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Milho, revoluções e subidas de preço

Pensámos que o lógico seria assistir a uma descida de preços do trigo e da cevada para as novas colheitas e uma estabilização do milho.

Na parte de trás do meu prédio há uma Praça com 6 árvores. Isto não tem nada de extraordinário, excepto o nome da Praça, que se chama “Praça da Dúvda”. Não sei se será porque a vejo todos os dia ou pelo mercado em que trabalhamos mas as dúvidas acompanham-me sempre. Não divaguemos mais e centremo-nos no mercado.

Cereais

Depois de umas semanas tranquilas, segundo alguns até foram sonolentas, o mercado já encontrou motivos para se mover (lamentavelmente parece que apenas vimos justificações altistas). O primeiro motivo foram os enfrentamentos na Ucrânia entre os partidários do Governo (pró-russos) e os partidários pró-europeus. O País está num momento de agitação que dificulta enormemente a previsão a curto prazo. A resposta dos agricultores e dos operadores, como não podia deixar de ser, foi a de reter mercadoria com o que a oferta se viu reduzida. Isto é importante sobretudo para o milho já que a Ucrânia é o nosso grande fornecedor desta matéria desde há muitos anos. A situação propiciou que, aproveitando os preços competitivos do milho nos Estados Unidos, alguns importadores se tenham virado para realizar ali as suas compras (que foram repetidamente publicitadas pelos sistemas de alarme dos EUA). Creio que esta nova origem do milho beneficia o comprador, dada a qualidade do milho norte-americano, sempre e quando não haja problemas com as variedades que se importam.

Em segundo lugar, a enésima crise na Argentina. Desta vez contagiou as divisas dos Países emergentes (México, Brasil e Turquia entre outros). A resposta por parte dos agricultores foi a mesma: retenção de matéria-prima e subida de preços nas divisas locais.

Em resumo…nestes dias vimos uma subida de preços mas nem exagerada nem em todos os produtos, por exemplo é certo que o milho subiu cerca de 10 €/Tm mas também é certo que esteve a preços muito competitivos durante muito tempo quando comparado com os outros cereais. O milho, além do mais, dificilmente poderia ter descido mais já que estávamos cada vez mais próximos do preço de garantia comunitário. Em definitivo, o que dificilmente pode baixar é fácil que tenda a subir.

O trigo de importação por estes dias cedeu um pouco, ainda que continue sem ser competitivo relativamente ao trigo nacional e/ou francês que está cotado em 210-213 €/Tm dependendo dos destinos.

Por sua vez, a cevada , anda à vontade. Continua no limbo dos justos com preços de cerca de 180 €/Tm, com uma procura limitada e uma oferta que até à semana passada se mantinha estável ainda que dê a sensação que nos últimos dias comecem a surgir mais vendedores.

Proteína

Centremo-nos agora na soja que continua o seu caminho e está cerca dos 455 €/Tm. No mês passado puderam-se fechar negócios para o mês de Fevereiro por volta dos 425 €/Tm. O mercado procura qualquer desculpa para voltar a subir e poder chegar de novo aos 450 €/Tm.

Podemos acrescentar também a colza. Como se a situação da proteína não fosse suficientemente complicada, o incêndio de uma das fábricas mais importantes do Mar Negro fez subir a colza 30 €/Tm (quase nada…) e não parece que tenha perspectivas de melhorar muito a situação. A única alegria no mercado da proteína foi-nos dada pela farinha de girassol que, devido à abundante oferta nos portos como Tarragona, chegou a cotar-se a 213 €/Tm.

Previsões

Agora tentemos ver o que se passará. Aqui é quando começam as dúvidas, mas tentemos pensar com lógica para ver se as coisas não se estragam mais do que já estão (alguns analistas insinuam que países como a Argentina ou a Ucrânia poderiam suspender pagamentos) e tendo em conta que a sementeira está a ir bem, não apenas em Espanha como em toda a Europa e atrevo-me mesmo a dizer que em todo o Hemisfério Norte, o lógico seria assistir a uma descida do preço do trigo e da cevada para as novas colheitas, o milho, pelo contrário, creio que tenderá a estabilizar-se nestes níveis. Um par de apontamentos: quanto ao trigo da nova campanha operou a níveis de 197-199 €/Tm no porto; no que diz respeito à cevada, ouviu-se falar em cotações de cerca de 180-185 €/Tm dependendo das zonas. Em ambos casos foram operações pontuais.

4 de Fevereiro de 2014

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