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Métodos de detecção de leitões PRRSv negativos em explorações positivas

A combinação de amostras de leitões ao parto (vivos ou nascidos mortos) e ao desmame é precisa e segura para ter uma decisão que será crucial em qualquer plano de erradicação.

9 Novembro 2015
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Artigo

Evaluation of a stillborn (pre-colostral) piglet sampling and testing procedure for possible inclusion with a conventional soon-to-wean piglet monitoring procedure to measure time-to-virus-negative-piglets interval in PRRSv positive sow herds. B Carmichael, D Polson, M Torremorell, and Holtkamp. American Association Of Swine Veterinarians, 2009

 

Resumo do artigo

O que se estuda?

É importante determinar o momento no qual uma exploração positiva a PRRSv começa a produzir, de um modo consistente, grupos inteiros de leitões desmamados negativos a PRRSv. Em primeiro lugar, os leitões negativos poderão começar a misturar-se com otras origens ou grupos de leitões negativos. Em segundo lugar, a presença de leitões negativos indicará qual é o momento adequado para reabrir uma exploração que se tenha mantido fechada.

Os objectivos deste projecto foram a avaliação de um protocolo de monotorização para melhorar a sensibilidade da detecção do PRRSv ao nível da exploração e a obtenção de mais informação para a tomada de decisões. Um enfoque subpopulacional duplo pode ampliar o espectro de animais rastreados quando se está a determinar o momento em que se começam a produzir leitões negativos numa exploração positiva; também poderá ajudar a tomar melhores decisões nas explorações de reprodução positivas.

 

Como se estuda?

Em Abril de 2008, iniciou-se um programa de eliminação do PRRSV em duas explorações de porcas, da mesma empresa, recém infectadas que não tinham tido contacto prévio com o vírus. Monitorizaram-se duas subpopulações: 1) leitões nascidos mortos, que representam um período de circulação viral potencial no último terço de gestação e 2) leitões precisamente antes do desmame, que representam um período de circulação viral potencial desde o final da gestação até ao desmame.

Monitorização da subpopulação 1: todos os meses recolhiam-se amostras de 10 nascidos mortos de cada exploração (zaragatoas axilares e sangue): eram enviadas para o laboratório para pesquisar PRRSv mediante ELISA e PCR.

Amostras aceitáveis = cordão umbilical húmido + pulmões não inchados ou parcialmente inchados + sem leite no estômago.

Monitorização da subpopulação 2: todos os meses recolhiam-se, de cada exploração, 60 amostras de sangue de leitões antes do desmame, que eram enviadas para pesquisa de PRRSv mediante PCR.

 

Quais os resultados?

As amostras de nascidos mortos foram recolhidas aos 123, 162 e 201 dias após a identificação inicial da exploração como positiva. Os resultados positivos foram detectados em porcas mediante PCR e ELISA. As recolhas de amostras de nascidos mortos correspondem aos dias 118, 157 e 196 após a primeira vacinação de todo o efectivo da exploração.

Detectou-se virémia de PRRSv em leitões nascidos mortos infectados in-utero em 6 das 40 (15%) amostras de soro. Detectou-se RNA viral de PRRSv em 6 das 40 (15%) zaragatoas cutâneas.

Os fetos nascidos mortos que eram PCR-posi­tivos no soro e/ou pele não apresentaram evidências de sero-conversão que fossem detectáveis mediante ELISA.

Os resultados das análises de soro e pele mediante ELISA foram 0% (0/40) positivos e não se detectaram diferenças na relação amostra - positivo (S/P) entre leitões PCR positivos e PCR negativos.

 

Que conclusões se extraem deste trabalho?

É interessante que as zaragatoas recolhidas da superfície cutânea da axila dos leitões nascidos mortos fossem PCR-positivos. O PRRSv procede, provavelmente, dp líquido amniótico e não da cela de parto já que as explorações funcionam no sistema tudo dentro-tudo fora, lavam-se a fundo com água quente, são desinfectadas com um produto virocida contra o PRRSv e são secas com um agente secante comercial.

A amostra/análise dos leitões nascidos mortos (não encolostrados) pode ser uma ferramenta complementar para a PCR dos leitões que estão quase a ser desmamados pois dá uma grande confiança na detecção de evidências de circulação de PRRSv na reprodução.

Tendo em conta que a detecção de leitões negativos no final da lactação significa um atraso de quase uma lactação relativamente à mesma informação obtida a partir dos leitões nascidos mortos (não encolostrados), poderá descrever-se um protocolo de interpretação de resultados e execução de acções combinando a monitorização de leitões nascidos mortos (não encolostrados) com a de leitões a poto de serem desmamados.

 

Enric MarcoA visão a partir do campo por Enric Marco

A estratégia-chave para se chegar a produzir leitões negativos ao PRRS é a suspensão da entrada de porcas de reposição ou o fecho da exploração à entrada de animais externos, à parte de deixar de usar doses de sémen de varrascos positivos. Estas medidas são as que permitirão que o vírus deixe de circular entre os reprodutores. Saber quando se começam a produzir leitões negativos é a chave para continuar com as medidas que nos levem à eliminação do vírus. Nos casos em que a explotação tenha as baterias na mesma localização que os reprodutores, o momento em que se comece a produzir leitões negativos será o sinal para iniciar o esvaziamento das baterias pois permitirá que, após ficarem vazias, os leitões que fiquem na exploração se mantenham negativos (naturalmente considerando que não há engordas na exploração). Ao mesmo tempo que também será o sinal que nos permitirá tomar a decisão de reabrir a exploração à chegada de porcas de reposição que sejam negativas sem risco de que estas se tornem positivas.

A metodologia mais usada habitualmente era a recolha de sangue dos leitões ao desmame. O temor de depender apenas deste tipo de amostra é que se nos escape a presença de vírus quando a sua presença é muito baixa. A combinação das amostras de leitões ao desmame e leitões ao parto, seja de nascidos mortos como refere o artigo, seja de leitões vivos, traz precisão e segurança para a tomada de decisão que será crucial em qualquer plano de erradicação. A novidade da recolha de amostras de sangue ou pele (axila) de nascidos mortos dá novos recursos aos técnicos para poderem obter sempre a amostragem necessária. Contudo, não sustitui a amostra ao desmame pois, como se comenta no artigo, pode haver animais que nasçam negativos ao parto mas que se contaminem na maternidade. Falta dizer que quando se realizam este tipo de controlos não é suficiente ter uma única serologia negativa, será necessário dispor de várias réplicas para ter a segurança de que o vírus deixou de circular na exploração.

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