As alternativas às jaulas de parto devem melhorar o bem-estar da porca, permitindo maior liberdade de movimento e promovendo o comportamento de nidificação e o comportamento maternal, no entanto, os sistemas alternativos também devem ser desenhados para proteger leitões.
Os sistemas de maternidades livres são cuidadosamente projectados para reduzir o risco de esmagamento e dar grande importância à qualidade do espaço usado pela porca e os seus leitões.
Há 3 tipos principais de sistemas de maternidades livres para alojamentos indoor (www.freefarrowing.org):
- Confinamento temporário: A porca pode virar-se mas os seus movimentos podem ser restringidos temporariamente perto do parto.
- Parques individuais com "confinamento zero": a porca é alojada individualmente e os seus movimentos não são restringidos em nenhum momento. São construídos parques simples, com o mesmo desenho das maiores jaulas convencionais para parto, mas sem restrições e com algumas características para proteger os leitões de serem esmagados. Alguns parques são maiores e mais elaboradas, permitindo que a porca diferencie entre zona de defecação e zona de descanso e possuem características adicionais para ajudar a porca a mudar a postura.
- Sistemas em grupo: Estes sistemas permitem a mistura das porcas e as suas ninhadas antes do desmame. A maioria baseia-se num sistema de lactação conjunta. Tanto as porcas como os leitões têm mais espaço e são com frequência alojados em cama profunda de palha. Inicialmente as porcas são alojadas individualmente em parques e transferidas, com a sua ninhada, para o grupo entre 10 e 21 dias depois do parto. Alternativamente, as porcas podem ser agrupadas antes do parto e ter acesso a jaulas-ninho individuais, que podem ser removidas após o parto.
Embora haja um volume crescente de literatura disponível sobre os benefícios para o bem-estar das porcas dos sistemas alternativos de parideiras, colocam-se várias preocupações no momento de implementar estes sistemas em condições comerciais.
Este breve artigo apresenta alguns resultados recentes da implementação de maternidades livres com confinamento temporário num estudo a grande escala na Dinamarca e numa exploração piloto na Catalunha.
Foram analisados dois sistemas de confinamento temporário: a JLF15 e a SWAP (Sow Welfare and Piglet Protection). A optimização do espaço e a adaptação ao pavimento de slat completo e ao sistema de chorumes foram dois critérios essenciais para a selecção. Em ambos os sistemas, a porca pode voltar-se durante o parto e a lactação mas, ao mesmo tempo, estes sistemas permitem encerrá-la durante o parto. Ambos os sistemas proporcionam um ninho muito confortável para os leitões. O ninho é um ponto chave como zona de segurança para os leitões e facilita muito as tarefas de maneio (foto 3). Finalmente, é proporcionado material de enriquecimento através de um dispensador. O parque JLF15 mede 2,4 x 2,4 metros. O SWAP é ligeiramente maior (3 x 2 metros) e permite à porca fazer a separação entre as zonas de defecação, alimentação e descanso.
Na Dinamarca há um interesse crescente no uso do confinamento temporário, especialmente ao construir novas explorações. O sistema está preparado para os futuros requisitos legais e, ao mesmo tempo, implica uma grande melhoria em termos de eficiência e bem-estar animal. A ideia é que, após o confinamento temporário, as porcas apenas tenham os movimentos restringidos quando necessário e durante o resto da lactação tenham liberdade de movimento. O momento crítico é à volta do parto e durante os primeiros dias de lactação. Os resultados de um estudo dinamarquês que comparava porcas em grupo com parques SWAP, mostrou que os primeiros 4 dias após o parto são um momento de muito pouca actividade para a porca, pelo que as restricções não influenciam o seu comportamento (figura 1). Ao usar o confinamento temporário, as explorações são capazes de ter um nível comparável ás jaulas convencionais e algumas inclusive melhor que antes. Por exemplo, várias explorações comerciais na Dinamarca, com porcas em parques SWAP, produziram uma média de 34-37 leitões/porca/ano com uma mortalidade de 13-15%. A maioria dos leitões morre nos primeiros 4 dias, pelo que é importante protegê-los durante este momento (figura 2). Uma vez superado o periodo crítico, há benefícios em deixar as porcas livres. A experiência mostra que quando as porcas estão livres, os leitões têm melhor acesso à ubere. O maior espaço nos parques é aproveitado pelas ninhadas grandes para crescer melhor. A liberdade de movimentos também melhora a condição das porcas e pode influênciar a sua longevidade.
Entre 2017 e 2019, foram analisados vários sistemas de maternidades livres em confinamento temporário, numa exploração comercial na Catalunha. Os resultados preliminares da avaliação de quatro lotes sugerem um melhor crescimento durante a lactação nos sistemas alternativos, especialmente no SWAP (figura 3). Estudos anteriores descreviam eventos de amamentação mais longos nas maternidades livres relacionados com um aumento dos níveis de oxitocina nas porcas alojadas nestes sistemas. Os níveis mais elevados de oxitocina podem estar relacionados com menores níveis de hormonas do stress, como o cortisol. Os leitões de porcas nas maternidades livres podem beber mais leite, pelo que crescerão mais. Foi observado um aumento no número de leitões esmagados no sistema SWAP, apenas no quarto lote (figura 4), que poderia ser explicado por mudanças no pessoal da exploração e um maneio incorrecto na zona do ninho. Para além desta situação crítica, o número de esmagamentos foi semelhante entre as jaulas convencionais, a JLF15 e a SWAP.
Para impulsionar as mudanças é essencial proporcionar soluções práticas. A partir destes estudos de campo sobre maternidades livres, podemos dizer que os sistemas de confinamento temporário são muito aplicáveis em explorações comerciais. Trabalhar com pessoal formado e qualificado nas salas de parto é crucial para que estes sistemas alcancem o seu potencial máximo.