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Medicamentos na água: pontos críticos da medicação na água

Vão desde a comunicação entre veterinário e produtor, estabilidade e solubilidade do produto, padrão de consumo, limpeza...

1. Comunicação veterinário-produtor

Os conhecimentos e a experiência do veterinário são importantes mas não suficientes. A informação mais valiosa será fornecida pelo suinicultor, que conhece os seus animais e muitos pormenores que o veterinário não conhece. Essa comunicação bi-direccional é fundamental. O tratamento começa por responder a perguntas como: qual é o problema, quando foi detectado, quais são os sintomas, de que produtos dispomos, qual a estratégia a seguir, quais as instalações disponíveis, etc.

Figura 1. Comunicação veterinário-produtor.
Figura 1. Comunicação veterinário-produtor.

2. Estratégia

O tempo necessário para tomar esta decisão é o investimento mais rentável para minimizar o período entre o início dos sintomas e o início do tratamento. No entanto, é preciso não ser demasiado apressado, um bom diagnóstico deve incluir uma avaliação do "risco/custo/benefício" da doença no seu conjunto. O objectivo económico não é a única decisão a tomar num programa de medicação.

3. Qualidade da água

O termo "qualidade da água" é variável e depende de factores climáticos, das características do solo e da actividade humana. É óbvio que a água deve ser de boa qualidade, mas muitas vezes não é monitorizada. Uma água de má qualidade não só torna a medicação ineficaz como também pode representar um risco potencial para a saúde dos suínos. As características organolépticas, químicas, físicas e biológicas da água devem ser mantidas constantes dentro de um intervalo seguro para os suínos.

4. Solubilidade do produto

A solubilidade depende do produto e da qualidade da água. Neste artigo, vimos que a molécula deve ser capaz de se ionizar para ser solúvel em água, caso contrário sedimentará. As associações sinérgicas de antibióticos são também muito importantes na solubilidade final da mistura, duas moléculas serão mais compatíveis se as suas características ácido-base forem próximas.

Figura 2. Produto comercial.
Figura 2. Produto comercial.

5. Estabilidade do produto

Um produto estável mantém as suas características constantes desde o fabrico até ao fim do prazo de validade. Neste artigo são apresentadas as reacções químicas no estado "sólido" entre a substância activa e o excipiente, as alterações físicas das partículas e o efeito ambiental. Em "solução", existe a acção da temperatura, do pH, da luz, do oxigénio, etc. Esta degradação provoca instabilidade, alterações indesejáveis no rendimento e os produtos de degradação podem causar toxicidade.

Figura 3. Estabilidade do produto.
Figura 3. Estabilidade do produto.

6. Medicação e dosagem

Conhecer os sistemas de medicação e saber dosear são pontos críticos muito importantes da medicação. Há basicamente 2 sistemas, com doseador de fluxo e com depósito, cada um com vantagens e inconvenientes.

Figura 4. Sistema de dosagem por meio de um depósito (direita) e de um distribuidor de caudal (esquerda).
Figura 4. Sistema de dosagem por meio de um depósito (direita) e de um distribuidor de caudal (esquerda).

7. Margem terapêutica

A dosagem de um fármaco deve ser calculada para alcançar os níveis plasmáticos necessários para produzir o efeito terapêutico desejado. Uma sub-dosagem, além de não oferecer o efeito terapêutico esperado, encarece a água, piora a saúde e o rendimento produtivo dos animais e, o pior, eleva o risco de gerar resistências.

Figura 5. Gráfico Esquerda: Concentrações plasmáticas após administração de uma dose terapêutica (linha azul), uma dose subterapêutica (linha negra) e uma dose tóxica (linha laranja). Gráfico Direita: Administração de doses repetidas de um fármaco com um intervalo de tempo que impede que as concentrações plasmáticas baixem da concentração mínima eficaz (linha azul).
Figura 5. Gráfico Esquerda: Concentrações plasmáticas após administração de uma dose terapêutica (linha azul), uma dose subterapêutica (linha negra) e uma dose tóxica (linha laranja). Gráfico Direita: Administração de doses repetidas de um fármaco com um intervalo de tempo que impede que as concentrações plasmáticas baixem da concentração mínima eficaz (linha azul).

8. Instalações

O ponto de partida é dispor de instalações em perfeito estado de utilização e escolher os medicamentos certos para que os animais recebam a dose correcta e evitar a contaminação cruzada. O tipo de bebedouro deve ser tratado à parte, uma vez que existe uma relação directa entre a poupança de medicamentos e o tipo de bebedouro (maneio, concepção e colocação). Quando falamos de medicação eficaz, devemos controlar globalmente todos os pontos críticos das instalações:

Figura 6. Pontos críticos das instalações.
Figura 6. Pontos críticos das instalações.

9. Monitorização de consumos

As necessidades hídricas nunca foram bem definidas devido a muitos factores individuais que são difíceis de determinar. Há muitos factores que influenciam, como a temperatura ambiente e da água, a humidade relativa, o padrão de consumo, o caudal, o tipo de bebedouro, etc. Conhecer o consumo real através de contadores de água deveria ser uma prática corrente para poder medicar correctamente os animais.

Figura 7. Estimativas do consumo de água em leitões em transição em diferentes situações reais de exploração. Fonte própria.
Figura 7. Estimativas do consumo de água em leitões em transição em diferentes situações reais de exploração. Fonte própria.

10. Padrão de bebida

Conhecer o padrão de comportamento dos porcos ao beber será fundamental para realizar certos tratamentos. Em condições de campo existem situações anómalas que podem alterar o padrão normal, por exemplo, os leitões que competem para beber durante o dia produzem picos de consumo durante a noite, quando deveriam estar a dormir. Também diferenciamos o padrão de acordo com a fase de produção: na engorda a temperatura influencia, nos leitões em gestação a alimentação e nos leitões em lactação a produção de leite.

Figura 8. Diferenciamos o padrão de consumo de acordo com a fase de produção.
Figura 8. Diferenciamos o padrão de consumo de acordo com a fase de produção.

11. Manutenção e limpeza

As conclusões mostram a importância da limpeza após a medicação e a restrição da mistura de produtos que possam comprometer o desenvolvimento sanitário-produtivo dos suínos e provocar bloqueios. Durante o vazio sanitário e após a medicação devemos controlar os pontos críticos (concepção e manutenção) para manter a biossegurança deste nutriente. Para além da quantidade e qualidade da água, o abastecimento de água deve ser contínuo através de tubagens limpas e desinfectadas.

Figura 9.
Figura 9.

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