31 de Julho de 2019
Na segunda quinzena de Julho houve um comportamento díspar entre os mercados no Norte e do Sul da Europa. Enquanto no Norte da Europa houve uma descida acentuada das cotações, liderada pela Alemanha. No Sul houve manutenção das cotações em todos os países, incluindo Portugal.
Tal como referi no meu anterior comentário, a Alemanha viu-se impedida de enviar carne de porco para as Filipinas devido à detecção de um lote de carne polaca enviada por uma empresa alemã. As Filipinas não querem carne de porco com origem na Polónia devido à Peste Suína Africana e, determinaram a proibição de compras à Alemanha.
Ora, os alemães têm que escoar a carne que têm em excesso e, se não a vendem às Filipinas, terão que a vender a algum outro país. E para que mercado se viraram? Para o chinês. Todavia, para aumentar o volume de vendas no mercado chinês a Alemanha teve de baixar o preço para se tornar mais competitiva e foi isso que aconteceu. Baixaram a cotação dos porcos e acabaram por arrastar todos os mercados do Norte da Europa (Dinamarca, Holanda e Bélgica).
Um dado a ter em consideração, no que se refere ao crescimento mais lento dos porcos, são as elevadas temperaturas no centro e norte da Europa e também em Espanha. O calor tomou conta das explorações e as altas temperaturas mantêm-se de dia e de noite. Os porcos não comem e não crescem e os pesos descem com algum significado. Para evitar a descida de peso e a consequente perda de rentabilidade dos porcos, os suinicultores europeus tentam reter porcos para que estes não se vendam com pesos baixos, mas por outro lado, os porcos têm que ser enviados para abate porque os lugares de engorda fazem falta para poder meter leitões que estão nas baterias. Nesta tentativa de equilíbrio anda o mercado do porco. Em Portugal, pelo contrário, temos tido um Verão ameno e os crescimentos dos porcos vão em bom ritmo. Em todo o caso, os pesos vão descendo alguma coisa, mas não tanto como nalguns outros países da Europa.
Apesar de haver descidas de peso e menos oferta de porcos as cotações não sobem. Pelo contrário, até desceram. Mas o grande problema está na valorização da carne que não se consegue fazer e os matadouros, ao não conseguirem aumentar o preço da carne, não conseguem aceitar subidas de cotação dos porcos.
E é na valorização da carne e na competitividade do seu preço para a China que reside o problema. Neste momento, as vendas para a China estão a níveis relativamente baixos, mas sabe-se (pelo menos todas as indicações vão nesse sentido), que os stocks chineses de carne deverão ter de ser repostos a partir de Outubro. Assim, as compras de carne por parte dos chineses, a serem feitas na Europa, têm que acontecer na segunda metade de Agosto, visto que a viagem de barco para a China demora quase 2 meses e o mercado europeu está expectante para poder aproveitar esta possível “onda de compras” por parte da China.
No que diz respeito às cotações, e como referi acima, em Portugal a cotação manteve-se na Bolsa do Porco do Montijo e os pesos estão estáveis no nosso país.
Em Espanha a cotação também se manteve nesta quinzena, em 1,456€/kg (1,941€/kg carcaça). Os pesos voltaram a baixar 650g em carcaça e estão apenas 250g acima do peso do ano passado.
Na Alemanha, a cotação desceu 0,09€/kg carcaça passando para 1,74€/kg carcaça. Os pesos baixaram 100g para 95,8kg. A oferta de porcos é baixa mas é superior às necessidades dos matadouros e daí a descida que surge também em função da proibição filipina de compra de carne na Alemanha. Prevê-se, devido ao calor, que a oferta de porcos venha a ser inferior e que a procura dos matadouros comece a aumentar pouco a pouco com a entrada em Agosto. O comércio da carne está difícil, quer no mercado interno devido à saída de bastante gente da Alemanha para gozar férias, quer na exportação pelo motivos que vimos.
Na Holanda a cotação baixou 0,08€/kg carcaça passando para 1,78€/kg carcaça. A descida da cotação irá tornar a carne holandesa mais competitiva no mercado internacional, podendo vir a permitir subidas nas cotações brevemente.
Na Bélgica a cotação desceu 0,02€/kg PV para 1,18€/kg PV.
A Dinamarca também baixou a sua cotação, no caso foram 0,08€/kg carcaça passando a cotação para 1,50€/kg. Os dinamarqueses referem que não há novos impulsos no mercado europeu da carne, bem pelo contrário. Nas vendas de carne para Países Terceiros, o Japão mantém os fluxos constantes enquanto as vendas para a China travaram. Terá que se esperar pelas próximas semanas para ver qual o sentido do mercado.
Em França a cotação subiu 0,042€/kg carcaça ficando em 1,575/kg carcaça. Os pesos voltaram a descer com significado mais 930g para os 93,37 e estão apenas 300g acima do peso da mesma semana de 2018.
Vamos entrar no mês de Agosto que em Portugal é um mês com grande afluxo de turistas e com a chegada de grande número de emigrantes. Cremos que, como é usual, o consumo de carne de porco possa aumentar e que este factor seja positivo para o mercado nacional. Em todo o caso, se se confirmarem as expectativas positivas para o mercado do porco europeu, estas irão repercutir-se no mercado nacional.