16 de Outubro de 2020
Na primeira quinzena de Outubro as cotações mantiveram-se em praticamente toda a Europa, apesar dos contínuos problemas relacionados com o aparecimento de casos positivos de Covid-19 em matadouros e salas de desmancha, principalmente na Alemanha, que se juntam aos problemas da existência de Peste Suína Africana (PSA) naquele país.
Por falar em PSA, voltaram a aparecer focos na China, o que já não ocorria desde Julho passado, e também a apareceram focos na Coreia do Sul. Portanto, na Ásia continuam (e continuarão, na minha opinião), a aparecer focos de Peste, o que é uma boa notícia para a fileira do porco da U.E.
Em Portugal a cotação da Bolsa do Porco manteve-se intacta na primeira quinzena de Outubro e esperemos que, pelo menos, assim continue. O mercado interno está com alguma dificuldade na venda de carne fresca, mas continuam a sair porcos para serem abatidos em matadouros espanhóis e continua a sair carne para os mercados asiáticos, principalmente para a China.
Para além de Portugal, e com a excepção da Alemanha cuja proibição do envio de carne para a China continua em vigor, os restantes países da U.E. estão a enviar enormes quantidades de carne de porco para aquele país, com grande destaque para a Espanha e a Dinamarca que estão a substituir o espaço deixado pelos alemães.
A Alemanha, que tem sido o maior produtor de porcos a nível europeu e cuja produção tem vindo a diminuir nos últimos 3 anos, prepara-se para deixar o seu trono à Espanha que se irá converter no maior produtor de porcos da U.E., até porque com as restrições da Peste e as dificuldades de abate por problemas de Covid nos matadouros, os suinicultores individuais estão com enormes dificuldades em abater os seus porcos.
Porque aparecem trabalhadores positivos à Covid-19, alguns matadouros e salas de desmancha estão fechados ou com reduções na laboração e isso afecta os volumes de abate. Os matadouros limitam-se a abater os porcos que estão sob contrato e, por isso, há indicação de que não há grande subida dos pesos de abate. Contudo, os suinicultores individuais têm porcos com médias de peso superiores a 100kg de carcaça. Problemático, sem dúvida!
Na Alemanha já se pede para que os matadouros trabalhem aos Sábados, tal como já acontece na Dinamarca e na Holanda, que foi a solução que estes países encontraram para reduzir a acumulação de porcos, ou então que se façam horas extraordinárias.
Apesar destas dificuldades ao nível dos abates, seria de esperar uma descida nas cotações dos porcos, mas como há menos capacidade de desmancha, aparece menos carne no mercado havendo até falta de algumas peças em particular o que implica que não haja descida dos preços da carne. Inclusive, no mercado alemão diz-se que não vale a pena baixar o preço da carne porque não é por baixar o preço que se vai vender mais.
Se bem que esta seja a postura das empresas de carne alemãs no mercado interno germânico, o mesmo não de pode dizer da sua postura noutros países da U.E. Aí, as “sobras” de carne do mercado alemão são vendidas a baixo preço o que irá acabar por condicionar os preços de venda da carne de porco nesses países e, por consequência, em toda a U.E.
Outro dado importante no mercado do porco a nível europeu é a questão dos leitões de engorda. A Holanda, sem colocação para esses leitões na Alemanha, anda a oferecê-los a preços muito baixos noutros países, como é o caso da Espanha. A tentação de comprar leitões baratos é grande, e isso impele os produtores a vender mais rapidamente os seus porcos para abates de forma a terem lugares vazios de engorda para poderem meter estes leitões baratos.
Mesmo com o aumento da oferta de porcos para abate por parte dos produtores em Espanha, os matadouros têm tanta necessidade de os abater como os produtores de os venderem e, este putativo desequilíbrio, não tem influenciado negativamente a cotação dos porcos.
Em Espanha a cotação manteve-se nesta primeira quinzena de Outubro em 1,296€/kg PV (1,728€/kg carcaça). Apesar de ter havido uma subida de quase 750g no peso dos porcos, pela primeira vez desde o início do ano, o peso médio é inferior ao do ano passado na mesma altura.
Na Alemanha a cotação também se manteve nesta quinzena em 1,27€/kg carcaça. Os pesos subiram 400g nesta quinzena para os 98kg.
Na Holanda a cotação também se manteve em 1,34€/kg carcaça. Há porcos a sobrar, se bem que as sobras não são tão acentuadas como na Alemanha ou na Bélgica e conseguem-se gerir.
Na Bélgica a cotação desceu 0,02€/kg PV para os 0,85€/kg PV principalmente em função da enorme dificuldade em escoar porcos para serem abatidos na Alemanha.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,38€/kg carcaça. O mercado da carne está fluido devido ao aumento das exportações para os países asiáticos, com destaque para a China.
Em França, a cotação desceu 0,016€/kg carcaça fixando-se em 1,363€/kg carcaça. Os pesos mantiveram-se nos 94,8kg (peso 400 gramas abaixo do peso da mesma semana de 2019). O mercado francês encontra-se equilibrado apesar de haver algumas diferenças entre regiões.