2 de Setembro de 2016
O mercado do porco em Portugal viveu em estado de calma durante todo o mês de Agosto. A cotação manteve-se na Bolsa do Porco nos 1,826€/kg (desde 21 de Julho que a cotação não se altera sendo 6 as semanas consecutivas com a mesma cotação) o que é sinal de equilíbrio entre a oferta de porcos e a sua procura por parte dos matadouros. Uma parte deste equilíbrio é dada pelo calor elevado deste verão que atrasou o crescimento dos porcos, outra parte é dada pela menor oferta global de animais para abate, fruto das reduções de efectivo do ano anterior.
Em todo o caso, há alguma dificuldade por parte da indústria em valorizar a carne, já que as vendas não andam “famosas” e isso torne-se um problema para todo o mercado, pois a indústria tenterá ir buscar margem a algum lado e isso, normalmente, acontece à custa da produção.
Por outro lado, as cotações no mercado europeu praticamente mantiveram-se durante todo o mês de Agosto (houve até uma ligeira subida em França, uma ligeiríssima descida em Espanha e uma pequena descida na Holanda e na Dinamarca), sinal do tal equilíbrio referido acima e também porque se espera que a China, que tinha reduzido as suas compras em Julho e Agosto, retome às mesmas em Outubro.
Portanto, o que se espera em Setembro? Que haja um “braço de ferro” entre a produção e os matadouros europeus para que não haja descidas nas cotações com a justificação, por parte dos primeiros, que as vendas da carne irão melhorar substancialmente em Outubro e que por isso não há necessidade de descer as cotações durante 3 ou 4 semanas para depois estas voltarem a subir, com os segundos a contra-argumentar que necessitam de ganhar margem na venda da carne e que esta só poderá advir da descida das cotações dos porcos.
Estaremos cá para ver que resultado irá dar este “braço de ferro” que, espero, seja favorável aos produtores, pois isso seria um excelente sinal para todo o mercado do porco na Europa.
Em Espanha, na última semana do mês de Agosto, houve uma ligeiríssima descida da cotação dos porcos que foi de 0,002€/kg PV (cerca de 0,003€/kg carcaça) ficando a cotação em 1,321€/kg PV (cerca de 1,761€/kg carcaça). Os pesos em Espanha têm-se mantido e estão nos 80,5kg carcaça o que são considerados baixos para o normal do mercado espanhol.
Em Espanha continuam as queixas dos matadouros e dos industriais de que vendem a carne abaixo do preço que deveriam vender porque o mercado da carne não conseguiu “encaixar” as subidas dos porcos e por isso estes estão sem margem. Tendo em consideração que a oferta de porcos irá subir em Setembro e Outubro (é normal este aumento da oferta em Setembro em todos os países Europeus) os matadouros pretendem que o preço dos porcos desça para conseguirem ganhar a margem que perderam anteriormente.
Muito do que se passar no mercado espanhol trará implicações, como habitualmente, ao mercado português e por isso estaremos expectantes a ver o que se passará nos nossos vizinhos.
A Alemanha também manteve a sua cotação durante todo o mês de Agosto nos 1,66€/kg. A procura de porcos para abate segue a bom ritmo e os pesos em carcaça reduziram-se ligeiramente, o que é sinónimo de equilíbrio entre a oferta e a procura de porcos para abate. A indústria alemã também apresenta as mesmas queixas que a espanhola, ou seja, precisam de ganhar margem no preço da carne e isso é complicado se o preço dos porcos não descer.
Neste mês a Holanda baixou a sua cotação 0,02€/kg carcaça, fixando-se a cotação em 1,61€/kg e a Bélgica mantive a cotação em 1,16€/kg PV.
A Dinamarca, baixou a sua cotação em 0,03€/kg ficando a cotação em 1,40€/kg carcaça.
Em França a cotação subiu 0,018€/kg carcaça, fixando-se a cotação e 1,477€/kg carcaça. Os abates continuam em bom ritmo e os pesos mantiveram-se nos 93,3kg carcaça.
O norte da Europa espera o regresso de todos quantos vivem nos seus países e que agora regressam das férias para os locais de trabalho. Isto é o que acontece na Alemanha e em França, permitindo que o “mercado do regresso” seja um estimulo para a venda da carne. Pelo contrário, nos países do sul da Europa, os turistas vão-se embora e, sendo mercados de menor poder de compra, considerando o regresso às aulas, há menos poder de compra e menores vendas de carne. Em todo o caso, e como referi acima, há a perspectiva de um factor positivo que é a China. Veremos o que nos reservam as próximas semanas.