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Mercado do porco estagnado e com fracas vendas de carne não permite variações de cotação

Durante o mês de Novembro houve manutenção da cotação na Bolsa do Porco, sintoma de que o mercado se encontra equilibrado entre a oferta e a procura

matadouro
matadouro

30 de Novembro de 2018

Durante o mês de Novembro houve manutenção da cotação na Bolsa do Porco, sintoma de que o mercado se encontra equilibrado entre a oferta e a procura. Em todo o caso, pelos dados que vão surgindo, este equilíbrio é pouco estável, visto que as vendas de carne na segunda quinzena de Novembro foram muito fracas e isto implicou redução dos abates e consequente aumento do peso dos porcos. Outro factor que ajuda ao crescimento dos porcos são as amenas temperaturas que se têm feito sentir, quer em Portugal quer na Europa e isso reflecte-se nos pesos de abate.

Além disso, vai continuando a aparecer carne espanhola a preço baixo o que retira competitividade à carne nacional.

O que será seguro é que a quantidade de carne fresca a entrar no mercado europeu continuará a ser elevada, isto porque os matadouros e os industriais europeus, com a incerteza que gera a possibilidade de que a Peste Africana se alastre para outros países, não querem stockar carne com receio de que haja algum fecho de fronteiras que impeça a exportação e que leve a descidas fortes do preço da carne e andam a vendê-la à custa de não subirem o seu preço.

Por outro lado, sem que haja stockagem de carne haverá espaço nas câmaras frigoríficas para congelar este produto, caso se conjuguem todo os factores para isso no futuro (aumento do consumo natalício ou aumento da exportação para a China), o que dá algum desafogo aos produtores já que este aumento da procura de carne refrigerada e/ou congelada “obriga” a manter elevados os abates de porcos.

Ainda voltando à questão sanitária da Peste Suína Africana, parece que o problema está estancado na Bélgica (será que só parece ou será que está mesmo estancado?), mas na China vão aparecendo cada vez mais focos. Não que a quantidade de animais afectada (e abatida sanitariamente) seja muito elevada face ao efectivo total chinês, mas o que é verdade é que os focos vão aparecendo em mais Províncias. Nesta última quinzena apareceram focos na maior Província produtora de suínos e que tem mais de 60 milhões de cabeças e também apareceu 1 javali positivo (estima-se que haja 30 milhões destes animais na China), que é um problema muito maior. Teremos que aguardar para ver que implicações poderão ter estes acontecimentos na evolução da Peste naquele país e que implicações isto terá no comércio mundial de carne de porco.

Há grande expectativa por parte dos exportadores europeus, a que se junta agora Portugal (foram aprovados 3 matadouros nacionais donde de poderão exportar produtos para a China) de que possa haver aumento das exportações de carne de porco (e não apenas miudezas e vísceras, que são os produtos mais procurados pelos importadores chineses) caso se agrave o problema da Peste Africana no Extremo Oriente.

Na Europa, o mercado também se estabilizou, quase não tendo havido variações nas cotações dos principais mercados europeus, com excepção da Dinamarca.

Em Espanha, a cotação desceu 0,003€/kg PV (-0,004€/kg carcaça) fixando-se a cotação em 1,038€/kg (1,384€/kg carcaça). Os pesos têm vindo a subir com algum significado e o mercado espanhol está na expectativa para ver que influência terá o feriado de 6 de Dezembro no desenrolar de todo o mercado e no aumento do peso dos porcos. Mesmo assim, os pesos estão 750g abaixo dos pesos de ano passado. A cotação espanhola desceu até se situar ao nível dos mercados mais importantes para o País vizinho (Alemanha e França) e agora não sobe porque a oferta de porcos pesados pressiona o matadouro a comprá-los e, com mais oferta, este não aceita subidas na cotação (têm-se batido recordes de abates em Espanha todas as semanas nestes últimos 3 meses).

Na Alemanha, a cotação manteve-se em 1,36€/kg carcaça. Na Alemanha, com uma oferta de porcos é mais limitada que em Espanha, poderia ter havido uma subida da cotação. Contudo, um aumento sazonal da oferta conjugado com um aumento do peso dos porcos e a oferta de porcos belgas mais baratos não permitiu essa subida. O peso encontra-se nos 96,9Kg.

A Holanda manteve a sua cotação em 1,35€/kg carcaça. A oferta é elevada e os matadouros estão a trabalhar no máximo da sua capacidade. Isto significa que o preço dos porcos consegue manter-se com bastante dificuldade. Por outro lado, a carne vende-se bem e sem grandes problemas (grande paradoxo!).

A Bélgica manteve a sua cotação em 0,86€/kg PV. Apesar da cotação ser baixa, o mercado da carne flui bem, os preços são estáveis no mercado da carne e o escoamento dos porcos faz-se com facilidade, principalmente para os matadouros alemães.

Na Dinamarca a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,14€/kg carcaça. Os dinamarqueses referem que o mercado está em “ponto morto” à espera do aumento dos consumos natalícios, mas ainda assim houve condições para uma ligeira subida da cotação dos porcos.

Em França a cotação subiu 0,001€ nesta quinzena para se situar em 1,171/kg carcaça. Os pesos subiram 140g para os 95,74Kg e estão 150g abaixo do peso da mesma semana de 2017. Há suficiente oferta de porcos para abate e há que esperar para se saber que influência terá, no mercado do porco, os bloqueios de estradas dos últimos dias, devido à contestação pela subida do preço dos combustíveis. Terão ficado animais por carregar nas explorações que, seguramente, implicarão aumento do peso de abate.

Estamos a entrar no mês de Dezembro que, tradicionalmente, é um mês de grande consumo de carne de porco. Aguardemos para ver se, este esperado aumento de consumo da carne, se confirma e que influência poderá trazer à cotação dos porcos em Portugal e na Europa.

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