Começámos o mês de férias por excelência e instalou-se no mercado um claro sentimento baixista. Mas antes de começar a falar de preços vamos relembrar 5 pontos:
- As colheitas confirmaram-se entre muito boas e excelentes, inclusive record em algumas zonas.
- As colheitas a nível mundial, em geral, também foram excelentes.
- Em Espanha, os fabricantes cobriram bastantes compras de milho para posições Novembro/Janeiro e inclusive Novembro/Maio a preços ao dia de hoje caros, ainda que no seu momento parecessem preços atractivos (depois dos preços do milho dos últimos dois anos, garantir coberturas de milho de Novembro/2013 a Maio/2014 a 185 €/Tm parecia um preço atractivo). Em resumo o fabricante sente-se cómodo para enfrentar a incerteza do mercado.
- Ainda que as colheitas tenham sido abundantes e em geral excelentes quanto a quantidade não podemos dizer o mesmo relativamente à sua qualidade. A qualidade dos trigos, por exemplo, deixa bastante a desejar este ano. Tanto assim que a França reconhece ter abundância de trigo forrageiro, o que pressiona ainda mais a oferta de trigos e demais cereais para consumo animal.
- O último ponto centra-se na China. o gigante asiático que parece ser o motor de tudo e a grande justificação para os altos preços dos cereais e para o aumento dos consumos a nível mundial, reconhece que é possível que o crescimento previsto de 7,5% não se atinja. Isto traduz-se numa espécie de tremedeira nos mercados de commodities, já que menor crescimento implica menos procura.
Bem, agora falemos dos preços. Todos, sem excepção, significativamente mais baixos que nos meses anteriores. O milho situa-se à volta dos 216 €/Tm no porto para disponibilidade imediata, a 169 €/Tm a posição de Novembro 2013 / Janeiro 2014 e 173 €/Tm para a posição de Fevereiro 2014 / Abril 2014 ou Maio/2014. O trigo começou a procurar o seu espaço e no momento situa-se em redor dos 185 €/Tm para Agosto 2013 / Dezembro 2013 e fala-se de 189 €/Tm para Janeiro 2014/Abril 2014. A cevada também cedeu situando-se entre 174-180 €/Tm segundo os destinos. No que diz respeito aos cereais menores, o único que cotiza é o centeio à volta de 165 €/Tm para uma posição Setembro 2013 / Dezembro 2013.
Fala-se de exportações de cevada, isso se, se necessita que o preço ceda 5 €/Tm aproximadamente. Mas devemos ter presente que Espanha não é um país exportador, pelo que não tem uma rede de compras definida para a exportação, pelo que exportar cevada sempre tem uma complicação acrescentada de compra. Mas ainda com uma possível exportação de cevada, ou exportamos um milhão de toneladas (coisa mais que improvável ao dia de hoje) ou creio que há suficiente cevada em Espanha para continuar a pressão, sobretudo se temos em conta as ofertas de centeio, que limitam em seco qualquer subida do preço.
Devo reconhecer que eu, ainda sendo baixista, fiquei aquém nas minhas previsões e a realidade impôs-se com um cenário de preços mais baixos do que era expectável (ou pelo menos, que eu esperava). Além do que comentei sobre a cevada e o centeio, as compras de milho para posições futuras provocam que o trigo tampouco possa subir e continue a procurar o seu espaço de consumo, sobretudo o forrageiro.
Por todo isto, a menos que haja um cataclismo, nas próximas semanas prevê-se um mercado com tendência de descida, ou pelo menos com manutenção de preços fracos. Continuaremos atentos para ver o preço de suporte dos cereais.
Quanto à proteína, podemos afirmar que por fim a soja baixou!! Vimos uma semana com uma descida considerável em Chicago que se traduziu numa descida importante dos preços. Ainda assim, creio que fica pouco mais de um mês para manter estes preços. Graças aos preços da colza, muito pressionados para descer ante a abundante nova colheita, aos preços dos aminoácidos (também com preços atractivos até final do ano), à normalização dos embarques no Brasil e sobretudo ante a expectativa da excelente colheita nos Estados Unidos, creio que poderemos ver mudanças importantes nos preços num curto período de tempo. Hoje a soja situa-se nos 450 €/Tm para a alta proteína, mas a partir de Setembro já temos a colza cotando a 240 €/Tm e a descer. O girassol por seu lado está a cotar-se nos 220 €/Tm para a nova colheita (Outubro/Dezembro) e em geral apercebo-me que há muita vontade de vender tanto colza como girassol.
Boas férias a todos!!
Jordi Beascoechea
2 de Agosto de 2013