0
14 de Março de 2014
Manutenção do preço dos porcos em Portugal na primeira quinzena de Março, o que é representativo da pouca oferta no mercado. Se não houvesse a proibição russa seguramente que os porcos teriam subido e estariam em preços muitos bons para esta época do ano. Infelizmente não é isso que acontece.
Apesar de Portugal não ser um fornecedor directo de grandes quantidades de produtos de porco ao mercado russo, a proibição que impende sobre a U.E. e que não permite o envio de carne e seus produtos para a Rússia está a afectar todo o mercado interno e não deixa que as cotações subam. Bem pelo contrário, tem levado a fortes descidas de cotação nos Países do Centro e Norte da U.E., cujas empresas concorrem, agora, no mercado interno com as empresas do Sul (Espanha principalmente) e que tem impedido que haja alguma subidas de preço neste país.
Na realidade, a cotação espanhola de Lérida nesta quinzena teve uma ligeirissíma descida (-0,002€/kg PV) e a cotação definida no dia 6 de Março vigorará por 2 semanas, ou seja, não houve a sessão de Lérida de ontem, 13 de Março, pois os espanhóis têm hoje (dia 14 de Março) a visita de uma delegação russa (que já estava prevista antes dos problemas de Peste Africana na Polónia e na Lituância) no sentido de poderem homologar matadouros espanhóis para que estes possam exportar carne de porco e derivados para aquele país.
Os espanhóis estão confiantes de que, com a falta de carne de porco que existe no mercado russo e o facto da Espanha estar a mais de 2500km da Polónia e da Lituânnia, possa ser um factor favorável a que os russos possam autorizar o envio daqueles produtos.
Esta seria, sem qualquer sombra de dívida, uma excelente notícia para o mercado Europeu do porco e mais concretamente para o países do Sul da Europa pois teria como consequência imediata, a subida das cotações e tão necessitados os produtores estão desta subida.
Na realidade, e apesar da proibição de exportações para a Rússia (Espanha já estava impedida de exportar há alguns meses a esta parte) o mercado espanhol encontra-se com alguma fluidez, pois as empresas espanholas viram-se obrigadas a procurar outros mercados para colocar os seus excedentes de carne e conseguiram. Os pesos de carcaça têm descido o que é sinal de que a oferta é inferior à procura de porcos para a abate. Uma boa parte desta situação é explicada pelo facto da indústria preferir abater porcos a preços baixos nesta altura do ano para congelar a carne visto que as perspectivas são de aumento do preço e assim ficam com carne para poder trabalhar a preços mais baratos, tornando-se mais competitivos no mercado dos próximos meses.
Na Alemanha é que o mercado se encontra com maiores dificuldades e o preço desceu 0,05€ na primeira semana do mês e subiu 0,02€ na segunda, o que representa uma descida de 0,03€/kg carcaça mas também representa uma inversão de tendência com a subida da segunda semana. Os pesos são estáveis na Alemanha mas o preço de venda dos porcos está 0,15€/kg abaixo do custo de produção. As carcaças na Alemanha têm, em média, 95kg o que quer dizer que os suinicultores alemães perdem cerca de 14€ por porco.
Os alemães entendem que só uma reabertura do mercado russo pode inverter esta tendência e trazer fuidez ao mercado.
A Holanda desceu 0,03€/kg carcaça e a Bélgica manteve esta quinzena.
A Dinamarca também desceu a sua cotação 0,03€/kg carcaça esta quinzena referindo que há grandes incertezas no mercado ao mesmo tempo que vão mantendo a suas reuniões bilaterais com as autoridades russas no sentido de encontrarem uma solução que lhes permita exportar para aquele país.
Em França, os representantes dos suinicultores franceses continuam a pressionar fortemente o seu Governo, bem como a Comissão Europeia no sentido de que os russos possam aceitar carne de países Europeus que possam garantir um produto "nascido, criado e abatido em França" e os franceses (tal como já dei informação há umas semanas atrás) têm um rótulo "O Porco Francês" que garante a origem, criação e abate dos animais pelos gauleses.
Neste país a cotação subiu 0,041€/kg carcaça na quinzena, aproveitando não só a "onda" da subida alemã do final da semana anterior como também a fraca oferta de porcos e as previsões de forte subida da Alemanha para a próxima semana.
A aceitação, por parte dos russos, da regionalização da U.E. e das garantias de que a carne de porco que vá para a Rússia não é da Polónia nem da Lituãncia seria excelente para o mercado interno da U.E. pois faria subir os preços seguramente. Esta é uma solução defendida pelos produtores europeus mas que choca com a Comissão Europeia que prefere manter a U.E. como um todo o que tem dificultado a alteração da decisão russa proibição do envio de carne e porcos para aquele país
Para que se tenha a noção, e segundo os dados apresentados pelo MPB francês, as cotações em Janeiro e Fevereiro de 2014 nos principais países produtores de porcos da U.E. foram inferiores 6% a 9% em relação às cotações em igual período do ano passado. Por outro lado em Fevereiro de 2014 as cotações desceram, em relação a Janeiro, entre 8 e 14 cêntimos (excepto Espanha que só teve uma descida de 2.7 cêntimos) e isto devido à proibição russa.
Assim teremos aguardar as próximas semanas para ver que resultados as reuniões e os contactos entre a Comissão Europeia e as Autoridades russas no sentido de permitir os envios de carne de porco com a maior brevidade possível o que iria permitir uma subida forte das cotações em toda a U.E.
