4 de Janeiro de 2015
Depois de não se terem realizado as sessões da Bolsa do Porco da primeira quinzena de Dezembro, na segunda quinzena, e na única sessão da Mesa de Cotações que se realizou, houve manutenção. Esta sessão definiu a cotação até final do ano.
Neste período, as cotações mantiveram-se no mercado tendo até havido informações de que alguns matadouros pagaram mais pelos porcos nacionais que compraram.
Em 2015, as sessões da Bolsa tiveram 13 semanas em que subiram (todas estas semanas foram até finais de Junho), 22 semanas com manutenção de preço e 13 semanas com descidas de preço (12 delas no último trimestre do ano). Houve ainda 4 semanas em que não foi definida variação, sendo que 3 delas foram em Dezembro (2 por acção dos suinicultores e 1 referente à semana do Natal).
Neste momento os pesos dos porcos começaram a baixar ainda que lentamente e espera-se que, apesar do mês de Janeiro ser um mês muito fraco a nível de vendas da carne de porco, que as ajudas ao armazenamento privado que se iniciaram hoje, possam aliviar o mercado Nacional de alguma carne a mais existente no mercado.
Durante todo o mês continuaram a existir acções de sensibilização e de informação por parte do Gabinete de Crise da Suinicultura junto dos consumidores para a forma como estes podem saber, através da informação obrigatória a constar na sua rotulagem, se a carne de porco que consomem é portuguesa ou não. Estas acções já começaram a dar os seus frutos, principalmente junto de algumas cadeias de supermercados que alteraram a sua informação nos rótulos.
Chegou ao fim um ano que até nem começou mal de todo para o Fileira Suinícola Portuguesa mas que acabou muito mal mesmo, com preços demasiado baixos e muito abaixo dos custos de produção e das cotação recebidas pelos restantes suinicultores Europeus, como veremos mais abaixo.
No caso, os preços de carcaça em Portugal andarão muito próximos de 1,00€/kg carcaça, o que representa aproximadamente 0,77€/kg PV. Aqui teremos que descontar os custos de transporte que o produtor português tem que suportar pelo envio dos seus animais desde a exploração até ao matadouro de destino.
Comparemos agora com o que se passa nos restantes países Europeus:
Em Espanha, a cotação de Lérida também voltou a descer. Nesta quinzena a descida foi de 0,003€/kg PV, cerca -0,004€/kg carcaça, tendo-se fixado a cotação em 0,947€/kg PV (cerca de 1,263€/kg carcaça). Reforçando ainda mais a ideia do meu último comentário, mesmo que os produtores espanhóis possam vender os seus porcos com um diferencial negativo em relação à cotação de Lérida, vamos supor 0,10€/kg PV (incluindo neste diferencial o custo do transporte até ao matadouro), neste momento poderão estar a vender a 0,85€/kg PV (cerca de 1,10€/kg carcaça). Ou seja, continua a ser um preço melhor do que em Portugal.
Pelos dados da Mercolérida, o preço médio da Bolsa em 2015 foi de 1,129€/kg PV (cerca de 1,505€/kg carcaça), o que representa uma descida de 0,144€/kg PV (-11,3%) em relação a 2014.
Ainda segundo o Boletim de Lérida, em 2015 as cotações foram inferiores a 2014 em cerca de 10% na Alemanha e Dinamarca, -7% em França e -13% na Holanda.
Apesar de nas últimas semanas os pesos terem vindo a descer, na última quinzena do ano as informações são contraditórias já que os produtores dizem que os porcos baixaram 600gr o peso e os matadouros referem uma subida de 600gr. Provavelmente houve pesos estáveis. Em todo o caso, os pesos continuam 2,5kg acima dos pesos de 2014 na mesma altura do ano.
A Alemanha manteve a sua cotação durante todo o mês de Dezembro estando em 1,25€/kg carcaça. Os abates foram fortes por altura do Natal o que deu alguma fluidez ao mercado. Veremos que impacto terá a abertura do armazenamento privado no mercado alemão, com a certeza que todo o impacto que tenha, positivo ou negativo, terá influência em todo o mercado Europeu.
Nesta quinzena, a Holanda e a Bélgica mantiveram as suas cotações, em 1,17€/kg carcaça e 0,85€/kg PV, respectivamente
A Dinamarca voltou a baixar a sua cotação nesta última quinzena do ano sendo a descida de 0,02€/kg carcaça e a cotação fixou-se em 1,17€/kg carcaça. Aqui há que acrescentar que os suinicultores dinamarqueses, no final do ano, recebem uma compensação dos matadouros que é de, aproximadamente, 0,11-0,123€/kg carcaça. Na realidade, o preço dos porcos na Dinamarca não será 1,17€/kg carcaça, mas sim 1,28-1,30€/kg carcaça.
A França subiu ligeiramente a sua cotação. A subida foi apenas de 0,002€/kg carcaça e a cotação, para porcos equivalentes a 50% de músculo, fixou-se em 1,07€/kg carcaça. Os pesos continuam muito elevados (95,7kg carcaça) tendo subido cerca de 800gr nesta última quinzena do ano, o que é bem demostrativo das dificuldades que o mercado francês está a ter para abater todos os porcos que são oferecidos no mercado.
Inicia-se um novo Ano cheio de incertezas. A verdade é que as a situação é muito difícil e o mercado precisa de sinais positivos para que os preços comecem a subir. Sinais positivos seriam o aumento do consumo, a exportação de carne de porcos para Países Terceiros, redução da oferta de porcos para abate, de entre outras. Veremos se estes sinais aparecem e qual, ou quais deles, irá ser o primeiro a influenciar positivamente o mercado.