kg carcaça. Houve algum aumento do consumo natalício mas o mercado continua com dificuldades de escoamento de carne.
Na Bélgica a cotação manteve-se em 0,71€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,28€/kg carcaça. O mercado caminha para uma situação de melhoria, mas há que ter cuidado relativamente aos abates e à desmancha de carcaças para que estes se adequem aos pedidos do mercado. Só desta forma não haverá desequilíbrios que prejudiquem a fileira.
Em França, a cotação subiu 0,004€/kg carcaça fixando-se em 1,201€/kg carcaça. Os pesos subiram 1,2kg para os 97,7kg e estão 900g acima dos pesos do ano passado na semana. Há estabilidade no mercado francês que agora espera pelas promoções de início do ano para estimular as vendas de carne e dar um impulso importante em todo o mercado. O preço médio francês de 2020 foi de 1,39€/kg carcaça para porcos equivalentes a 50% de músculo, o que representa uma descida de 10,6 cêntimos (-7%) em relação ao preço médio de 2019 que foi de 1,496€/kg).
Veremos o que nos trazem as próximas semanas que serão cruciais para aquilo que será o mercado do porco em 2021
Quero desejar a todos os meus leitores um Próspero Ano Novo.
