17 de Outubro de 2024
A cotação dos porcos seguiu a sua descida na Bolsa do Porco, na primeira quinzena de Outubro, tendo juntado mais 0,09€/kg carcaça às anteriores descidas para os 2,327€/kg. No total, a cotação já baixou 0,275€/kg carcaça desde que se iniciou a descida, na sessão da Bolsa do passado dia 8 de Agosto. No ano passado a descida, neste mesmo número de semanas, foi de 0,32€/kg carcaça e a cotação estava em 2,482€.
São mais de 2 meses de descida que aproximam, rapidamente, a cotação do custo de produção. Esta descida vem mais por arrasto do que se tem passado em Espanha, em que a indústria pretende ter um preço competitivo para a carne e “obriga” à descida da cotação dos porcos, do que por grande aumento da oferta de porcos para abate.
Em Portugal, as vendas de carne não são famosas. A oferta de porcos para abate aumentou e o seu peso também, o que é perfeitamente normal nesta altura do ano. Grande parte deste aumento de oferta tem sido absorvido pelos matadouros, pelo que não existem grandes bolsas de porcos atrasados nas explorações.
Neste momento, a cotação espanhola está muito próxima da cotação alemã, pelo que será de prever que as descidas possam reduzir-se ou mesmo parar, nas próximas semanas. A cotação já desce em Espanha nas últimas 10 semanas e na ordem dos 2 a 2,5 cêntimos por kg de peso vivo. Portanto, e no total, a descida em Espanha já vai em 21,5 cêntimos por kg/PV, ou seja, 28,7 cêntimos/kg carcaça.
No resto da Europa, a oferta de porcos vai aumentando sazonalmente, mas sem que este aumento deixe animais atrasados nas explorações. Este equilíbrio entre oferta e procura tem permitido que não haja alterações nas cotações no Norte da Europa, que já se mantêm inalteradas há 9 semanas consecutivas (Alemanha e Bélgica) e com poucas alterações, de subida, no caso da Dinamarca e Países Baixos.
Actualmente, os matadouros na Europa têm falta de pessoal para trabalhar nas linhas de abate e nas salas de desmancha. Esta situação fez os matadouros reestruturarem-se em termos de turnos e de capacidade de abate e desmancha, reduzindo essa mesma capacidade até porque havia menos oferta de animais para abate. Agora, que a oferta de animais para abate vai aumentando, não é intenção dos matadouros aumentarem turnos de abate e desmancha, pelo que todos os agentes da fileira terão que se adaptar a estas novas circunstâncias.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação baixou 0,071€/kg PV (-0,095€/kg carcaça) na primeira metade de Outubro, para 1,633€/kg PV (2,177€/kg carcaça). Os pesos em carcaça subiram 2,35Kg nesta quinzena e encontram-se g acima dos pesos do ano passado nesta mesma semana, quando têm estado, de uma maneira geral, cerca de 2kg acima desse peso durante todo o ano 2024.
Na Alemanha, a cotação manteve-se na primeira quinzena de Outubro em 2,00€/kg carcaça. Os pesos subiram 600g para os 98kg em carcaça. A oferta e a procura de porcos para abate coincidem e isso permite que a cotação não sofra alterações. Todos os operadores parecem estar cómodos com o actual preço, pelo que não há pressões nem para o subir, nem para o baixar.
Nos Países Baixos a cotação manteve-se em 1,86€/kg na primeira quinzena de Outubro.
Na Bélgica a cotação manteve-se na primeira metade de Outubro em 1,42€/kg PV. A estabilidade do preço é aceite e convém a todos os actores do mercado do porco belga, por isso, esta tendência poderá continuar durante mais algumas semanas.
Na Dinamarca a cotação subiu 0,05€/kg carcaça para 1,47€/kg carcaça na primeira quinzena de Outubro. Apesar da época do ano, a estabilidade é a tónica do mercado da carne de porco no Norte da Europa, pelo que não há pressões para que haja alterações nas cotações.
Em França, a cotação desceu 0,04€/kg carcaça na primeira metade de Outubro para 1,741€/kg carcaça. Os pesos subiram 700g tendo-se fixado em 97kg e estão 1,9kg acima dos pesos do ano passado nesta mesma quinzena. Continua a “guerra” entre as cotações pagas aos produtores pelos matadouros que seguem a cotação definida pelo MPF e pelos que estão fora da Bolsa de Plérín e que não seguem esta cotação. Neste momento, com as descidas do MPF, as cotações estão mais aproximadas e a previsão é que as próximas sessões do MPF possam trazer descidas mais suaves ou, quiçá, alguma estabilidade. Devido a esta situação, a cotação do MPF já desceu 39,1 cêntimos desde Julho.